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DECLARAÇÃO
Golpe é vitorioso na Câmara mostrando sua cara reacionária
MRT - Movimento Revolucionário de Trabalhadores

Foi aprovada na Câmara a continuidade do processo do impeachment. Os discursos mostraram todo o reacionarismo deste golpe.

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Com margem acima do projetado pelos grandes jornais brasileiros, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou a continuidade do processo de impeachment. Centenas de deputados, donos de intermináveis privilégios e denunciados por corrupção e diversos outros crimes, sequestraram a vontade de milhões de votantes para impor um rumo ao país ainda mais reacionário do que o que já vinha sendo implementado pelos ajustes de Dilma.

O passo dado hoje na Câmara para o golpe institucional que alçará ao poder a corrupta e reacionária dupla Temer e Cunha com apoio da FIESP e da Globo ainda passará pela votação em maioria simples no Senado. Espera-se que seja aprovado ali segundo as projeções da mídia. A Lava Jato, atendendo a interesses imperialistas e atacando direitos democráticos elementares, assentou as bases dessa ofensiva golpista do poder parlamentar apoiado pelo poder judiciário.

Poucos votos proferidos pelo impeachment se pronunciaram sobre o tema da denúncia, as chamadas “pedaladas fiscais”, em si mesmas questionáveis como motivo para o impeachment. Escancaram seu caráter golpista, mas não só, mostraram o conteúdo completamente reacionário nos fundamentos de voto. Os votos pela retirada de Dilma foram um desfile de reacionarismo em nome da PM, das Forças Armadas, dos ruralistas que perseguem indígenas, da igreja e da família patriarcal e até mesmo da ditadura militar e do torturador General Brilhante Ulstra.

Esta direita não surgiu do nada, foi aliada do PT por mais de uma década. O PT alimentou essa direita como parte de sua coalizão de governo, que hoje desfilou seu reacionarismo sem nenhuma vergonha, ecoando no Parlamento as apologias direitistas que se canta na frente da FIESP na Avenida Paulista. Em especial a bancada evangélica que o PT escolheu se aliar ao mesmo tempo em que negou implementar os direitos democráticos mais elementares como o direito ao aborto; e também a bancada do agronegócio que os petistas escolheram aliar-se para negar a reforma agrária. Os votos de ex-aliados do PT como o PSC de Feliciano, o PP de Maluf, o PSD de Kassab conseguiram ser mais reacionários que os proferidos pelos direitistas tucanos ou do DEM. A derrota do governo Dilma, de Lula e do PT é uma retumbante mostra de que não é possível derrotar a direita contando com compra de votos da mesma direita.

O PT abriu o caminho para essa ofensiva ao assimilar os métodos capitalistas de corrupção para governar, conter e desviar as demandas que explodiram nas ruas em junho de 2013 e implementar um brutal ajuste contra os trabalhadores e o povo pobre no segundo mandato de Dilma. O PT fez uma campanha eleitoral promentendo não ajustar, e começou a atacar o povo trabalhador desde o primeiro dia de governo, desmoralizando a seus próprios eleitores entre os trabalhadores e o povo.

Por sua vez, a CUT, a CTB, a UNE e demais direções petistas do movimento de massas impediram que os sindicatos lutassem contra os ajustes e a impunidade do “seu governo”, fazendo meras críticas formais aos aspectos mais direitistas do mesmo, porque seu verdadeiro plano era preparar a campanha para o retorno de Lula em 2018. Uma verdadeira traição, que o movimento operário brasileiro terá que pagar no próximo período. Ao deixar isoladas à própria sorte e trair as lutas de resistência que surgiram, como a atual no Rio de Janeiro, construíram a derrota de hoje. Em meio a esta crise nacional as manifestações pacíficas convocadas pelas centrais sindicais ligadas ao governo, foram incapazes de opor qualquer resistência à ofensiva da direita que fortaleceu. A CUT se negou a impulsionar um plano de luta com greves, paralisações e os métodos da luta de classes decididas em assembleias de base, único caminho que pode de fato frear a ofensiva golpista, o que pressupõe uma ruptura com sua subordinação a Lula e Dilma. Preferiram que triunfe a direita, como ocorreu hoje, ao invés de colocar em questão a base de domínio desta casta burocrática. Estes burocratas sindicais temem muito mais a espontaneidade de sua base sindical que os patrões e a direita.

Aquela esquerda que não se pronunciou contra o impeachment - ou mais que isto, chamou a se abster falando que tanto fazia o resultado, como o fez o PSTU - mostrou hoje quem eles estiveram aplaudindo todos estes meses. Não só a FIESP, mas a política dos evangélicos e do agronegócio, que estão entre os grandes vencedores da noite. A aprovação deste passo para o impeachment é o avanço de uma ofensiva bonapartista de direita sobre o país. Correntes internas do PSOL como o MES liderado por Luciana Genro, que se limitou a uma postagem desesperada nos últimos momentos antes da votação contra o impeachment nas redes sociais, ao idealizarem Sérgio Moro e defenderem eleições gerais junto com Marina Silva, também foram funcionais ao triunfo do golpismo institucional.

Chamamos os trabalhadores e a juventude que odeiam a direita a impulsionar junto conosco uma luta séria contra o golpe institucional, sem por isso dedicar qualquer apoio ao governo do PT. Defendamos em cada local de trabalho e estudo um imediato plano de lutas para opor resistência ao avanço da direita e a seus ataques. A CSP-Conlutas não pode ser funcional ao golpismo seguindo a política do PSTU. Se os parlamentares do PSOL quiserem ser consequentes com o rechaço ao golpismo que demonstraram hoje no parlamento precisam parar de alimentar ilusões na Lava Jato, no embelezar a burocracia sindical e política do PT, para colocar suas forças a serviço de chamar a mobilização independente dos trabalhadores e da juventude.

Ao mesmo tempo em que nós do MRT dedicamos todos nossos esforços a cercar de solidariedade e ajudar a triunfar as lutas em curso como a do Rio de Janeiro, colocamos nas assembleias estudantis e de trabalhadores a necessidade de colocar de pé uma grande luta contra o golpismo institucional e os ajustes; e defendemos a necessidade de lutar por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que ataque a corrupção pela raiz, faça os capitalistas pagarem pela crise e enfrente os problemas estruturais do país.

 
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