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Documento FIESP
A "democracia" da FIESP é feita de ataques e reformas à la Bolsonaro
Vanessa Dias

A FIESP, grande apoiadora e articuladora do golpe de 2016, quer aparecer como a grande "defensora da democracia" diante da retórica golpista de Bolsonaro, mantendo o plano econômico de maiores e mais duros ataques aos trabalhadores.

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Uma das grandes apoiadoras do golpe institucional de 2016, a Fiesp, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, elaborou um documento com diretrizes ao próximo Presidente da República baseado em dois pilares: respeito ao regime do golpe e a preservação do plano econômico de Paulo Guedes.

Após ter apoiado e ter sido uma das maiores articuladoras do golpe institucional em 2016, financiando inúmeras manifestações golpistas em verde e amarelo, a Federação publicou um documento batizado de “Diretrizes Prioritárias” que elenca dois pilares: 1) a defesa da democracia - ou seja, a defesa da estabilidade do regime fruto deste golpe para se contrapor à figura bolsonarista; 2) a implementação de um plano econômico que, mesmo sem a figura de Bolsonaro, siga implementando o mesmo projeto econômico de enormes ajustes e ataques contra os trabalhadores e o povo pobre.

O texto aponta que "a estabilidade democrática e o respeito ao estado de direito são condições indispensáveis para o Brasil superar os seus principais desafios", e que o sistema eleitoral deve garantir regras claras de financiamento que assegurem a isonomia entre os concorrentes. Poderia ser uma piada - de muito mau gosto -, se não se tratasse de uma federação que buscou fazer de tudo para que Temer assumisse com seu novo plano de ajustes ainda maior do que o plano que apresentava na época o governo Dilma.

O documento ainda diz: "Dentre todos os elementos de segurança jurídica, ressaltam-se, com maior ênfase, o compromisso com a democracia, o estado de direito e a solidariedade social, as principais vítimas das crises econômicas e institucionais". É no mínimo repugnante que esta mesma federação esteja hoje erguendo-se como defensora legítima de uma suposta democracia em nome das “principais vítimas da crise”.

A FIESP foi, ela própria, a grande articuladora das reformas que fizeram com que hoje houvesse estas vítimas. Para aqueles que possuem uma memória fraca, nós ajudamos a relembrar a memorável entrevista em que o então vice-presidente afirmou que o trabalhador brasileiro não precisa de uma hora para almoçar:

“’Não precisa uma hora do almoço [...] Você vai nos Estados Unidos, você vê o cara almoçando, comendo o sanduíche com a mão esquerda, e operando a máquina com a direita. Tem 15 minutos para o almoço, entendeu? [...] Por que a lei obriga que tenha que ter esse tempo?’’.

A FIESP teve papel determinante tanto no golpe institucional, quanto na pressão patronal que exerceu em todo o período pós-golpe para a implementação de um plano de ajustes que descarregasse a crise nas costas dos trabalhadores, assim como também cumpriu papel de apoio determinante para que se implementasse mil e uma manobras constitucionais para a retirada de direitos políticos do PT em 2018, liberando assim espaço para a candidatura de Bolsonaro nas eleições.

Após tudo isso, hoje, o documento propõe ainda maior “flexibilização das normas trabalhistas”, e propõe medidas que "diminuam o custo do trabalho, de modo a ampliar a formalização da mão de obra" (!). Como se a reforma trabalhista e o conjunto das PECs que arrancaram qualquer roupagem de “direito trabalhista” ainda não fosse suficiente; como se ainda não fosse suficiente a reforma da previdência, que simplesmente destruiu qualquer perspectiva de um gigantesco contingente de trabalhadores se aposentar antes de morrer.

É a cara do cinismo que, por um lado, busca conter a ameaça golpista de Bolsonaro, mas, por outro, batalha para que se mantenha o mesmo programa econômico de Paulo Guedes, programa perfeitamente alinhado aos interesses da ditadura patronal da FIESP, só que, desta vez, levado adiante pelo próximo presidente da República que, ao que as pesquisas indicam até o momento, pode ser a chapa Lula-Alckmin.
É completamente falso a FIESP buscar aparecer como oposição a Bolsonaro, pois estiveram todo o tempo lado a lado quando o tema foi descarregar a crise nas costas dos trabalhadores.

Esse documento, então, se trata de uma manobra promovida pelo regime político, que busca alçar a grande patronal como autoridade democrática contra os ataques que Bolsonaro faz às urnas eletrônicas e às eleições, mas mantendo um plano econômico erguido diante de mais e mais reformas e ajustes contra os trabalhadores.

É preciso rechaçar a tentativa do grande capital de aparecer como o grande defensor da “democracia”, das eleições, do “Estado democrático de direito”. As ameaças golpistas de Bolsonaro devem ser enfrentadas com os métodos dos trabalhadores, com greves gerais, manifestações de rua e todas as medidas de auto-organização que questionem as patronais e suas burocracias sindicais, dispostas a impedir que se desenvolvam revoltas. As urnas não impedirão de avançar os planos das grandes patronais. É preciso enfrentá-las no terreno da luta de classes.

 
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