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JUVENTUDE INTERNACIONAL
Esta juventude não deve nada ao capitalismo
Leonardo Améndola

Existem, há quase 50 anos daquelas mobilizações que sacudiram o poder no centro da Europa, dois atores fundamentais que voltam a tomar as avenidas de Paris rechaçando a reforma trabalhista. São os trabalhadores e os estudantes. Os primeiros, uma classe fundamental do capitalismo. Os segundos, um de seus principais aliados nas lutas do mundo moderno. Juntos estavam como que pisando em ruas de um terreno já transitado, conhecido. Será que debaixo do calçamento está a praia?

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Historicamente, após 68, o ano de 1995 surge como um marco no processo de luta de classes internacional com epicentro na França marcando um ponto de inflexão no avanço neoliberal dos anos noventa. Desde então, a vanguarda francesa, sempre composta por um amplo setor de juventude, sabe como golpear o solo da normalidade burguesa. Banlieues (jovens de bairros periféricos), reforma do primeiro emprego, estudantes dos liceus. Efetivamente, como se fossem ondas de golpes contra seus governos e suas políticas.
A onda atual tem suas particularidades. Uma juventude bem educada, qualificada, mas subempregada. Em um sentido golpeada. Como se assistissem a uma negação daquilo que lhes haviam prometido. Nem sequer como essa geração que em algum momento recebia mil euros por mês. Agora com sorte chega aos quatrocentos para salários de jovens que se prepararam para ser , no mínimo, uma engrenagem "hierarquizada" do sistema.
Sem duvidas, por sua massividade, pela confluência de setores de classes citados acima e por estarem em um dos principais centros do poder capitalista, a juventude francesa, junto com os trabalhadores, esta á cabeça de uma terceira onda de luta da juventude desde 2008.

Indignados aqui, indignados acolá

Esta onda incorpora novos elementos mas mantém vivas certas “sensibilidades" que surgiram no calor da crise da bolha imobiliária de 2008. Entre elas uma grande descrença na casta política. O fenômeno dos "indignados", o rechaço as velhas formas, a noção de que estamos vivendo em uma democracia que se degrada. Graus de descrença nas instituições que têm se expressado de forma mais explosiva ou que têm encontrado sua forma de expressão (muito) distorcida nos novos atores políticos. O PODEMOS espanhol quiçá seja o mais notório, ainda que pelo impacto que pode ter na configuração politica do centro imperial, o fenômeno Sanders também tem que ser considerado. Na juventude, a aprovação do candidato "diferente", que disputa com Hilary Clinton, chega aos 80%. Se trata de um fenômeno político novo e amplo no coração dos Estados Unidos. Quiçá Occupy Wall Street e a resistência negra aos ataques da polícia já adiantavam algo do clima que começa a respirar a juventude norte americana.
Comparada com a de outros tempos, essa geração começa a adotar contornos mais definidos enquanto sujeito social e político. Fato é que, de 2008 pra cá, tem ocorrido numerosos processos de organização e ativismo onde o social, que põe a prova seus músculos nas ruas, incorpora demandas próprias, combina o reivindicativo com o democrático, não se coloca “contra” a política senão que, aos poucos, vai encontrando seus canais de expressão. Se trata de uma geração que, com exceção do retrocesso que se operou no levantamento das primaveras árabes, não carrega o peso de derrotas em suas costas. Ainda que tenha prevalecido o desvio dos processos (sociais e políticos) como saída para a crise.
Em nossa América Latina também se trata disto. A luta dos secundaristas no Chile e as grandes mobilizações posteriores pela educação gratuita colocaram o movimento estudantil no centro da política do pais vizinho. Rapidamente emergiu sua face política distorcida como expressão dessa enorme luta. Aí estão Camila Vallejo, como cara visível de um PC debilitado no movimento estudantil, ou o jovem Boric, como expressão de uma "nova esquerda".
No México, a grande luta pelo 132 levantou a raiva contra os crimes de Estado voltado ao narcotráfico no centro das mobilizações, onde os jovens surgiram novamente como o ator fundamental.
No Brasil, as mobilizações de junho de 2013 botaram grandes setores da juventude nas ruas. Agora se vêem atravessados por uma crise política cujas implicações impactam o gigante Sulamericano e sacodem o ritmo político das massas e da esquerda brasileira, a qual se abrem grandes possibilidades como se mostrou na fundação da "Faísca".
E Argentina. A geração da qual fazemos parte tem realizado uma verdadeira ginástica poliítica que, ainda em "tempos de paz", sabe como mostrar sua forca. A desenvolveu sobre um processo de desvio durante as jornadas revolucionarias de 2001. Ainda sob efeito do reformismo que primou na “era K", setores significativos da juventude estudantil e trabalhadora começaram a ver na esquerda que luta pela independência de classe um ponto de referência. Não esqueçamos que os melhores desempenhos da FIT se deram no espectro que vai dos 18 aos 35 anos. O ajuste Macrista lança a hipótese de que o desenvolvimento de uma juventude militante com referência na Frente de Esquerda seja um pouco mais "em quente", desenvolvendo-se ao calor da intervenção em conflitos operários, estudantis, democráticos e populares.
Os companheiros da juventude do PTS e dos grupos irmãos na França, Estado Espanhol, Brasil, Chile, México, fazemos parte da luta desta nova geração de jovens que se colocam em pé em todo mundo. Somo parte e colocamos todos nosso recursos políticos, materiais e organizativos a disposição das lutas que surgirem em todo lugar.
E ao mesmo tempo, buscamos convencer de que nossa estratégia, a da revolução proletária e socialista, é a que pode dar uma saída aos problemas de um mundo que é feito a imagem e semelhança de quem dedica suas horas de lucidez a perpetuar a exploração e opressão sobre milhões.

Tradução: Bruno Amorin

 
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