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ARGENTINA
As cúpulas sindicais declaram trégua, a esquerda convoca ao 1º de Maio
Fernando Scolnik
Buenos Aires | @FernandoScolnik
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Depois da contundente paralisação nacional de 31 de março, as demandas da classe operária tomaram o centro da cena nacional. Mas nem o governo nacional, nem os candidatos dos partidos tradicionais, nem os dirigentes das centrais sindicais, estão pensando em dar resposta a eles. São todos cúmplices do ajuste.

A resposta do governo nacional à paralisação foi atacar as reivindicações operárias, enfrentando a luta contra o imposto ao salário, e as medidas de força dos sindicatos, acusando de privilegiados aos que reclamam contra este imposto. Depois, tentando posar de árbitro, chamou os empresários a “cuidar do alcançado” para manter a paz social, e que diminuam “um pouquinho a rentabilidade”. Um chamado à “harmonia” em que os que sempre perdem são os trabalhadores, que vêm pagando o ajuste e que só poderão conquistar suas demandas com seus métodos de luta.

Por sua vez, os empresários, que “enchem os bolsos”, avisaram pela boca do presidente da União Industrial Argentina, Héctor Méndez, que para eles os reajustes na data-base começarão com “uns 15 ou 20 por cento como máximo”, e que “os botaremos para correr quando vierem com 43 por cento”, remarcando além disso que é “inviável que o setor industrial se responsabilize pelo Imposto sobre Lucros para a quarta categoria”.

Desde este setor, e advogados dos empresários como Julián de Diego, questionaram também as data-base se não estão ligadas ao aumento da produtividade. Um verdadeiro programa contra os trabalhadores.

Frente à dureza do governo e das patronais, está colocada a continuidade do plano de luta até obter as reivindicações levantadas pela paralisação nacional, somando as demandas de todos os trabalhadores e não só o imposto ao salário. A força de milhões de trabalhadores paralisando o país no 31 de março e protagonizando piquetes, e os conflitos que estão em curso, demonstram que existem as condições para chamar assembleias em todos os lugares de trabalho para discutir a continuidade do plano de luta.

No entanto, esta semana os sindicatos do transporte primeiro, e a CGT de Moyano junto a Barrionuevo depois, se reuniram para votar a trégua, evitando convocar a uma nova paralisação nacional apesar de que em muitas categorias estão começando as data-base depois de um ano de ajuste em que os salários perderam contra a inflação.

Os burocratas regulam e negociam com a força dos trabalhadores. A paralisação nacional do 31 usaram como demonstração de forças frente ao próximo governo, dando um “aviso” de que se deverá tê-los em conta para governar, e assim negociar seus privilégios. É que vêm de anos em que o moyanismo ficou separado do poder governamental desde 2011, enquanto que os burocratas governistas não conseguem nada do governo para poder acalmar o descontentamento em suas bases, enquanto seguem pedindo os recursos das obras sociais [Nota da tradução: gastos com direitos sociais bancados pelo Estado].

A confissão de um fracasso foi feita ontem pelo dirigente da UOM e da CGT governista, Antonio Caló, quem, ainda com problemas para fechar a data-base de seu sindicato e ameaçando a chamar a uma paralisação metalúrgica de 36 horas que duvidosamente se realize, se queixou amargamente: “apesar da fama que tem a UOM, os operários têm um dos salários mais baixos da indústria”.

As declarações de Caló são uma clara confissão de que subordinar-se ao governo nacional não traz nada bom para os trabalhadores. O mesmo poderiam dizer os trabalhadores do sindicato SMATA [Nota da Tradução: dos metalúrgicos] que sofrem demissões e suspensões com rebaixamento de salários, os telefônicos que vêm tendo alguns dos aumentos mais baixos do país, ou os do metrô que suportam os tetos salariais quando antes com métodos combativos tinham um dos melhores aumentos, entre tantos outros trabalhadores enrolados em sindicatos com direções kirchneristas. Nada bom virá tampouco dos dirigentes das centrais opositoras que voltaram à trégua. A esquerda e o sindicalismo combativo exigiremos neste 1º de Maio a convocatória de assembleias nos lugares de trabalho para votar a continuidade de um plano de luta com paralisação nacional ativa de 36 horas.

Os candidatos do ajuste

Enquanto o governo aplica o ajuste, e candidatos da Frente para la Victoria como Scioli têm centenas de professores de Província de Buenos Aires sem receber seus salários, os candidatos da oposição dos partidos tradicionais fazem demagogia com as demandas dos trabalhadores, mas preparam todos planos de ajuste.

Sergio Massa, um candidato inimigo dos trabalhadores, fará um ato no Vélez Sarsfield no Primeiro de Maio, buscando ganhar votos entre a classe operária, levantando demagogicamente algumas demandas como a anulação do imposto ao salário. Mas não será um ato de trabalhadores e lutadores como o da FIT, senão que será dos que se propõem a ganhar as eleições para governar a serviço dos empresários. O ato seguramente contará com a presença de empresários milionários como De Mendiguren ou De Narváez, burocratas sindicais como Facundo Moyano, Rodolfo Daer ou Luis Barrionuevo, e velhas figuras da casta política. De acordo com o portal Infogremiales, a burocracia do Sindicato de Comércio contribuiria com boa parte da estrutura para o ato.

Por sua vez, Mauricio Macri qualificou de “fraude” o imposto ao salário e afirmou que “vejo os trabalhadores do peronismo como futuros aliados da Argentina que vem”. Mais que os trabalhadores, foi um sinal à burocracia sindical, a quem em várias ocasiões já prometeu ajudar a “tirar os esquerdistas” dos sindicatos.

Scioli, Massa e Macri escondem com falsas promessas o programa de ajuste contra os trabalhadores que aplicarão caso ganhem em outubro.

Uma tribuna pela independência política dos trabalhadores

Contra eles, o Frente de Esquerda e dos Trabalhadores levantará neste Primeiro de Maio uma tribuna pela independência política dos trabalhadores. Em todo o país, os candidatos da FIT vêm levantando um programa de saída para a crise favorável aos trabalhadores e o povo, contra o ajuste que preparam os candidatos dos partidos tradicionais, e por um governo dos trabalhadores.

Alguns dos principais referentes da FIT estarão entre os oradores destacados do ato. Junto a eles participarão e farão uso da palavra os trabalhadores do sindicalismo combativo que protagonizam as principais lutas pelas demandas operárias e contra a burocracia sindical, os que na paralisação do 31M encabeçaram a intervenção independente da burocracia, os que exigem assembleias em todos os lugares de trabalho para votar a continuidade do plano de luta com uma paralisação nacional ativa de 36 horas.

Finalmente, no Dia Internacional dos Trabalhadores, participarão junto ao PTS delegações de organizações-irmãs da América Latina e Europa. Junto a eles, levantaremos, entre outras, as bandeiras anti-imperialistas, contra a “nova ordem” que querem impor os Estados Unidos na América Latina, com o apoio de distintos governos da região.

Neste Dia Internacional dos Trabalhadores, sejamos milhares na Praça de Maio desde as 15:30 horas, levantando uma tribuna independente junto à Frente de Esquerda e dos Trabalhadores.

 
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