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O QUÊ FAZER?
Se CUT, CTB e UNE romperem imobilismo ainda há tempo para lutar contra o golpe
Leandro Lanfredi
Rio de Janeiro | @leandrolanfrdi

O golpe está prestes a se consumar. Em poucas horas entrará em votação na comissão especial do Senado o impeachment. Deve ser aprovado com ampla margem. Depois disso está prevista sua votação no plenário do Senado no dia 11. Também é previsto que seja aprovado aí. Daí Dilma estará afastada por até 180 dias até seu julgamento definitivo, e Temer terá todo sinal verde para sua agenda de ataques, exaltada e cobrada por todos grandes jornais, para atacar mais que Dilma fazia e tomar os rumos do argentino Macri e fazer isto mais rápida e contundentemente.

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Em poucas horas a comissão especial do Senado deve dar mais um passo para consumar o golpe.

O PSDB está aderindo de malas e bagagens ao governo golpista de Temer, para isto exige que o programa neoliberal “Ponte para o Futuro” fique ainda mais digno de um FMI dos anos 90 ou das exigências de Merkel à Grécia.

A bancada do boi se reúne frequentemente com o golpista Temer e lhe exige medidas, o mesmo faz a FIESP, a Força Sindical, a bancada das igrejas. Os vencedores exigem seu butim. Ele é feito de ministério, cargos mas também de uma agenda. Retroceder ainda mais em direitos democráticos elementares como dos povos indígenas terem direito à demarcação de terras e de retirar toda possibilidade de aborto legal mesmo em caso anencefalia ou risco à vida da mulher, atacar as aposentadorias elevando a idade média que uma mulher pode se aposentar em 12 anos e dos homens em aproximadamente 10 anos, tornando obrigatória uma idade mínima de 65 anos. Privatizações a torto e direito, algo para deixar FHC em êxtase.

Enquanto isso o Supremo, o Ministério Público e Lava Jato parecem embarcar em uma operação “limpa o golpe à jato”, abrindo inquéritos contra Aécio, mais alguns contra Cunha, e também contra Renan e o braço direito de Temer, Jucá. Para atender as críticas do imperialismo e a clara percepção popular de parcialidade da operação, no seu finalzinho buscam mostrar imparcialidade e tornar o golpe mais aceitável, enquanto o Judiciário fortalece seu papel bonapartista de árbitro da situação nacional, rasgando a própria Constituição a bel prazer. Não está claro quanto estas novas medidas se voltarão a uma possível “Lava Jato até o final” que ataque a mais partidos do regime, ou se na verdade servirá para executar o que o Estado de São Paulo exigiu no dia 18/04, prender Lula e terminar de consumar a arriscada operação “acabar com o PT”. Ou entre o cenário “ataca tudo” e o cenário “só o PT”, há também mudar nada do atual e seguir somente na teatralidade e diversionismo de sempre. O diversionismo de hoje serve para dar uma cara de isento ao golpe e parte de sua artilharia: a Lava Jato, Janot e STF, para aplauso de sua infantaria de classe média acomodada da Avenida Paulista.

O sequestro do voto de milhões de eleitores para coloca-los em mãos de reacionários como Bolsonaro, Cunha e seus convivas está prestes a se confirmar.

A classe trabalhadora e a juventude não está automaticamente derrotada porque as figuras conciliadoras com os Maluf, Collor e Kátia Abreu a quem confiou por muitos anos estão derrotadas moralmente, divididos entre declarar “lutar até o final” como fez Dilma ontem e ninguém ver uma real construção da mitológica greve geral, defender eleições antecipadas como querem senadores petistas ou a mais nova especulação palaciana, propor um “plebiscito revogatório” como defende a CTB e segundo o jornal valor também Dilma Roussef. Um debate interno sobre qual o melhor discurso e tática de aceitação do golpe e não de opor resistência ao mesmo enquanto este não se consolida.

De difícil aprovação no Senado, e sobretudo na Câmara, as propostas de “eleições antecipadas” ou de plebiscito revogatório sequer contam com o apoio da CUT, que vociferou na figura de seu presidente Vagner Freitas que se trataria “de idéia alucinada que vai regulamentar o golpe (...) e não terá o apoio da militância” (Valor 3/05). Se tanta resistência ao golpe se visse em construção do dia 10, dia de “greve geral” estaríamos melhor localizados, para enfrentar o golpe ou mesmo não sendo vitoriosos nisso para impor uma demonstração de forças que colocasse freios aos ataques que os golpistas Temer, Fiesp e do PSDB querem descarregar sobre a classe trabalhadora.

