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CORREIOS
Paralisação nacional dos Correios mobiliza vanguarda, mas está aquém de desafios
Natalia Mantovan

O dia 27 foi marcado no calendário de lutas da FENTECT como um dia nacional de paralisação. Um dia para mostrar a empresa e a sociedade que os trabalhadores não vão aceitar de bom grado as ameaças de ficarmos sem salário, o sucateamento do plano de saúde, o fechamento de agências próprias e sua substituição por franquias, entre tantos outros ataques que viemos sofrendo na empresa, sob a justificativa de que nós é que temos que pagar pela crise.

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Com assembleias no dia 26, as seguintes bases aderiram ao movimento: AM, AL, CE, CAS/SP, ES, JFA/MG, MA, MG, MT, PE, PR, RN, SMA/RS, URA/MG, RPO/SP, DF, BA, GO, PA, AC, MS, STS/SP.

Em Campinas, houve adesão em diversas unidades, e os trabalhadores se concentraram na agencia central, onde atendentes colaram cartazes com algumas demandas na parede da agencia. Em seguida, os trabalhadores se somaram aos companheiros de Araras, onde a Unimed está suspensa, e os trabalhadores também se mobilizaram pelo restabelecimento deste direito.

A paralisação foi importante e válida porque serviu para expressar um descontentamento generalizado entre os trabalhadores, e pra deixar claro que nada disso vai passar sem resistência. No entanto, é necessário fazer um balanço.
Situação nacional: é preciso lutar contra o golpe institucional
Na assembleia de Campinas, a maioria das falas, especialmente as da diretoria do SINTECTCAS (Intersindical) e da Conlutas, simplesmente passaram por fora da situação nacional, como se os Correios, e os ataques da empresa, estivessem totalmente descolados da conjuntura.

Estamos em meio a um processo de golpe institucional, onde um setor reacionário que defende torturadores, fins de direitos sociais como saúde e educação, privatização e trabalho precário para que os empresários não tenham que sofrer perdas nos seus lucros, decidiu inventar uma desculpa para derrubar um governo eleito dentro dos marcos da democracia burguesa em que vivemos. Um governo de um partido que traiu os trabalhadores, cedeu cargos e alimentou essa mesma direita religiosamente e controlou durante anos as direções sindicais – como CUT e CTB, as mesmas que também dirigem as federações dos ecetistas , tudo em nome de uma suposta governabilidade. Ou seja, um governo que vinha fazendo tudo que essa mesma direita quis, porém não estavam satisfeitos, queriam mais ajustes, mais cortes de direitos. Esses partidos, que falam em nome de uma suposta luta contra a corrupção são liderados por corruptos como Cunha, criaram um pretexto para o golpe – pedaladas fiscais – que se fosse verdade derrubaria vários governadores. Se eles conseguem, com ajuda do judiciário seletivo, da mídia, e da manipulação da opinião pública, se apoiar na constituição para tirar esse governo – até então seu capacho – porque querem atacar mais, se isso passar, como vão tratar os partidos realmente de esquerda? Os sindicatos combativos? Os trabalhadores que lutam?

Por isso não é sério da parte da FENTECT em primeiro lugar chamar uma luta contra os ataques que já estão em curso dentro da empresa, e que como sabemos, num governo Temer poderiam ser ainda piores, sem mencionar a necessidade de lutar contra esse golpe, não pra defender o PT de seus próprios pecados, mas pelo ataque que representa à classe trabalhadora.

Na assembleia de Campinas, os companheiros do PCO levantaram essa discussão, mas fazendo uma argumentação de que paralisação não é método de luta – somente greve – e separando a necessidade de lutar contra o golpe da necessidade de lutar contra os ataques.

Conforme coloquei nessa mesma assembleia, tendo sido a única fala aplaudida por parte significativa dos trabalhadores, não é possível separar as duas coisas. O impeachment é um golpe e tem que ser combatido com nossos métodos de luta ao mesmo tempo em que lutamos contra qualquer ameaça de retirada de direitos ou qualquer tipo de ataque à classe trabalhadora, de todos os governos. Sendo assim, a paralisação poderia sim, ter sido um primeiro passo.

Mobilização e plano de lutas de verdade

Mas para funcionar, teria que ter sido chamada com antecedência, com materiais de divulgação e informação, e que tratassem também da situação nacional. É preciso promover espaços de discussão, formação e debates. Realizar panfletagens. E utilizar as paralisações para organizar e mobilizar mais.

Mesmo onde a paralisação aconteceu, foi bastante de vanguarda. Mas muitas assembleias estavam tão vazias que sequer aderiram a mobilização. Essa foi a realidade de todos os sindicatos dirigidos pela CSP Conlutas, por exemplo. Isso mostra por um lado, que embora CUT e CTB se coloquem contra o impeachment, não estão dispostos a colocar todas as forças que podem mobilizar pra lutar sequer contra o golpe porque não querem lutar contra os ataques muito menos perder o controle das massas. Já a Conlutas fala em greve geral pelo fora todos, mas não consegue mobilizar a base pra uma assembleia? A Intersindical chamou a assembleia, defendeu a paralisação, mas com o mesmo rotineirismo de sempre, e como já foi dito, sem nenhuma ambição em organizar os debates e ajudar a organizar os trabalhadores enquanto uma força social real que pode fazer diferença na realidade, mas com o sentimento de cumprir o dever e “tikar” uma data de um calendário empoeirado.

Não vai ser fácil enfrentar essa direita reacionária, defender uma empresa 100% estatal controlada pelos trabalhadores e a população, defender nossos postos de trabalho e cada direito conquistado ao longo das lutas. Por isso teremos que gastar toda nossa energia pra sermos sujeitos dos rumos de nossas vidas e da nossa sociedade. Mas pra isso os sindicatos precisam ser ferramentas pra organizar e mobilizar a luta, com planos de lutas sérios contra o golpe e contra os ataques.

 
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