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Tasha e Tracie: As brabas que foram da moda ao RAP e que representam as minas negras periféricas no RAP nacional
Vitória Barros

As gêmeas de Jardim Peri, periferia de São Paulo vao ganhando cada vez mais espaço no cenário musical brasileiro, dando voz e visibilidade aos aspectos da vida, dos corres e da sensibilidade artistica da juventude negra e periférica. Com letras afiadas, as novas brabas do rap vao mostrando e trazendo consigo tudo que a nossa juventude pode ser, como e da forma que quer: subversives.

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Entrando num meio musical majoritariamente ocupado por homens, às vezes com letras totalmente machistas, criadas apenas para outros homens ouvirem, sobre como são as mulheres na visão deles, tentando reduzir o que somos e nossas potências como se fossemos produtos, essas minas vieram com tudo “Ou nós escrevia um Rap ou nós virava mulher bomba”.

“Porque nenhum cara se equipara, quando nós rima, nós enche vala
Parça, eu não preciso de Glock, com a rima nós faz você virar pó
Tomo cuidado, mas piso em falso
Eu não sou pra frente, você que é atrasado”

Trecho da letra da musica Tang

Cantando e rimando sobre a vida, o estilo e sonhos pro futuro, dialogam com questões que implicam diariamente na vida das mulheres negras e periféricas, como o machismo diário, o racismo, a violência policial, já que nesse sistema capitalista que vivemos produz a miséria, a fome, que impõe às mulheres negras os piores lugares de trabalho com os piores salários e, quando isso não basta, miram nossos corpos pretos com balas.

“Cravo minha espada nos seus livros
Clareia o preto
Além e
Muito a frente
Tipo pirâmide
É eu entendo
Prefere acreditar que foi alien
Do que um preto
Tiro auto estima
Não me amo se não me vejo
Criminaliza e suga existência ao mesmo tempo
Empatia só pra vender seu marketê (marketing)
Fala pra mim por mim não fala
Ceis deixa claro que
Noiz é público alvo
Alvo de bala”

Trecho da letra da musica Poco

Mas fazem algo que vai mais além do que essa miséria capitalista deseja, fazem um brilhante resgate da cultura negra, que vai desde a musica até o estilo de se vestir, traduzindo os gostos, as formas, a marra e a coragem dessa juventude que não tem medo de ousar. Sendo as primeiras brasileiras a saírem no jornal internacional "Afropunk", que enaltece tudo que diz respeito à cultura negra, através do seu blog, o "Expensive $hit", que depois acabou virando um espaço pra falar de moda, arte e música como um meio para fortalecer a autoestima das mulheres periféricas. Foram chamando a atenção através dos looks de brechós e customizados, já que, como minas faveladas, a grana era pouca. Restava, então, a criatividade.

“E ’cês fala
Por que essas novinha’ é requisitada?
Sabe, nós nasceu ontem, mas passou a noite acordada
É a mente blindada da quebrada
Que lança só rajadão
É só preta chefe
Não é, não se mete
Cadela braba então pega a visão
Soberba e favelada, que trava e destrava
Preta, nós não se encaixa, nós se destaca
Mpif, só braba
Não se compara huf”

Ganhando espaço nos fones de ouvidos e na consciência dessa juventude que quer ver e ser vista e fazer arte, seja através da musica, da roupa ou até do jeito de usar nossos cabelos, mas que são duramente reprimidas porque, no capitalismo, o que não vira lucro, não vira “fama”, já que tudo que eles dizem é “fique rico ou morra tentando”, como se a única saída pra dureza amarga da vida da juventude favelada fosse a "ascensão", o dinheiro, o patrocínio, mas que, na real, o que eles mais temem é a forca imparável e insaciável da nossa juventude, de romper com toda essa miséria que vivemos. E isso só será possível com a nossa força por meio de uma luta incansável contra o capitalismo!

“Não ora por mim, eles vão precisar ora por eles, nóis sabe trabalhar
e eles sem nos nem sabe viver, nóis nasceu preparado
Se ficar cada um por si vai ser bem pior pro seu lado

Visão turva e amarelo fome
Maria Carolina morreu pobre
A culpa é deles eles sabem e por isso não dormem com medo
do levante dos que não comem”

 
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