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Editorial MRT
5 pontos para uma política de independência de classe diante da diluição do PSOL com Alckmin e Marina Silva
Diana Assunção
São Paulo | @dianaassuncaoED

Diante da enorme crise política que vivemos hoje no Brasil é preciso construir uma alternativa de independência de classe. O que significa independência de classe no Brasil de Bolsonaro, Mourão e dos militares? Significa em primeiro lugar entender como essa força da extrema-direita chegou ao poder: teve o caminho aberto pela direita tradicional que para tirar o PT do governo em 2016 se unificou com as forças armadas, o agronegócio, a bancada evangélica e o poder judiciário para implementar um golpe institucional que permitisse levar adiante um plano de ajustes, ou seja, reformas e privatizações, mais duro do que o PT já vinha fazendo.

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Quem fortaleceu todos esses agentes políticos? Os governos do PT em nome de uma suposta governabilidade que teve seu equilíbrio enquanto durou o boom das commodities. Mediante a mesma conciliação de classes que caracterizou as administrações petistas desde o início do governo Lula, quando as consequências da crise internacional de 2008 começaram a fazer efeito no Brasil, a governabilidade do PT passou à carga contra os trabalhadores e o povo pobre, a fim de preservar o bolso dos grandes empresários e capitalistas num contexto de queda da economia mundial. Entretanto, os ajustes do PT não foram suficientes e assim vivemos um dos episódios trágicos que foi o fortalecimento da direita e da extrema-direita.

É por isso que a ideia de independência de classe significa, também, compreender que para derrotar a extrema-direita vai ser preciso ir muito além da política eleitoral e institucional que o PT oferece, não por mera conciliação de classes assumida, mas por ter um projeto de país que em seus primeiros governos já enriquecia os banqueiros e que agora rumo a 2023 governará junto com a mesma direita neoliberal que abriu espaço para a extrema-direita e com empresários, banqueiros e capitalistas. A crise internacional que vivemos não dará margem pra ilusões e concessões, ao contrário, irá impor a necessidade de administrar os ataques em curso.

Por isso, todos os que odeiam Bolsonaro, Mourão e os militares precisam analisar a história recente do país para pensar quais caminhos estão colocados para que os trabalhadores e a juventude não fiquem mais uma vez reféns de saídas que na prática mantenham este podre regime político intacto e atue lado a lado com as forças políticas mais reacionárias do país. E isso fica ainda mais evidente quando é lançada a chapa Lula-Alckmin que é somente mais uma expressão categórica de para quem Lula irá governar: para essas forças reacionárias, para os grandes capitalistas, para o mercado financeiro.

Neste momento o PSOL protagoniza um histórico giro de diluição nesta chapa Lula-Alckmin, agora em uma mesma Federação com a Rede Sustentabilidade, partido burguês financiado pelo Itaú que promove o “ecocapitalismo”. A crise no partido é categórica por mais que seus dirigentes queiram apresentar um mundo de faz de conta. Portanto, a questão que está colocada a todos que sempre buscaram enfrentar a direita e a extrema-direita de forma independente do PT, inclusive lutando contra o golpe institucional, é batalhar por uma alternativa de independência de classe.

Essa alternativa, em nossa visão, passa por questões políticas e programáticas fundamentais que expressamos aqui:

1 - Lutar pela revogação integral e imediata de todas as reformas e privatizações

A obra econômica do golpe institucional segue destruindo a vida dos trabalhadores e da juventude precarizada. Todos os ataques tem sido avalizados pelo governo Bolsonaro-Mourão, pelo STF, pelo Congresso Nacional e pela maioria dos governadores. A chapa Lula-Alckmin é uma garantia de que nenhum desses ataques será revogado. O PSOL fala sobre isso da boca pra fora como forma de conter as crises dentro do partido, mas sabendo que um eventual governo Lula-Alckmin irá lavar as mãos, manter os ataques já feitos e administrar os novos, mesmo que calculando os ritmos para não perder o controle em crises agudas (como tenta fazer o governo Alberto Fernández na Argentina, ao administrar a agenda macrista com o FMI junto com a direita). O que diz Geraldo Alckmin sobre as reformas? Aprovou todas com alegria. O que diz Marina Silva? Seu partido votou a reforma da previdência em São Paulo e nacionalmente. É vergonhoso, portanto, que seja com esses que o PSOL siga adiante. Ao contrário, para uma política de independência de classe hoje é decisivo a bandeira da revogação integral e imediata de todas as reformas como a reforma trabalhista, reforma da previdência nacional e estaduais, lei da terceirização irrestrita, teto de gastos e as privatizações como da Eletrobrás, da Petrobrás, da CEDAE, dos Correios, da CEMIG, da CEB, da Carris etc., lutando para que sejam 100% estatais e sob controle dos trabalhadores e da população. Com essas medidas precisamos levantar o não pagamento da dívida pública.

