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RACISMO
Claudia Ferreira, nós te lembraremos!
Rebeca Moraes
Coordenadora do CACH - Unicamp
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Quando Elza Soares canta que a carne mais barata do mercado é a carne negra não consigo não pensar na Claudia e em como nossos corpos são violáveis, simplesmente por nossa cor e por nossa classe. Claudia foi uma mulher pobre e preta, e como tal, foi assassinada por policiais numa “operação contra o tráfico” no morro onde morava, o Morro da Congonha. Só isso já nos traz muitos elementos a se pensar.

Primeiro com relação à guerra às drogas que o Estado promove, que no fim só serve como passe livre para invadir morros e favelas e massacrar corpos negros sem que haja uma punição, sequer um questionamento, já que o tráfico está infinitamente longe de ser suprimido. Vemos cotidianamente pessoas executadas pela polícia, num país em que, pelo menos em tese, não há pena de morte. Os cinco meninos assassinados a tiros no final do ano passado, dentro de um carro, demonstram que Claudia não foi uma exceção, um acidente, como quer fazer acreditar a Polícia Militar do Rio de Janeiro, mas a regra geral, o padrão. Pessoas pretas, nas periferias, não têm o direito mais elementar respeitado: a vida. Isso perspassa pela função das Polícias de repressão de tudo o que possa ser considerado uma ameaça, e nesta definição o que melhor se encaixa, de acordo com a moralidade racista da Polícia, é o povo preto. E, caso necessário, também se justificam essas mortes plantando armas para simular trocas de tiros etc., como aconteceu com essa mulher, que levava apensas um saco de café.

Claudia poderia passar despercebida, apenas mais uma morte causada pelo Estado, se não fosse a gravação do vídeo em que seu corpo é arrastado pela viatura que lhe “prestou ajuda”, contra a vontade de sua família. A violência contra o povo pobre não pode ser naturalizada. Devemos nos lembrar e cobrar por cada assassinato!

Até hoje, dois anos depois, o caso já passou por três juízes. No entanto nenhum dos 4 policiais envolvidos foi julgado, e não há sequer uma data para a primeira audiência. Pralém do assassinato de Claudia, são também responsáveis por outros homicídios: o subtenente Adir Serrano Machado tem em suas mãos sangue de pelo menos mais 63 mortes. Isso nos traz duas reflexões. A primeira é a de que está evidente que a Polícia é essencialmente uma instituição racista que tem como função única a repressão do povo pobre, e que os policiais são hoje o que foram em tempos de escravidão os capitães-do-mato, servindo aos seus ricos senhores mesmo que isso signifique tornar-se uma assassino. Por outro lado, tampouco a Justiça é confiável. Os juízes representam uma elite e uma casta, marinada em privilégios, que estão, em sua maioria, de acordo com o genocídio do povo negro, que lotam as cadeias e as Fundação Casa de jovens pretos.

O governo também pouco se importa com os índices alarmantes de violência policial, pelo contrário, cada um a seu modo procura dar ainda mais poderes aos órgãos repressores, seja com a redução da maioridade penal [defendida pela direita PSDB-PMDB e derivados], com o alongamento das penas para menores infratores [PSDB E PT], ou treinando suas tropas no Haiti [a Minustah] para melhor reprimir nos morros e favelas, massacrando também o povo daquele país.

Claudia foi mais uma vítima da barbaridade de um sistema podre, que precisa ser destruído. É preciso que o povo preto, pobre, os trabalhadores, mulheres e jovens se coloquem como seu algoz, como aqueles que vão vencer a miséria do capitalismo até o final, colocando um novo projeto de sociedade, que respeite o ser humano em sua plenitude, livre de opressões e de exploração. Isso começa com a organização ampla contra a direita tradicional, que quer nos fazer acreditar que o velho desamassado serve, mas também contra este governo que não se responsabiliza pelo genocídio do povo pobre e preto.

CLAUDIA SILVA FERREIRA: PRESENTE! NÃO ESQUECEREMOS!

 
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