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PROTESTO NO FUTEBOL
Torcida do Corinthians ‘pega na veia’ e protesta contra Globo, CBF, elitização e o ‘merendão’
Romeu Montes, aeroviário de Guarulhos

Após serem reprimidos pela PM na semana passada, novamente os Gaviões da Fiel protestaram. Agora no clássico entre Corinthians e São Paulo levantando faixas com forte conteúdo politizado onde os alvos foram instituições e políticos conhecidos como parte integrante do ‘câncer’ que elitiza o futebol e exclui o povo dos estádios. Os torcedores fizeram referencia também ao ‘merendão’ tucano, escândalo mais recente do governo estadual de Geraldo Alckmin do PSDB.

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"Quem vai punir o ladrão de merenda?"

As torcidas organizadas representam a ‘pedra no sapato’ dos que querem simplesmente impor um projeto de ‘futebol moderno’, e sabendo deste potencial incomodo que em São Paulo políticos usam do aparato judicial e militar do Estado tentando incessantemente extingui-las.

O nome mais conhecido da campanha anti-torcida é Fernando Capez, ex-promotor de justiça que foi responsável por inúmeros ataques aos direitos dos torcedores e que de forma oportunista se alçou deputado pelo PSDB utilizando a criminalização das organizadas e o discurso anti-corrupção como plataforma política.

Pois parece que o jogo virou mesmo para Fernando Capez desde que a Polícia Civil de São Paulo, em conjunto com o Ministério Público, deflagrou a operação Alba Branca para apurar denuncias de fraude nas licitações de itens da merenda servida nas escolas da rede estadual.

O politico que se vendia como paladino da ética e do combate e punição às “organizações criminosas” – definição de Capez para torcidas organizadas – agora aparece como mais um integrante da maquina da corrupção com contratos superfaturados que geraram uma roubalheira aos cofres públicos. E fica a pergunta dos Gaviões: agora quem vai punir o ladrão de merenda?

’’Futebol refém da rede globo" e “CBF e FPF, vergonha do futebol”

Na semana passada quando a torcida levantou a faixa ‘Rede Globo o Corinthians não é seu quintal’, se discutiu porque a torcida de um dos clubes que mais recebe dinheiro de direitos de transmissão focalizaria seu protesto exatamente contra a emissora que compra estes direitos.

Porém, para o torcedor que vai ao estádio assistir jogos as 22hs por imposição da programação da Globo, o risco de perda do transporte de volta para a casa é mais um dos problemas apontados historicamente pelas torcidas, porém pesa muito o fato da emissora estar usando incansavelmente os programas esportivos tipo ‘globo esporte’ para justificar as punições e até o fim das torcidas organizadas em detrimento de privilegiar um suposto “torcedor de bem” – domesticável e que estaria disposto a pagar o que for pelo conforto de assistir a um jogo de futebol sentado em um lugar numerado.

Ou seja, o futebol e os torcedores realmente estão reféns dos interesses comerciais da rede Globo que determina desde a estratégia do projeto elitista até a tabela dos campeonatos diretamente com CBF e federações estaduais, conhecidos antros de corruptos, investigados até pela polícia americana.

"Ingresso mais barato"

A questão da redução dos valores dos ingressos levantada pelos Gaviões também é outra bandeira que deveria ser assumida pelas demais torcidas dos clubes grandes em SP e do Brasil já que como discutimos, o que se trata hoje é de lutar contra um projeto elitista que somados à inflação e a crise que abocanha a renda do trabalhador, seguramente afastará ainda mais torcedores dos estádios em um próximo período.

Apesar de não haver uma regra geral determinante dos valores de ingressos – que variam de clube para clube, federação para federação – seria um passo importante para conseguir discutir a redução dos valores com ainda mais força, se as torcidas dos diversos clubes se unificassem em torno desta bandeira para pressionar os cartolas a cederem uma redução geral nos valores já que a esmagadora maioria dos torcedores são trabalhadores que devem ter garantido o direito ao lazer, ao futebol.

No caso do novo estádio do Corinthians é importante tal discussão porque os altos valores de ingresso são justificados como forma de pagar a construção feita através de empréstimos e contratos obscuros que a diretoria se nega a publicar. Então, cadê o balanço do estádio?

Para os cartolas é aceitável e ‘faz parte do jogo’ que um estádio construído em um dos bairros com maior concentração operaria e popular existam tantos moradores que o mais perto que chegam do estádio é do lado de fora do portão para admirarem e tirar fotos ou quando passam apressados no metrô em direção ao trabalho.

É conhecida a participação de torcidas organizadas de vários clubes atuando dentro e fora dos estádios pela redução dos valores dos ingressos e contra a elitização evidenciada após a imposição do novo modo de torcer que as arenas ‘padrão FIFA’ trouxeram para a realidade do torcedor brasileiro. Há também vários casos onde as organizadas se simpatizam com outras demandas populares e agregam na mobilização em alianças com trabalhadores sem-teto por exemplo, ou recentemente em apoio às lutas dos estudantes secundaristas que ocuparam suas escolas para impedir o fechamento imposto por Alckmin.

Essa politização da arquibancada que vem evoluindo, se expressou de forma muito positiva nos Gaviões da Fiel, mas nos traz boas esperanças que as demais torcidas se espelhem e passem a discutir os problemas políticos que tem excluído cada vez mais o povo pobre e trabalhador dos estádios.

Raphael Mouro
twitter @Mouro_77

 
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