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CRISE ECONÔMICA E POLÍTICA
FMI destaca preocupação com “cenário político turbulento” e atraso na agenda de ajustes
Flávia Silva
Campinas @FFerreiraFlavia

Em novo relatório do Fundo Monetário Internacional (IMF, em inglês) destaca-se preocupação com um cenário político turbulento, em análise sobre o Brasil divulgada nesta quarta-feira, 27. A situação de crise política no país afetou, para o FMI, a capacidade de o governo promover “reformas econômicas essenciais”, incluindo medidas para melhorar as contas fiscais, ou seja, medidas profundas de maiores cortes nos gastos sociais em saúde e educação, e medidas como a reforma da Previdência e aumento de impostos.

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Relatório do FMI evidencia pressão por “reformas econômicas e ajuste fiscal”

A incerteza política é outro fator que tem contribuído para os baixos níveis de confiança, tanto de empresários como de consumidores, afirma o FMI. Os economistas do Fundo evitam comentar mais detalhes da situação política do país, mas ressaltam que reformas econômicas e um ajuste fiscal são essenciais para restaurar a confiança dos agentes e abrir espaço para o Brasil voltar a crescer.

"No Brasil, uma combinação de fragilidades macroeconômcias e problemas políticos têm dominando o cenário econômico", ressalta o relatório. "A deterioração da situação fiscal e da dinâmica da dívida pública também desempenha um papel no colapso da confiança, sobretudo porque as metas fiscais sinalizadas no começo de 2015 foram repetidamente cortadas." A previsão do FMI é que o Produto Interno Bruto (PIB) do país vai contrair 3,8% este ano, mesmo montante de 2015, marcando um período de recessão histórica. Em 2017, a expectativa é de economia estagnada.

A expectativa do FMI é que o PIB volte a crescer ao longo de 2017, mas na média geral do ano, a economia deve ter expansão zero. Por isso, a previsão de PIB estável. "Com a expectativa de que muitos dos grandes choques de 2015/2016 tenham se exaurido e auxiliado por uma moeda mais fraca, o crescimento deve se tornar positivo durante 2017."

Sugestões do FMI: aumento de impostos e corte de gastos sociais

Para o FMI, no curto prazo, sem espaço para cortar as despesas rígidas do Orçamento (leia-se gastos obrigatórios, que pela Constituição de 1988 estão na saúde e educação, por exemplo), o Brasil pode ter que tomar medidas de elevar tributos para melhorar as contas fiscais, que estão em trajetória de deterioração com a queda no crescimento econômico. Porém, independentemente do que ocorrer com o cenário político, para o FMI é essencial que o governo melhores suas contas e que as medidas sejam “bem comunicadas e executadas”.

Ainda nas contas fiscais, o desafio mais importante no Brasil, de acordo com a avaliação é resolver a rigidez de gastos públicos, que são determinados pela Constituição e, por isso, difíceis de cortar, além de "mandatos insustentáveis" também pelo lado das despesas públicas. O governo argumenta que 90% do Orçamento são de gastos vinculados, que incluem salários de funcionários públicos, previdência e benefícios assistenciais. Também é essencial, de acordo com o relatório, fazer uma reforma da previdência, afirma o FMI.

Ou seja, o FMI demonstra em seu relatório um clara ânsia pelas chamadas “reformas estruturais” ou as “reformas completas” de Meirelles (redução da idade mínima para aposentadoria, cortes nos funcionalismo, redução nos gastos públicos com saúde e educação, maior flexibilização na legislação trabalhista, entre outras), que estarão na ordem do dia do programa econômico de um possível governo golpista Temer-Cunha (um governo repleto de banqueiros e feito para garantir seus interesses, veja mais aqui), com a Ponte para o Futuro, que representará um grande ataque aos direitos sociais e dos trabalhadores como já denunciamos aqui.

Juros elevados e bilhões para a dívida pública

O Brasil deve ser o campeão de endividamento público na comparação com os emergentes. A baixa arrecadação do governo, por conta da recessão econômica, a alta dos juros, para conter a inflação, e a dificuldade em tocar um ajuste fiscal são os principais fatores que explicam a piora dos números, de acordo com o FMI.