Visitando os sites das principais entidades da Frente Brasil Popular nota-se como, apesar dos discursos, estão também aderindo a aceitação do golpe. No site da CUT a construção da greve geral consta como terceira hierarquia da capa. No principal sindicato da entidade, de onde Lula é originário, os metalúrgicos do ABC não se encontra sequer menção, mesmo que jornalística, ao tema. Na confederação dos bancários da mesma central, consta em hierarquia secundária uma nota jornalística. Excetua-se a federação dos petroleiros que dá destaque a preparação da “greve geral”. No site da CTB a hierarquia também é secundária. No site do MST ou dos mais críticos membros da Frente Brasil Popular, o MTST líder da Frente Povo sem Medo, não se encontra menção ao dia de luta. No site da UNE também não se encontra menção destacada à data.

O silêncio da internet é mais ensurdecedor nos locais de trabalho e estudo. Não fosse a intervenção de Danilo Magrão, do Professores pela Base e dirigente do MRT em Campinas, a assembleia da maior categoria da CUT, os professores de São Paulo não teriam votado sequer uma paralisação e assembleia dia 10 de maio, dia da greve geral. Não descartamos alguma aparência de "giro tardio". Mas como tudo indica, trata-se de "organizar perfeitamente" um dia alegórico, sem adesão das bases operárias, sem preparação consciente nas assembleias das categorias, ou seja, uma jornada de "resistência" burocrática que não incomode a direita golpista e não paralise os principais centros da economia. Pouco construído nas bases para ser uma efetiva demonstração de forças contra o golpe, os planos dos golpistas e os ataques promovidos por governos golpistas ou não (como do PCdoB em Contagem).

A juventude mostra um frescor de disposição de luta, seguem as dezenas de ocupações de escola cariocas, renova-se as ocupações de escola em SP, vota-se greves e paralisações em universidades em diversos estados, em muitas delas com as consignas defendidas pela juventude Faísca “contra o golpe e os ajustes de todos os governos” ou “contra o golpe e os ajustes do PT”.

Apostamos nesta disposição de luta da juventude para entusiasmar a classe trabalhadora a superar os limites que a CUT e CTB colocam a sua atuação. Lutar contra um golpe, seja ele com os tanques ou com as togas e votos parlamentares, é um princípio. Nos próximos dias joga-se o destino desta empreitada para impor um novo governo mais ajustador que o de Dilma mas também mais que isto, com que correlação de forças a classe trabalhadora e a juventude se preparam para um cenário de ataques mais duros. Se o golpe se consolida no Brasil, a direita latinoamericana com Macri na Argentina, Leopoldo López na Venezuela, e suas vertentes nos outros países da região se sentirão encorajados a ir por mais e aplicar um duro ajuste sobre os trabalhadores. O PT abriu o caminho ao fortalecimento dessa direita, que terá consequências em toda a América Latina, ao assimilar seus métodos corruptos, atacar os trabalhadores e impedir sua organização e resistência. Nos opomos a este avanço reacionário da direita, sem deixar de enfrentar contundentemente os ataques do governo do PT.

Por isto mais uma vez o Esquerda Diário insiste na exigência a assembleias reais, planos para uma efetiva paralisação nacional discutida e preparada de norte a sul do país em cada universidade e cada local de trabalho para este 10M. É por isso que vamos batalhar em cada categoria em que estamos. Isto é o mínimo que se pode esperar de quem quer defender “seu” governo e esta democracia da bala e do suborno. Não defendemos nem um nem outro, propomos que uma mobilização independente permita aos trabalhadores e a juventude imporem uma Assembleia Constituinte que dê resposta a todo este regime carcomido por corrupção e que ataca com a pressa Temer-tucana ou a demagogia petista nossos empregos, salários e direitos. Para poder superar o “atual estado de coisas” é preciso antes de mais nada batalhar contra o avanço da direita e seus métodos golpistas, por isso já levamos e seguiremos levando propostas de paralisação e ações em todos locais onde isto for possível realizar. Exijamos juntos assembleias e uma verdadeira paralisação nacional.

 
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