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Rio Grande do Sul
Novo Teto de Gastos do RS visa corte na saúde, educação, salários e garantir juros da dívida
Guilherme Garcia

A Assembleia Legislativa do RS aprovou alterações na nefasta lei do Teto de Gastos regional a fim de cortar da saúde, da educação, congelar salário dos servidores - tudo com o objetivo de garantir os juros da dívida do estado com a União de acordo com o Regime de Recuperação Fiscal.

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Imagem: Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul

A decisão da ALRS configura ataque brutal aos serviços públicos, saúde e educação em especial, aprofundando a situação humilhante em que se encontram hoje muitos professores e profissionais da saúde que há anos não veem um aumento digno. Não bastasse o ataque, a decisão dos parlamentares, junto de toda a direita gaúcha, deixa um legado de dez anos de desgraça ao estado.

Nesta última terça-feira (17), a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou o PLC 48/2022, que irá alterar a lei estadual do teto de gastos para limitar o crescimento das despesas públicas por 10 anos. O projeto foi aprovado por 32 votos a favor, e 13 contra. Essa lei é uma das medidas exigidas pelo governo federal de Bolsonaro para o estado aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), um regime que significará um aprofundamento de ataques e ajustes em cima da classe trabalhadora gaúcha e a maioria do povo pobre.

O teto de gastos regional já havia sido aprovado em 2021. Essa nova PLC mantém todos os ataques de 2021 e adequa a legislação estadual à redação da Lei Complementar Federal n° 189, de 4 de janeiro de 2022, que estabelece o Plano de Auxílio a estados que aderiram ao RRF. Segundo site da ALRS: “propõe-se alinhar o rol de despesas que não estão incluídas na base de cálculo e na regra de limitação das despesas primárias às alterações trazidas pela LC nº 189/22”. Na prática, não há substanciais diferenças entre o Teto aprovado em 2021 – exceto o fato de ele estar de acordo com alterações da lei federal de janeiro deste ano e ser necessária para a entrada do RS no Regime de Recuperação Fiscal. O Teto prevê, a partir de 2022, limitação das despesas públicas ao mesmo valor previsto no orçamento do ano anterior, podendo ser corrigidas apenas de acordo com a inflação medida pelo IPCA. Isso tudo durante o período de 10 anos. Segundo o texto, a criação ou reajuste de despesas acima da inflação fica permitida apenas nos casos em que forem compensadas pela redução de outras despesas em volume igual ou superior pelo mesmo órgão.

Isso significa na prática que os servidores estaduais terão reajustes limitados no máximo à inflação do período. Assim, também não terá margem para reposição de perdas salariais decorrente dos sete anos que os trabalhadores estão com o salário congelado e vigora para a maioria do funcionalismo público. Com as frequentes altas da inflação, que já deixa o salário de muitos servidores defasado, ficará ainda mais defasado nesses próximos 10 anos. Além dos trabalhadores, áreas que são essenciais para a população, como Saúde e Educação, serão afetadas com o congelamento.

O atual governo de Ranolfo (PSDB) segue o mesmo caminho e política de Eduardo Leite (PSDB) para descarregar os efeitos da crise em cima dos trabalhadores com ajustes e ataques. A entrada do Estado no Regime de Recuperação Fiscal foi aprovada pelo governo Bolsonaro em Janeiro deste ano. Ele reestrutura e congela durante anos o pagamento da dívida do estado com a União, que, posteriormente, começa a ser paga gradativamente ao longo dos próximos anos, de acordo com novos juros. Para aprová-la, Leite aplicou inúmeras medidas anti-operárias que eram exigidas pelo governo federal. As principais medidas foram as privatizações da CEEE e Corsan. Além de reformas e violentos ataques aos direitos dos trabalhadores que foram implementados. O teto de gasto foi uma das últimas medidas que o governo aprovou para conseguir a entrada nesse regime reacionário.

Veja também o artigo: Ataques, privatizações e ajustes. Esse é o significado do RRF de Leite para os trabalhadores

Em última instância, essa dívida do estado com a União serve para pagar a fraudulenta e ilegítima dívida pública, que o Estado brasileiro possui com banqueiros capitalistas que lucram em cima dos impostos coletados em cima do nosso trabalho. A dívida pública é um mecanismo que os capitalistas utilizam para subordinar o estado aos seus interesses, que no caso do RRF no Rio Grande do Sul, serve para rifar os patrimônios públicos para serem vendidos a preço de banana, como foi o caso da venda das subsidiárias da CEEE.

Não podemos aceitar que nossa classe siga pagando por essa crise que não foi criada por nós. Enquanto Leite, e agora Ranolfo, implementavam ajustes e ataques para tirar direitos dos trabalhadores, grandes empresas no estado seguem sonegando bilhões em impostos, como a RBS e a Gerdau. É preciso lutar para que seja os capitalistas que paguem por toda essa crise, começando por expropriar os bens de todos os sonegadores, lutar pelo fim do pagamento da dívida pública e pela revogação de todos os ataques e ajustes, e também pela reestatização das empresas públicas privatizadas, pra que estejam sob controle dos trabalhadores.

Esse é o único caminho para reverter todos esses ataques e barrar os que estão por vir. As centrais sindicais como a CUT, dirigida pelo o PT, devem romper com a paralisia que vieram fazendo todo esse tempo, na qual traíram os trabalhadores por não mobilizarem a luta e deixar passar todos esses ataques. As entidades sindicais precisam organizar, desde as bases, em cada local de trabalho, os trabalhadores para se enfrentar com esses ataques. Essa paralisia que as burocracias sindicais mantém com a estratégia institucional e eleitoral canalizando toda a raiva pelos os ataques e miséria que está sendo imposta, para a via eleitoral de Lula que agora está aliado do Alckmin - espancador de professor em SP - que assim como Leite e Ranolfo, é uma ajustador e inimigo dos trabalhadores. Somente com a auto-organização e a luta dos trabalhadores podemos ter uma saída para toda essa crise.

 
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