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MINISTRO DA FAZENDA
Ministro Nelson Barbosa defende ajustes contra os trabalhadores
Breno Cacossi
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O governo do PT está encurralado. Por um lado tenta sustentar um discurso de diferenciação aos setores mais conservadores da política, como tentou fazer Lula na ocasião da entrevista após condução coercitiva, ao vender imagem popular retomando sua origem humilde e ressaltando uma série de políticas sociais de seu governo, como o FIES, que agora o governo Dilma do mesmo PT está cortando, uma a uma. Por outro lado, se alia a estes mesmos setores mais conservadores para aplicar os ajustes, como, por exemplo, no acordo com Serra e Renan Calheiros para entrega do pré-sal ao imperialismo.

Renan Calheiros do PMDB que acenou apoio a Lula com foto simbólica mostrando a Constituição da República, que sugeria implicitamente irregularidades no procedimento da polícia federal contra Lula, acabou logo em seguida reunido com lideranças do PSDB anunciando que no eventual cenário de impeachment da presidente Dilma do PT, PMDB e PSDB irão “caminhar juntos”.

É em meio a este cenário turbulento que o Ministro da Fazenda Nelson Barboza deu declarações nesta quinta-feira (10) em evento comemorativo de 30 anos do Tesouro Nacional sobre quais medidas o governo pretende para a economia. Apontou que o a adiamento das políticas propostas pelo governo pode gerar a necessidade de medidas mais drásticas no futuro. Segundo aponta o ministro:

"A nossa proposta reflete pontos apontados pelos dois principais partidos de apoio ao governo: envolve ações de curto prazo para estabilizar a renda e o emprego, como propõem várias lideranças do PT, e envolve também a adoção de reformas estruturais, para tornar o orçamento menos rígido e controlar as despesas, como propõem varias lideranças do PMDB. É uma proposta que procura consenso, meio termo, para resolver todos os nossos problemas".

Com distintas nuances, ambos os partidos da ordem defendem medidas de despejo da crise sobre os trabalhadores, que aparecem na grande mídia como medidas “responsáveis”, que podem gerar a “estabilização” da economia, “melhorar a produtividade do trabalho”. Querem reduzir os custos com salários, com direitos aos trabalhadores. A busca do “consenso”, no entanto, não vem sendo fácil não por uma discordância em relação ao sentido primordial destas políticas, que é cortar gastos através da precarização da vida dos trabalhadores, pois nisso há acordo, mas ocorre por baixo um jogo de poder mais complexo.

A crise política guarda uma relação importante com a política econômica do governo. A oposição de direita ao governo tem buscado a tática travar a votação de algumas reformas na economia, e dá entrevistas apontando ineficácia das políticas econômicas atuais para reforçar a imagem de que o governo é incapaz de dar saídas à crise, reforçando o apoio ao impeachment. A maquinaria que buscam é por um lado fazer parecer à população que a situação precária de vida que passam é decorrência imediata apenas deste governo, dando a ilusão de que outro governo burguês seria capaz de soluções imediatas a estes problemas, abstraindo a crise internacional, por outro lado e ao mesmo tempo, buscam fazer parecer aos grandes capitalistas que o governo não tem correlação de forças e “governabilidade” capaz de atacar ainda mais os trabalhadores em benefício da classe dominante, como desejado.

No entanto, esta oposição defende o mesmo tipo de política econômica, inclusive com medidas ainda mais drásticas para salvaguardar os interesses dos grandes imperialistas. Trata-se de reorganização e disputa de distintas frações dos capitalistas por trás destes políticos que os representam, como está melhor apontado por Edison Urbano aqui e por Leandro Lanfredi aqui.

“Ousadia”, reforma da Previdência, e contenção de gastos públicos

O ministro Nelson Barbosa prometeu enviar até Abril uma proposta oficial ao Congresso Nacional de reforma da Previdência Social. Esta é a medida mais clara defendida em sua declaração, além de afirmações mais genéricas quanto a medidas de curto prazo e mais estruturais sem mencionar taxativamente quais sejam. Mencionou também a necessidade de conter gastos públicos, e de reformas fiscais. Em todos os casos trata-se de cortar dos “de baixo”, sobretudo dos trabalhadores que dependem de aposentadoria, ou que pretendem se aposentar no próximo período. Ocorre que mesmo setores da base do governo estão temerosos quanto a esta reforma, e pretendem adiá-la.

Para a implementação destas políticas econômicas há de se levar um conta um fator fundamental que em geral os analistas burgueses ignoram: a luta de classes. Não é apenas a disputa entre os partidos da ordem, e frações da burguesia que está em jogo, mas o fato de que a classe trabalhadora não assiste inerte aos ataques que sofre, e o controle da correlação de forças entre as classes é fundamental à manutenção do regime. Por exemplo, não foi fácil para o governo do Estado de São Paulo cortar gastos da educação mediante todo o movimento de juventude de ocupações de escola contra a reorganização escolar. No Rio de Janeiro o governo de Pezão também vem enfrentado forte resistência e luta estudantil. O número de greves vem batendo recordes. No cenário atual, os economistas do governo sabem que devem medir os passos, e a capacidade de contenção sobre as lutas dos trabalhadores, pois com a elevação da polarização política fica cada vez mais insustentável um governo que buscou se consolidar como conciliador de classes, uma vez os interesses se clareiam como cada vez mais nitidamente inconciliáveis.

 
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