A sugestão do FMI, de ajuste fiscal esconde um posicionamento que favorece a manutenção de altas taxas de juros no Brasil (para um suposto “controle da inflação”). O fato é que na verdade, as “sugestões” do FMI são quase uma “imposição”, pois o banco tem grande influência sobre os banqueiros e empresários estrangeiros que possuem os títulos de nossa dívida pública e que são os mesmos capitalistas rentistas que estão lucrando “horrores” com o patamar elevadíssimo da taxa de juros brasileira, umas das maiores do mundo. Inclusive, nesta quarta-feira, em reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o Banco Central manteve o nível básico das taxas de juros em 14,25%.

Outro fato é que o mesmo patamar elevado de taxas de juros no Brasil junto à valorização do dólar contribui para o tão “criticado” crescimento da dívida pública brasileira pelo FMI, ou seja, como representante dos interesses de lucros dos grandes empresários e bancos imperialistas, o FMI está preocupado em garantir que Brasil, honre com seus deveres (mesmo que sobre uma dívida fraudulenta) e pague fielmente a cada ano, um montante bilionário de dólares apenas em juros da dívida pública para encher os bolsos dos “investidores”.

Efeito da crise no Brasil na América Latina

A economia da América Latina deve se contrair 0,5% este ano, marcando o segundo período consecutivo de retração, a primeira vez que isso ocorre desde a crise da dívida de 1982/1983, afirma o FMI no relatório. O documento alerta que uma piora adicional do Brasil, pode afetar o nível de exportações da região.

A maioria dos países da região segue crescendo a taxas moderadas, destaca o FMI. Mas quatro países, Brasil, Equador, Argentina e Venezuela, que por sua vez representam metade da economia da região, estão em recessão.

Crescimento débil da América Latina

O relatório destaca ainda, que as perspectivas da região estão sujeitas a uma série de riscos para a piora do cenário econômico. Além dos problemas do Brasil, os países da região estão vulneráveis ao que ocorrer na China, que está crescendo menos. Entre 15% a 25% das exportações de países como Chile, Brasil, Colômbia e Uruguai vão para o mercado chinês. Nesse cenário, a expectativa do FMI é que para os próximos anos, o crescimento dos países da América Latina permaneça "débil" e abaixo de tendências históricas.

Para reverter esse quadro, novamente, o FMI, fala na necessidade de “reformas estruturais” (leia-se ajustes estruturais neoliberais, contra os trabalhadores e a favor dos lucros do capital estrangeiro), para aumentar a “produtividade” e “competitividade” de países da região, ou seja, a preocupação do FMI é que os governos da América Latina realizem reformas que possibilitem um maior nível de exploração dos trabalhadores com forte redução nos custos de produção (salários).

Além disso, o relatório aponto ainda que os países da região terão que lidar com as transições em curso na economia mundial], que incluem, além da China, a volta da alta de juros nos Estados Unidos num quadro prolongado de baixo crescimento global.

O FMI teme na verdade o acirramento da luta de classes no Brasil

O que o relatório do FMI evidencia novamente é a pressão imperialista dos interesses de lucros dos grandes bancos e empresários internacionais para que Brasil aprofunde o pacote de ajustes neoliberal, contra os trabalhadores e os mais pobres.
Este pacote ganhará ainda mais força com o governo golpista de Temer.

Como já destacamos em outros artigos do Esquerda Diário nesta semana: “se assume Temer e esta “CEOcracia”, o cenário estratégico de ataques às conquistas dos trabalhadores se acirra”, porém “dificilmente um governo Temer-Serra-Cunha que assuma conseguirá aplicar ajustes sem uma feroz resistência da luta de classes, uma vez que estará com o estigma do golpe inscrito na testa de cada ‘canetada’”. Por isso, é necessário construir nas lutas e nas bases, um plano de combate contra o golpe e os ataques aos direitos sociais e as condições de vida da classe trabalhadora, com os métodos da classe operária: greves, paralisações e piquetes contra a patronal. É a partir dessa necessidade urgente que o Esquerda Diário insiste na exigência que a CUT, a UNE, CTB impulsionem um imediato plano de luta contra o golpe e os ataques dos distintos governos, desde os do PT de Dilma até de um governo golpista do PMDB.

Imagem: Crédito Ryan Rayburn - IMF

 
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