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UFMG
As eleições da Reitoria e o papel da UFMG
Faísca - MG

Nesta quinta (11) acontecerá a consulta para a Reitoria da UFMG. Mas afinal, o que é a Reitoria e como funciona esta consulta? Veja as propostas que a Chapa 3 - Nosso Futuro Não Se Negocia, construída pela juventude Faísca e independentes para as eleições do DCE UFMG, levanta frente a isso.

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(Foto: Reprodução/UFMG)

A Reitoria é responsável pela administração da universidade e é eleita a cada 4 anos. Cabe ressaltar, porém, que as eleições da Reitoria não são por democracia direta. Os votos dos professores têm 70% de peso, e os votos dos técnicos administrativos e estudantes apenas 15% cada. Os trabalhadores terceirizados sequer têm possibilidade de votação.

Esse formato antidemocrático de eleições tem heranças com a ditadura militar no Brasil, em que mesmo após a consulta ser feita e a comunidade ter escolhido seu representante à Reitoria, o Presidente da República pode escolher em uma lista tríplice dos candidatos o que bem entender, mesmo que não tenha sido o mais votado. É assim que Bolsonaro pôde escolher interventores para Reitorias de várias universidades federais pelo Brasil, ferindo a autonomia universitária.

Defendemos a autonomia universitária contra o obscurantismo e negacionismo do governo Bolsonaro-Mourão como parte de transformar pela raiz essa estrutura antidemocrática da universidade! É uma luta histórica do movimento estudantil o questionamento a esse modelo eleitoral que hierarquiza as categorias sem representar a sua proporção dentro da universidade. Nós da Chapa 3 - Nosso Futuro Não se Negocia, propomos que a organização da UFMG deveria representar proporcionalmente cada categoria, e as eleições deveriam ser feitas “por cabeça”, ou seja, contando cada voto individual de qualquer categoria de forma igualitária.

Pois é absurdo não termos poder de decisão em questões que nos atravessam diariamente, como foi com a imposição do Ensino Remoto pela Reitoria, que em meio a pandemia agravou os problemas de saúde mental, fez os trancamentos explodirem, e a assistência estudantil foi diminuída.

A chapa candidata à reeleição da Reitoria, Sandra Goulart e Alessandro, foi parte da gestão da universidade nos últimos 4 anos, e neste período mantiveram uma postura de administrar os cortes do Ministério da Educação descarregando seus impactos em especial na permanência estudantil, como vimos com a alteração das Normas Acadêmicas da Graduação que aumentou a possibilidade de desligamento de estudantes da UFMG. Eles dizem que a permanência estudantil será uma prioridade da futura gestão.

Se é assim, então nos perguntamos: frente ao atraso das bolsas do PIBID e RP, porque a Reitoria não garante que toda a comunidade universitária possa se mobilizar contra os ataques à educação e a autonomia universitária? Com a suspensão das aulas com espaços democráticos nos dias de luta construídos pelas entidades e o movimento estudantil, como forma de se impor contra este governo e o atraso da CAPES? Exigimos que a Reitoria avalie a possibilidade inclusive de pagar as bolsas atrasadas destes bolsistas, como aconteceu na UNICAMP, pois já são 2 meses em que os estudantes não recebem bolsas e tem dificuldade para pagar as contas e se alimentar em meio a carestia de vida. Além disso, os estudantes da pós-graduação precisam ser contemplados pela assistência estudantil!

Questionamos a lógica de uma universidade que produz conhecimentos e tecnologias que estão muito mais a serviço de patentes, laboratórios privados e empresas, aumentando significativamente lucros privados a partir de estrutura e investimento público, do que para fornecer respostas aos grandes problemas da sociedade, de moradia, saúde, infraestrutura, transporte, acessibilidade e tantas outras áreas.

Não aceitamos que a UFMG tenha convênios com a criminosa Vale ao invés de estar ao lado dos moradores, ribeirinhos e indígenas que até hoje não tiveram sequer suas casas entregues após a destruição de territórios inteiros. Os estudantes querem algo que impacte o mundo e que evidencie a importância de tudo que estudamos com impacto positivo na sociedade. Não podemos aceitar que as oportunidades que se apresentam ao estudante, muitas vezes em formatos de empresas júniores, por exemplo, sejam uma forma de criar mão de obra eficiente e barata para o sistema capitalista.

Vivemos em um país onde o povo trabalhador, pobre, negro e periférico é quem mais paga imposto no sistema tributário, e mesmo assim, as universidades públicas funcionam em uma lógica que formam profissionais para resolver os problemas de como fazer a elite econômica se tornar cada vez mais dominante. Somos contra um modelo que expropria o potencial da juventude em função de uma cultura dita “empreendedora”, como no caso do Ifood, que começa dentro de um laboratório da Unicamp e acaba se tornando a principal empresa de trabalho uberizado no país e no mundo, que obriga jovens a pedalar mais de 12 horas em cima de uma bicicleta, se recusando a admitir um mínimo vínculo formal de trabalho tratando os entregadores como “empreendedores individuais”.

Dentro e fora da UFMG, defendemos que todo o incrível potencial do conhecimento acumulado na universidade possa garantir retornos positivos para a sociedade, e não que seja apropriado por empresas privadas que acabam produzindo mais exploração e trabalho precário.

Com o retorno presencial à UFMG cada vez mais próximo, é inaceitável que no mesmo lugar que estudamos a fundo as consequências coloniais e racistas da formação do Brasil, a gente continue a ver mulheres negras entrarem pelas portas dos fundos para lavar nossos banheiros e limpar os corredores como acontece com as trabalhadoras terceirizadas. Somos pelo fim da terceirização na UFMG, com a efetivação de todos os trabalhadores sem concurso público pela reitoria.

Defendemos que é preciso rever as regras do estatuto da UFMG, um documento que se refere às normas que regulamentam todo o funcionamento da nossa universidade e garante a estrutura antidemocrática, a iniciativa privada e a terceirização na universidade. Lutamos pela organização da comunidade acadêmica juntamente com os trabalhadores de dentro e de fora da universidade por uma nova Estatuinte Livre, Soberana e Democrática dentro da UFMG, com voto universal e por cabeça.

Um processo que nos permitiria repensar as regras e normas que regem o funcionamento da nossa universidade, no qual poderíamos defender o fim órgãos administrativos como a Reitoria e o Conselho Universitário, e que a gestão da universidade pudesse ser feita pelos estudantes, junto aos trabalhadores e professores, a partir de conselhos realmente democráticos, com composição proporcional ao peso de cada categoria na universidade, num governo dos três setores, com maioria estudantil e de maneira independente dos governos e empresários, para colocar a universidade verdadeiramente a serviço da classe trabalhadora e de toda população.

 
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