Traduzido por Cassius Vinicius J.
Antes de pousar na Argentina, o presidente Barack Obama fez uma promessa: a quebra do sigilo dos arquivos da CIA (Agência Central de Inteligência) e do Pentágono sobre a ditadura argentina.
O gesto bombástico teve o intuito de preparar o terreno para a visita de Obama ao país sul-americano, justo quando faz 40 anos do golpe de Estado. Porém, da mesma maneira como nunca chegou a tão esperada “autocrítica” de Obama sobre a colaboração norte-americana nas ditaduras da América Latina, tampouco chegarão – pelo menos de imediato – os prometidos arquivos.
O encarregado de anunciar o gesto americano foi um funcionário argentino. Trata-se do secretário de Direitos Humanos e Pluralismo Cultural da Nação Argentina, Claudio Avruj. Em declarações à rádio La Red, afirmou que “no mínimo” irá demorar “um ano e meio” para quebrar o sigilo dos arquivos norte-americanos. A esse atraso se soma a crítica feita por Nora Cortiñas, referência das Mães da Praça da Maio Linha Fundadora, que afirmou que os documentos americanos chegaram ao país com “rasuras” e trechos apagados.
Essa “sinceridade” vem do amplo agradecimento que Mauricio Macri fez a Obama por sua decisão. “Há poucas horas dos 40 anos do golpe de Estado que consolidou o capítulo mais obscuro de nossa história, o senhor [Obama] aceitou nosso pedido para desarquivar os arquivos (sic). Somos muito agradecidos”, disse ontem o mandatário.
Em contraste com a recepção calorosa do executivo macrista ao casal imperialista, na tarde de hoje, a esquerda e organismos de Direitos Humanos concentrados no Encontro Memória, Verdade e Justiça se preparam para ocupar as ruas contra o ajuste, os desvios e a repressão.
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