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CINISMO MIDIÁTICO
Sangria operária - resposta ao editorial cínico da Folha
Evandro Nogueira
São José dos Campos
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Recentemente escrevemos aqui criticando como um bando de burocratas sindicais, liderados por Paulinho da Força, foram à residência de Michel Temer fornecer mais um ponto de apoio para o golpe institucional em curso. Qual a surpresa quando, em editorial do dia 28, o jornal Folha de São Paulo critica esses ignóbeis senhores por não terem “uma visão moderna e condizente com a realidade atual”?

Para esse jornal, tal visão deveria se balizar por opiniões como do economista David Beker, publicadas recentemente pelo jornal Valor Econômico, onde o mesmo defende muito mais que uma reforma da previdência, mas a própria penúria aos trabalhadores. Para ele, a medida inicial deveria ser aumentar a idade mínima para aposentadoria, o que se completaria com, “uma reforma que desvinculasse a correção anual do benefício da variação do salário mínimo”, chegando ao ponto do piso da aposentadoria ter correção real de 1% ao ano (!).

Voltando às opiniões da própria Folha, de cara o texto já estabelece uma diferenciação que às vezes parece faltar para setores da própria esquerda, quando reconhece que, julgando pelas propostas dos burocratas sindicais, aplicar o ajuste necessário “não será nada fácil –mesmo para um governo sem ligações estreitas com o setor”.

Além do citado, a operação de sangria operária apresentada tem como eixos mudanças legislativas que também temos denunciado no Esquerda Diário, como a prevalência do negociado sobre o legislado e a ampliação da terceirização. Sobre esse último ponto, aliás, o jornal vai além da questão financeira, ao dizer, “Essa modalidade de contrato já é uma realidade para milhões de trabalhadores, que ficam numa situação de fragilidade, como se fossem cidadãos de segunda classe em relação aos que são protegidos por sindicatos fortes”, criticando com desembaraço a existência de sindicatos fortes.

É verdade que o “maná do imposto sindical”, nas palavras da Folha, é o que leva tipos como Paulinho da Força e outros tantos, incluindo os da CUT, a se encravarem nos sindicatos – diga-se de passagem, em detrimento dos trabalhadores – e se dispor a tudo para não largar o osso. Daí a concordar com o que diz esse editorial seria o mesmo que, por criticarmos irredutivelmente os governos do PT, concordarmos com o impeachment da Dilma.

Na verdade, a proposta de “entendimento nacional” apresentada pela Folha chama cinicamente os burocratas sindicais que já estenderam a mão ao golpe a se mostrarem ainda mais antioperários. O horizonte estratégico apontado pela maneira como defende a terceirização é o desmantelamento das organizações de classe dos trabalhadores. Esse é o “gesso trabalhista” a ser quebrado.

Por isso nós do MRT nos colocamos decididamente contrários ao golpe institucional em curso e chamamos a que a CUT abandone sua postura tosca de combate ao golpe nas palavras e apoio ao governo na prática. Somente uma mobilização real de trabalhadores, com greves e manifestações pode barrar o golpe, para defender os direitos e as organizações dos trabalhadores, para isso convocamos a compor o próximo 1º de maio no Anhangabaú.

 
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