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MASSACRE
A 20 anos do massacre de Eldorado dos Carajás
Vitória Camargo

Em 17 de Abril de 1996, ocorria a chacina de 21 trabalhadores sem-terra, na Curva do S, trecho da rodovia PA-275, no sul do Pará, pelas mãos da Polícia Militar.

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Eram mais de 1,5 mil pessoas organizadas pelo MST (Movimento dos Sem-Terra) marchando do Assentamento Palmares, no sul do Pará, em direção a Belém, para reivindicar assistência ao Assentamento e a desapropriação da Fazenda Macaxeira, ocupada desde 1995, em Eldorado dos Carajás. No sétimo dia, homens, mulheres e crianças ocuparam a rodovia exigindo ao governo do estado do PSDB (Almir Gabriel) alimento e transporte para completar o percurso.

No lugar dos 50 ônibus prometidos, o governador tucano e o então Secretário de Segurança Pública, Paulo Sette, enviaram uma operação com mais de 155 policiais para liberar a rodovia a qualquer custo, que se transformou em uma chacina, com 21 trabalhadores assassinados e 69 feridos. Muitos deles foram mortos à queima-roupa, com tiros na nuca e nas costas, pondo abaixo o discurso da época de que haveria tido "confronto" com a polícia.

Impunidade

Com exceção do coronel Mário Colares Pantoja e do major José Maria Oliveira, que receberam penas de 280 e 158 anos, respectivamente, e estão presos, os policiais de patentes inferiores envolvidos no massacre foram todos absolvidos por "falta de provas". Para isso, colaboraram a manipulação da cena do crime com a retirada dos corpos, a ausência de identificação no fardamento dos agentes e o sumiço da cautela de armas (que identifica qual armamento foi usado pelos policiais). O governador, o Secretário de Segurança Pública e o Comandante da Polícia militar de então, Fabiano Lopes, foram isentados da investigação, ou seja, nem sequer indiciados.

O massacre de Eldorado dos Carajás completa, hoje, 20 anos, e a estrutura repressora do Estado que sustenta o latifúndio no Brasil permanece a mesma. Ainda que a luta pelo direito à terra não se dê da mesma forma que nos anos 90 do FHC, com a entrada do PT ao governo e a cooptação dos movimentos sociais, relembrar essa chacina deve marcar a persistência da violência cotidiana do Estado contra os sem-terra pela preservação do latifúndio enquanto estrutural do capitalismo no Brasil. Aliás, até mesmo em relação aos anos de governo do FHC, a quantidade de terras com reforma agrária retrocedeu com o PT.

É simbólico que no dia em que se completa 20 anos de um dos maiores massacres na história dos movimentos sociais esteja sendo votado em Brasília o impeachment da presidente Dilma. Se, por um lado, esses anos de governo do PT significaram um freio para as lutas dos trabalhadores, em particular do movimento sem-terra, e ainda hoje o PT tem como aliados grandes latifundiários como é a Kátia Abreu, por outro lado, os setores mais reacionários do Congresso, a bancada ruralista, do boi e da bala, estão com esse impeachment que sem dúvida não vai representar os interesses dos que lutam pelo direito democrático à reforma agrária e muito menos combater a impunidade.

O Esquerda Diário relembra essa data com indignação. A memória daqueles que morreram lutando por seu direito à terra deve nos inspirar para que sigamos nos enfrentando com o latifúndio, a violência do Estado e a impunidade.

 
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