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Minas Gerais
Vale segue impune após 3 anos de seu crime em Brumadinho, e podem ocorrer mais rompimentos
Redação

Nesta terça-feira (25), completam-se exatos 3 anos do crime socioambiental de Brumadinho, que ceifou cerca de 270 vidas, deixando também várias consequências, como o adoecimento mental, sendo uma nefasta obra da ganância da Vale para garantir seus lucros. Além disso, o descaso do governo Bolsonaro em não fiscalizar outras barragens pode levar à outros rompimentos.

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Imagem: Reuters/Adriano Machado

A Vale, que foi privatizada a preço de banana por FHC(PSDB), ao longo dos anos sempre contou com o apoio e proteção dos governos federais e estaduais, seja dos petistas até Bolsonaro e Zema (NOVO), com seus lucros intactos e sua ganância alimentada por concessões para expandir sua exploração predatória de minério e vidas humanas.

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Como expressão do total descaso e desinteresse em salvar vidas, que se coloca abaixo dos lucros dos capitalistas, o governo federal vem mantendo apenas 14 servidores para fiscalizar as 350 barragens de mineração existentes em Minas Gerais, de acordo com dados da ANM (Agência Nacional de Mineração). Como resultado da falta de pessoal, a agência vistoriou menos da metade dessas estruturas nos últimos dois anos.

Os fiscais atuam na Gerência Regional da ANM em Minas Gerais e são responsáveis por garantir a segurança das estruturas localizadas em 58 municípios espalhados por boa parte do estado. A distância entre os locais e a complexidade do trabalho limitam a quantidade de vistorias que um técnico consegue realizar a cada mês.

O baixo número de fiscais fez com que apenas 133 barragens (38% do total) fossem vistoriadas em 2020. Ainda houveram 19 vistorias adicionais naquele ano, somando 152 fiscalizações.

Para 2021, não há dados detalhados, mas foram 155 fiscalizações ao todo, contando também trabalhos em estruturas que já tinham sido fiscalizadas antes.

Em 2019, quando ocorreu a tragédia, a ANM já estava à beira de um colapso, devido à falta de pessoal, além de que a agência só tinha oito fiscais de barragens em todo o país, três deles alocados em Minas.

Segundo especialistas, há barragens que não podem ficar nem um mês sem serem fiscalizadas, quanto mais um ano, o que já é muito tempo, ainda mais para a realidade de Minas, levando-se em consideração um regime de chuvas muito intenso. O quadrilátero é a nascente do rio São Francisco. Isso implica em muita água, muita pedra e muito conflito.

Para piorar, existem vistorias que estão sendo feitas de forma remota, em que os técnicos apenas avaliam relatórios e estudos elaborados pelas próprias mineradoras ou por empresas contratadas por elas, sem irem ao local para analisar se os taludes têm sinais de danos, como fissuras, vazamentos ou problemas nos drenos e nas bombas que mantêm os rejeitos em segurança. Essa prática é criticada por especialistas, que apontam o risco de negligência com a segurança das estruturas. A consultoria alemã Tüv Süd, erroneamente, atestou remotamente a estabilidade da barragem do Córrego do Feijão, mantida pela Vale em Brumadinho, pouco antes do rompimento.

A um mês do fim do prazo estipulado pela legislação ambiental de Minas Gerais, foram desativadas apenas cinco das 54 barragens com estruturas semelhantes às que romperam nos dois maiores desastres causados pela mineração, em Brumadinho, em 2019, e em Mariana, em 2015.

Em 25 de fevereiro de 2019, um mês após o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, foi aprovada em Minas a lei conhecida como "Mar de Lama Nunca Mais". A legislação instituiu um prazo de três anos para que todas as barragens a montante em Minas fossem desativadas por meio de um processo chamado de descomissionamento. O prazo para que isso ocorra acaba em 25 de fevereiro deste ano.

Até o momento, apenas cinco das 54 barragens mapeadas em 2019 foram descomissionadas, segundo a Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais. A pasta admite que as mineradoras responsáveis por 42 delas já afirmaram que não irão cumprir o prazo.

Dona de 18 das barragens listadas pela ANM, a Vale, mostrando total frieza, diz que não irá cumprir o prazo estipulado na lei.

A Vale diz que 90% das barragens deste tipo serão eliminadas até 2029 e 100% até 2035. Ou seja, a empresa seguirá mantendo em risco a vida das populações que vivem nas regiões ameaçadas por um possível rompimento dessas barragens, mostrando que para os capitalistas os lucros sempre estão acima das vidas.

Assim, mais vidas seguem ameaçadas pela atuação desumana dos governos federais e estaduais, que seguem mantendo a manutenção de barragens que colocam em risco a vida das populações que vivem nessas regiões. Ao mesmo tempo, a Vale segue impune, tendo lucros bilionáriosmesmo após o crime imperdoável que cometeu.

Além disso, outra consequência nefasta dessa catástrofe capitalista, foi o adoecimento mental. Segundo levantamento da prefeitura de Brumadinho, o consumo de medicamentos ansiolíticos e antidepressivos cresceu na cidade desde o rompimento. Em 2021, o uso desse tipo de remédio foi 31,4% maior que em 2018, ano anterior à catastrofe.

A sertralina, utilizada no tratamento de depressão, teve um aumento de distribuição de 103% em 2021, em relação a 2018.

Outros casos que também aumentaram foram os de tentativa de suicídio e automutilação. Em 2018, foram registrados 27 casos na cidade. Nos anos seguintes, houve um aumento nesse tipo de ocorrência, sendo registrados 50 casos em 2019, 47 casos em 2020 e 146 casos em 2021. Todos esses dados demonstram como a catástrofe capitalista não tem limites para a sua perversidade, afetando também com toda a sua brutalidade a saúde mental dos moradores de Brumadinho.

Ao mesmo tempo, vemos o ano começar com diversas enchentes acontecendo em Minas Gerais e em outros estados, deixando milhares de famílias desabrigadas ou que perderam tudo, além das vítimas fatais. Uma tragédia social, fruto da irracionalidade capitalista e do descaso dos governos. Bolsonaro, Zema e os demais governadores, prefeitos e empresários são responsáveis por essa situação.

Com informações de UOL

 
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