2 - Batalhar pelo reajuste automático dos salários de acordo com a inflação, emprego para todos e contra a precarização do trabalho

A crise econômica jogada nas nossas costas faz com que a inflação aumente, enquanto os salários não aumentam. O desemprego atinge índices recordes, assim como a precarização do trabalho. Enquanto uns trabalham jornadas extenuantes, outros não tem ocupação e vivem na miséria. Nós devemos lutar pelo reajuste salarial automático de acordo com a inflação, pela redução da jornada de trabalho a 6 horas, 5 dias da semana, sem redução salarial para dividir todas as horas de trabalho e enfrentar o desemprego. Essas seriam medidas elementares pra enfrentar a situação colocada hoje no país. Da mesma forma as consequências nefastas das reformas atingem em cheio a juventude trabalhadora, as mulheres e os negros. O aumento da precarização do trabalho deu um salto nos governos do PT que apresentavam o registro em carteira como uma conquista quando se tratava de milhares de postos precários de trabalho. As últimas reformas aprofundaram ainda mais essa situação. Alckmin sempre atuou junto aos capitalistas para aprofundar a precarização do trabalho. O que pensa Marina Silva sobre o tema? Desde 2014, quando era do PSB, defende a "legalização da terceirização", sendo atacada por distintos advogados trabalhistas por sustentar a precariedade dos contratos de trabalho. É com esses inimigos mortais dos direitos trabalhistas que o PSOL agora caminha. Por isso uma política de independência de classe precisa colocar no centro a unidade dos trabalhadores, não somos trabalhadores de segunda ou terceira classe, basta de divisão entre efetivos, temporários, terceirizados, quarteirizados, uberizados, estagiários. Uma só classe, uma só luta pela revogação da lei da terceirização irrestrita, mesmos direitos e salários para os terceirizados e efetivação de todos terceirizados sem concurso público ou processo seletivo. Somente esse programa pode enfrentar a situação da precarização e não a demagogia que faz o PT com a abstrata palavra de ordem “fim da precarização” enquanto está junto aos que nos precarizam.

3 - Diante da fome que atinge milhões: expropriar as multinacionais da alimentação sob controle operário

Os bilionários e milionários em nosso país enriquecerem até mesmo na pandemia, quando milhares morriam enquanto a população sofreu todas as suas consequências. Agora com o aumento do preço dos combustíveis o impacto nos alimentos é enorme e aprofunda a situação de fome que fez o Brasil ver as filas do osso, a população morrendo pela fome, comendo no lixo ou morrendo por cozinhar com álcool sem poder comprar um botijão de gás. Essa situação aumenta ainda mais o papel criminoso das burocracias sindicais que não fazem absolutamente nada frente a essa situação. Por isso para enfrentar a fome é preciso não somente o congelamento imediato dos preços dos alimentos mas a expropriação sob controle operário das fábricas e multinacionais da alimentação combinando isso com a luta por uma reforma agrária radical para enfrentar o agronegócio.

4 - Unificar as lutas em curso enfrentando a paralisia das centrais sindicais

Para conquistar essas medidas é preciso se enfrentar, também, com as burocracias sindicais que impedem permanentemente a nossa luta. Toda oportunidade para dividir, separar e impedir as lutas é utilizada por essas burocracias, dirigidas majoritariamente pelo PT e PCdoB, através da CUT e CTB. Não podemos aceitar essa situação porque assim abdicamos da real força social capaz de enfrentar todos os ajustes e essa corja da extrema-direita e da direita no Brasil. Precisamos retomar o caminho da luta de classes, organizando os trabalhadores como na paralisação nacional que em um primeiro momento derrotou a reforma trabalhista, paralisando os grandes bastiões da classe operária no Brasil, ao lado da juventude, dos indígenas, das mulheres, negros e LGBT´s. E para estar ao lado destes, não é possível estar com Alckmin que diz que “Em São Paulo, bandido tem dois destinos: prisão ou caixão” e “quem não reagiu está vivo”, responsável por tornar o estado com a maior população carcerária no país, reprimindo brutalmente o povo negro durante seu governo. Alckmin e Marina também estão juntos e contra as mulheres quando o assunto é direito ao próprio corpo. Ele, amigo de D. Odilo Scherer é ligado a Opus Dei, já declarou que é contra o aborto e favorável ao planejamento familiar, escancarando a hipocrisia clássica da direita. Já Marina, falou orgulhosamente que vetaria a legalização do aborto caso fosse aprovada pelo Congresso. Para unificar a luta dos negros, das mulheres, dos indígenas que mostram a sua força em acampamentos e massivas manifestações, com a dos trabalhadores é preciso caminhar de forma independente desses e de qualquer ator da direita. Unificar nossas demandas, unificar as lutas econômicas em curso e elevar ao patamar político diante desta crise.

5 - Construir candidaturas pelo Polo Socialista e Revolucionário

É por tudo isso que os militantes do PSOL que não aceitam se diluir na chapa Lula-Alckmin precisam dar um passo à frente. Não há retórica suficiente para convencer que a energia de pessoas que começaram a militar e se organizar por um objetivo socialista tenha que ser entregue para nossos carrascos como Geraldo Alckmin ou Marina Silva. Por isso chamamos todos e todas a romperem, e a construírem um polo de independência de classe levantando eixos que possam responder a esse situação política no país. Para isso, neste momento construímos o Polo Socialista e Revolucionário, composto pelo PSTU, CST, intelectuais como Plínio de Arruda Sampaio Jr, e diversas correntes e ativistas que querem construir uma alternativa. Por isso lançaremos candidaturas do MRT pelo Polo Socialista e Revolucionário.

 
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