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Argentina e Brasil
Maíra Machado: "FIT-U argentina levanta um programa para os capitalistas pagarem pela crise"
Redação

Conversamos com Maíra Machado, professora da rede pública de São Paulo e dirigente do MRT, sobre quais exemplos a esquerda nas eleições argentinas pode trazer para os combates no Brasil.

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“Na Argentina, a esquerda se apresenta como terceira força eleitoral para as eleições deste ano. A Frente de Izquierda y de los Trabajadores - Unidad, que reúne o Partido de los Trabajadores por el Socialismo (PTS, organização irmã do MRT), o Partido Obrero (PO), a Izquierda Socialista (IS) e o Movimiento Socialista de Trabajadores (MST), é uma experiência que leva na prática a independência de classe, apresentando um programa para que sejam os capitalistas que paguem pela crise e a perspectiva de um governo dos trabalhadores de ruptura com o capitalismo.

A Argentina é um país que está no top 3 da inflação dos países que fazem parte do G20, é a maior, com 51,4%, segundo a OCDE, seguida da Turquia e, como não poderia ser diferente, do Brasil. É nesse cenário em que a crise do governo e da oposição de direita vem abrindo espaço para os revolucionários como alternativa, frente a alta dos preços, altas taxas de desemprego, e a dívida com o FMI sendo paga religiosamente pelo governo de Alberto Fernandez. No programa, a FIT-U parte de rechaçar e chamar a não pagar a dívida pública com o FMI, enfrentando a ingerência imperialista na Argentina e em toda a América Latina, mas também defende a independência dos trabalhadores diante de qualquer partido burguês. Essa frente também propõe a redução da jornada de trabalho para 6 horas, 5 dias na semana, e a divisão das horas de trabalho entre todas as mãos disponíveis, sem redução salarial, para unificar empregados e desempregados, a luta pela nacionalização dos bancos e do comércio exterior. Diferente de longe dos reformistas que argumentam que, para ter sucesso eleitoral, o programa tinha de ser rebaixado, a FIT-U apresenta abertamente um programa contra o imperialismo e as burguesias locais, levantando a unidade socialista da América Latina.

Imaginem só a potência desse programa nas mãos da classe trabalhadora, que levante um programa para os capitalistas pagarem pela crise no Brasil dos mais de 14 milhões de desempregados, da fila do osso, da fila do lixo, para combater Bolsonaro, Mourão, Guedes, Congresso e STF reacionários, que estão a serviço dos empresários, descarregando a crise nas nossas costas. Começando por uma campanha nacional pelo reajuste salarial mensal igual à inflação e emprego para todos.

E para isso, é preciso apostar em organizar a resistência aos ataques, sendo fundamental a crítica às burocracias sindicais, e a exigência a essas direções de massas, como o PT e o PCdoB na direção da CUT, da CTB e da UNE, para que organizem a luta contra os ajustes econômicos. Isso significa defender um programa que ataque o bolsonarismo, mas também a direita liberal opositora, combatendo o conjunto do regime político herdeiro do golpe institucional, que para nós deve ser levado adiante com a consigna democrático-radical da Assembleia Constituinte Livre e Soberana, imposta pela luta, rumo a um governo de trabalhadores de ruptura com o capitalismo.

É desse ponto de vista que achamos necessário construir, junto a correntes da esquerda brasileira, um verdadeiro pólo para intervenção na luta de classes que possa ser também a base de uma frente política de independência dos trabalhadores que justamente parta de uma aliança para resistir, na luta de classes, aos ataques do governo Bolsonaro, do regime golpista e de todos os capitalistas. Uma frente política de independência de classe no ano que vem, que também sirva às eleições. O PTS, dentro dessa frente eleitoral na Argentina, vem defendendo um parlamentarismo revolucionário para potencializar a luta dos trabalhadores, ou seja, não construir uma força eleitoral desconectada de uma construção orgânica em cada local de trabalho e estudo. É nesse espírito discutimos com a Coordenação do Polo Socialista e Revolucionário, impulsionado pelo PSTU junto a vários lutadores independentes, nossa participação e contribuição. E em face a esse objetivo que estendemos esse chamado a organizações como a CST e o ex-Bloco de Esquerda Radical, para batalharmos em comum na construção desse polo que cumpra um papel na luta de classes e no terreno político”.

Veja também: Eleições na Argentina: uma política de independência de classe para além das fronteiras e o debate com a esquerda brasileira

 
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