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Artes #JustiçaPorMoïse
Juan Chirioca
RIO DE JANEIRO
Giovan Sousa

Frente ao brutal, covarde e revoltante assassinato de um trabalhador negro que foi espancado por cobrar sua diária atrasada, Moïse Kabamgabe, apresentamos aqui uma ilustração de Juan Chirioca (@macacodosul), e uma ilustração e um poema de G De Poesia.

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@macacodosul

como que morre trabalhando?

  •  G De Poesia

    o grito congolês me rasga
    eu choro
    como?
    como que morre sem receber
    dinheiro suado
    Brasil é uma mãe?
    abraça, acolhe?
    "a gente sai da África pra trabalhar"

    acolhe,
    acolhe...
    escolhe quem merece o mel
    e quem merece o fel
    e quem merece o ferro ardendo
    nas costas
    a madeira estala
    ninguém reage
    reage?!
    reage!

    como que morre assim
    a paulada
    porque ousou
    querer receber uma diária

    eu choro de ódio

    o absurdo sempre me rasga
    sempre me explode

    como que pode
    como que a gente não vira comunista
    revoltado
    como que a gente não revida
    como que não vira um soco na cara de fascista
    como?

    como vou comprar a comida?
    se tá tudo caro
    como vou respirar mais um dia?

    e mais um dia
    tem um que não respira mais
    a gente pira
    lendo notícias dos jornais

    como jorra o sangue negro
    congolês
    ardendo de vez
    na areia dessa cidade
    maravilhosa

    o Rio de Janeiro continua lindo
    e continua palco da escravidão
    que as vezes nem se camufla

    a bala dispara
    o chicote estala
    a madeira, a navalha

    como a gente não surta nessas horas

    Moïse, me desculpa
    por esse acolhimento as avessas
    esse encolhimento de humanidade
    amontoado nos escombros da vaidade
    e da ganância burguesa

    como que não pira?
    como que vira a página?
    como que termina a rima
    se ele não pôde terminar o dia?

    o Rio de Janeiro
    tem o cheiro
    de sangue negro
    africano
    e congolês
    e mais uma vez
    não se pode respirar

  •  
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