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CAOS NO METRÔ DE SP
Terceirização, corrupção e repressão levam a mais um dia de caos no metrô de SP
Francielton Banareira, diretor do Sind. dos Metroviários de SP e militante do Mov. Nossa Classe
São Paulo
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Na tarde dessa quinta feira, por volta das 17h, uma composição da Linha 3-Vermelha do Metrô de São Paulo apresentou o que a Companhia chamou de "falha técnica" e causou um caos generalizado no sistema e na vida dos passageiros. A recomendação do Metrô foi para que todos os usuários desembarcassem na estação Luz e seguissem para suas casas usando a integração com a CPTM.

Contudo, devido a dificuldade de retirar o trem da linha, e por não existir outra alternativa de trajeto, estações foram fechadas e os usuários se viram em um beco sem saída: a estação Luz não suportou a quantidade de pessoas e no primeiro principio de revolta a PM foi acionada. Por volta das 20h, o batalhão de CHOQUE entrou na Estação Luz e reprimiu os usuários com gás e bomba.

Esse é o tratamento do governo e da empresa. Um serviço de transporte público que deveria ser prestado para a população, na verdade funciona visando apenas abocanhar lucro. O que a Companhia não fala também é o verdadeiro motivo que está por trás dessa falha técnica: terceirização, corrupção, descaso.

O Metrô tem diversos tipos e "carros" operando na mesma linha. Eles são divididos de acordo com o fabricante. Isso vem desde a fundação do metro quando as principais frotas eram fornecidas pelas extintas Marfesa e Cobrasma. Com o passar do tempo, trens da Alstom e Siemens entraram no sistema e no ano passado o governo inventou um método novo pra permitir que outras empresas multinacionais se agregassem a divisão desse bolo, a tal modernização dos trens. Ou seja, ao invés de comprar um trem novo, as antigas frotas (Marfesa e Cobrasma) são entregues a um consórcio que mantém a estrutura da composição, porém troca quase todo o resto dos equipamentos e muda a aparência visual para que o trem se pareça com um novo. Sendo que cada equipamento é de uma terceirizada diferente.

Aparentemente o trem reformado/modernizado deveria sair mais barato que um trem novo, porém quando se soma tudo, o custo total é mais caro. Além disso, devido ao sigilo de informação da tecnologia empregada, nem sempre os equipamentos "conversam" entre si (o que não aconteceria com um trem vindo de um único fornecedor). Não obstante, as tais frotas modernizadas são as que mais apresentam falhas. E não a toa o episódio de ontem envolve um equipamento modernizado.

A "modernização" não para por ai. Desde 2010 a Alstom tenta, sem muito sucesso, implementar o sistema CBTC (Controle de Trens Baseado em Comunicação) nas linhas L1- Azul e L3-Vermelha, com a promessa que essa tecnologia permitirá a redução de tempo entre um trem e outro. São 4 anos de desvio de dinheiro e risco pra população. O mesmo vale para as portas de plataforma "em teste" na estação Vila Matilde. Ao menos duas terceirizadas assumiram o serviço e no final pularam pra fora do barco. Mas não sem receber... E as portas continuam inativas.

Em vista de aumentar e sustentar a lucratividade de vários dos seus "amigos" o governo está pondo em risco a população de conjunto e quem paga o preço são os trabalhadores. Os que utilizam o sistema que tem sua vida por um fio e os metroviários que nesse balaio tem que se virar para manter o sistema funcionando, operadores de trens tendo que controlar 10 frotas diferentes, cada qual com seus mais variados problemas, e a manutenção tendo que fazer malabarismo para fazer o trem modernizado entender os comandos da linha e a linha entender que aquela colcha de retalhos é um trem.

Não a toa as manifestações de junho de 2013 tinham como foco os transportes e mostraram que hoje a única solução possível, é a estatização de todo o sistema metroferroviário sob controle de trabalhadores e usuários, somente assim garantiremos um transporte barato, seguro e de qualidade!

 
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