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MUSICA
Uma piscina em forma de lua, novo disco do Radiohead
Mariano Mancuso
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Desaparecimento, notícias e surpresas

O novo material saiu à luz em meio a incertezas e surpresas. Mal começaram os rumores há dois anos (desmentidos rapidamente pela banda), e logo após alguns anúncios oficiais de Jonny Greenwood nas redes, a ansiedade crescia e só antecipavam alguns detalhes. Em várias entrevistas, Jonny admitiu que estavam buscando novas formas de trabalho, com novas tecnologias e instrumentos antigos, algo que caracterizava o quinteto na hora de encarar novos projetos sonoros.

No dia 1º de Maio, alguns dias antes do lançamento, desapareceram completamente todas as informações, imagens e vídeos da banda nas redes sociais, com 1,6 milhões de seguidores no Twitter e outros 11,8 milhões no Facebook. A página oficial e o canal do Youtube em branco, literalmente com um fundo branco, vazios de toda informação de anos de atividade. Isso gerou rapidamente todo tipo de hipótese nas redes, jornais e portais do mundo, e não era mais que outra de suas originais maneiras de promover o que estava por vir. Brincaram com o desespero de muitos fãs exaltados, para então colocar uma animação do primeiro vídeo no Instagram, onde adiantavam o corte inaugural do disco. Assim acalmaram as águas da polêmica com a novidade: um disco novo de estúdio.

Depois que puderam difundir seu novo trabalho por todos os cantos, às poucas horas reapareceram nas redes sociais com seu novo single “Burn the Witch”, e também o primeiro videoclipe publicado pelo canal oficial no Youtube.

5 anos depois, 11 músicas, 4 inéditas

Desde King of Limbs (2011), após 5 anos, lançam um novo material de estúdio captando toda a atenção sobre a faz da terra. Por enquanto, o álbum só está em formato digital e é possível escutar e baixar na página oficial da banda.

Com apenas 4 músicas inéditas, sendo duas delas já adiantadas por Thom York na conferência da mudança climática em Paris, The Numbers e o acústico Desert Island Disk, o restante são músicas que já vinham tocando, inclusive desde 1995, como a romântica True Love Waits que esperou décadas para ser imortalizada em estúdio.

A inovação não veio tanto pelo lado das músicas do disco, já que 7 delas já haviam sido apresentadas ao vivo, como Ful Stop e Identikit, que já haviam sido tocadas na turnê do disco anterior. Estas músicas são parte de um material que vinham trabalhando nos último anos, mas que não tinha adquirido forma definitiva até então. O letargo nos tempos de estúdio não só é produto da paciência e das características enigmáticas da banda, neste caso se devem a que Thom Yorke, Phil Selway e Jnny Greenwood encararam novos projetos pessoais, como por exemplo o fantástico projeto conceitual de Thom e Nigel Godrich: Atoms for Peace, para o qual convocaram o baixista Flea do Red Hot Chili Peppers e a Joey Waronker, que foi baterista de Beck por muitos anos e inclusive colaborou com The Smashing Pumpkins, REM entre outros.

Em “A Moon Shaped Pool” temos sem dúvida o trabalho com mais arranjos orquestrais da história da banda e mesmo assim se soa como um autêntico Radiohead. As composições mantêm o universo rítmico característico do quinteto. As guitarras acústicas passam à frente as vezes, os dissonantes pianos de Thom são a base da orquestra que acompanha com violinos afiados e intensos violoncelos que geram uma atmosfera “cinematográfica” única, um clima musical intenso e emotivo: a consequência de três décadas de seu amadurecimento sonoro.

Mas uma vez Thom, Jonny, Ed, Colin e Phil rompem estruturas. Há que se remarcar que a originalidade do Radiohead em pensar o lançamento de seus novos trabalhos desta vez superou seus próprios limites... A banda que revolucionou o rock alternativo mundial em 1997 com “Ok Computer”, fusionando uma densa combinação de tempos e efeitos que lhe deram um estilo particular, mantem até hoje intacto o espirito do experimental, reinventando-se a cada novo trabalho. Este último se destaca por uma refinada seleção de coros e arranjos de orquestra nas músicas antigas.

Burn the Witch

Burn the Witch, uma excelente animação em stop motion dirigida por Chris Hopewell e inspirada no filme de 1973, uma história de horror de culto “The Wicker Man” de Robin Hardy. Também, segundo transcendeu em alguns meios de comunicação britânicos, a animação não seria um inocente retrato dos costumes medievais em algum povoado perdido, ou uma transgressão estética para embelecer a letra, senão que o vídeo mantem semelhança e resgata os desenhos infantis britânicos da década de 60, conhecidos como a Trilogia de Trumptonshire, criadas por Gordon Murray. Estes desenhos transmitiam em sua essência a vida de um povoado agradável, ideal, “um mundo feliz”... em alusão a Inglaterra do pós-guerra. Por outro lado, de maneira mais implícita mostravam os valores familiares tão bem defendidos pela direita desta época. Em uma síntese conceitual, o vídeo joga com estes elementos apontando os canhões aos líderes do Reino Unido e a uma Europa em crise, a uma França anti-imigrantes e ao ressurgir da direita na atualidade e referenciados nos valores fascistas mais reacionários, que inclusive nos Estados Unidos, tranquilamente são encarnados em Donald Trump, a quem se reserva um papel protagonista nesta colagem conceitual al melhor estilo crítico do Radiohead.

Daydreaming

Uma obra profunda e a maior música do disco. É uma ode aos sonhadores na busca de momentos de felicidade no cinza do cotidiano. Um dos temas mais elaborados, pela construção do clima, algo mais sinfônico para o Radiohead, com efeitos de reverb, um piano bem posicionado e intensas cordas de uma orquestra de violinos e violoncelos que dão um ar de suspense incrível.

O que está por vir

Em março deste ano o Radiohead anunciou sua turnê mundial, de maio a outubro, na Europa, Estados Unidos, Japão e finalizará no México. Ainda não se sabe se virão ao sul do continente. Há mais desejo que probabilidade de que confirmem alguma data por estas terras.

Em junho sairá o CD e Vinil e em setembro sairia uma edição especial com duas músicas novas.

Tradução: Cristina Tristan

 
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