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Miséria capitalista
Enquanto há brasileiros em filas de osso e de lixo, imóveis de luxo nunca venderam tanto
Redação

Enquanto há brasileiros buscando algo para comer em filas de osso e filas de lixo no Brasil, o mercado imobiliário de altíssimo luxo no Brasil comemora vendas recordes. Nunca se vendeu tanto imóvel com preços acima de R$ 30 milhões no Brasil. Essa contradição gritante escancara como o capitalismo é miserável: lucros que poderiam ser usados para salvar vidas e garantir melhores condições de vida são usados para satisfazer a luxúria totalmente supérflua da burguesia.

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Absurdo: Ilha em Angra dos Reis custa R$ 74,5 milhões — Foto: Divulgação

“Nunca vendemos tanto quanto na pandemia. Realizamos nossas vendas mais altas, tanto em termos de valores quanto em volume de vendas. Só nos seis primeiros meses de 2021 tivemos mais vendas que nos últimos 5 anos”, conta Arnaud Bughon, CEO da Latin Exclusive, em entrevista ao g1.

Benjamin Cano, que está no negócio de imóveis luxuosos e sócio da Rio Exception, também diz nunca ter fechado tantos negócios.

“Fizemos quase três vendas por mês, o que é completamente fora do comum para este tipo de imóvel. Meu portifólio esgotou. Hoje, tenho apenas três apartamentos acima de R$ 50 milhões disponíveis e eu sinto falta de produtos legais. Faltam imóveis realmente de alto padrão”, diz Cano.

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Patricia Judice de Araujo Esteves, vice-presidente da Judice & Araujo (J&A), corretora também especializada em imóveis de altíssimo padrão, diz que a crise provocada pela pandemia não afetou os seus negócios.

“Ao contrário, clientes de altíssimo padrão passaram a dar mais valor aos imóveis com mais conforto e área externa”, destacou.

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Patrícia disse que a maior procura tem partido de “clientes do mercado financeiro e de empresas de tecnologia”. Já Bughon e Cano contaram que são estrangeiros, em sua maioria europeus e estadunidenses, que mais têm procurado imóveis de luxo no país.

Na Rio Expection, por exemplo, todo o marketing é feito fora do Brasil. “É um investimento de quase 20 mil dólares por ano só para a divulgação nos sites especializados fora do país em que expomos nosso portfólio”, destacou Cano.

Em meio à pandemia, o real foi a moeda que mais se desvalorizou no ano passado. Já no primeiro semestre de 2021, foi a 4ª com a maior depreciação no mundo. Esta seria a principal explicação para a explosão de vendas dos imóveis de altíssimo luxo no país. Ou seja, esse setor vem lucrando com a crise pandêmica e socioeconômica que vem passando a classe trabalhadora e o povo pobre brasileira, já que com isso se desvalorizou a moeda brasileira.

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“A taxa de câmbio favoreceu muito, porque os estrangeiram compram estes imóveis como que a preço de banana. Eles preferem comprar 300m² em Ipanema, com vista para o mar, que 30m² em Paris, que sairia quase pelo mesmo preço”, afirmou Benjamin Cano, da Rio Exception.

Considerando o câmbio em meados de outubro, com o dólar americano cotado a R$ 5,51 e o euro a R$ 6,52, um apartamento de R$ 50 milhões sairia por, aproximadamente, US$ 8,9 milhões ou 7,6 milhões de euros.

“Com essa queda do real, tivemos muitos clientes que sempre quiserem investir no Rio e aproveitaram o câmbio. Outra coisa que ouvimos muito é que os investimentos em bancos não estão rendendo bem e, por isso, preferem investir em imóveis”, acrescentou Arnaud Bughon, CEO da Latin Exclusive.

Os corretores destacaram que os estrangeiros dão como certo ter retorno financeiro ao comprar imóveis de luxo no Brasil. “Estes imóveis têm rendimento bom nas locações por temporada e lucro ainda mais alto no momento da venda”, enfatizou Bughon. Assim, os investidores compram imóveis a preço de banana, para depois vende-los ou aluga-los por valores mais caros no futuro. Ou seja, enquanto milhares de brasileiros passam fome ou moram em casas precárias, sofrendo com o déficit habitacional, os capitalistas especulam com essa situação, buscando apenas garantir os seus obscenos lucros exorbitantes, que poderiam estar sendo usados para salvar as vidas daqueles que passam fome ou que se encontram em situações precárias de vida.

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A cidade do Rio de Janeiro, uma das mais atrativas cidades turisticas do mundo, devido a sua paisagem natural, é a que concentra a maior oferta e, também, a maior demanda de imóveis de altíssimo luxo no país.

Os preços de imóveis considerados de altíssimo luxo no Rio começam em torno de R$ 30 milhões. Um exemplo é uma cobertura na Avenida Vieira Souto, em Ipanema, que está à venda na J&A por R$ 35 milhões.

A mesma imobiliária oferta atualmente uma casa no Leblon, bairro com um dos metros quadrados mais caros do país, por R$ 45,5 milhões. Ela não tem vista para o mar, mas possui mais de 1 mil m² de área construída em um terreno de 660 m². Recém reformada e toda automatizada, ela conta com cinco suítes, área de lazer com piscina e garagem para quatro carros.

Na mesma faixa de preço, a Rio Exception oferta uma cobertura duplex na Avenida Atlântica, em Copacabana, com 950m2, que tem vista para os principais cartões postais da cidade: toda a praia de Copacabana, o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar. Ela conta com quatro suítes – a maior delas com 70m², sala de jantar com capacidade para 20 convidados, piscina com 10 metros de comprimento no terraço e decoração assinada por Philippe Starck e Le Corbusier.

Assim, enquanto milhares de moradores da capital carioca vivem em favelas, em situações precárias, com falta de saneamento básico, correndo riscos de desabamento, vivendo a violência do Estado pelas mãos da polícia, ao mesmo tempo que são forçados a trabalhar em empregos precários com salários miseráveis, uma pequena minoria de burgueses especulam com imóveis de altíssimo luxo na "cidade maravilhosa".

A Rio Exception conta ainda em seu catálogo com um dos imóveis mais míticos do Rio – um triplex no Flamengo, todo em estilo renascentista, com nada menos que 4 mil m². O primeiro andar dele é só para receber convidados e conta com uma sala de jantar com capacidade para 24 pessoas, interligado a outras salas por um suntuoso corredor em mármore de Carrara.

O segundo pavimento reúne quatro suítes, enquanto a cobertura tem área de lazer digna de um clube de luxo – piscina aquecida, toda em mármore, área de churrasco ao ar livre, um lounge bar, um bar-restaurante para festas no jardim, salão de jogos, sala fitness e saunas, seca e a vapor, além de uma adega de vinhos.

Fora da capital do RJ, a mesma imobiliária oferta, por cerca de R$ 74,5 milhões, uma ilha privada localizada a 7 km da costa de Angra dos Reis, na Costa Verde fluminense. Com 25 mil m², ela conta, além de praia privativa, com acomodações luxuosas. Só a casa principal tem três suítes – uma master, uma king, uma ancoradouro e dois bangalôs.

Quem comprar a ilha já leva junto uma lancha para poder fazer a travessia, que dura menos de 10 minutos, a partir da praia do Frade, em Angra dos Reis. Também pode se chegar lá por via aérea – a ilha conta com um heliporto com capacidade para até dois helicópteros, mas as aeronaves não estão incluídas na venda.

Só no ato da compra é necessário desembolsar, aproximadamente, 5% do valor para o pagamento do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), somado à escritura e registro. Para um imóvel de R$ 30 milhões, essas taxas somam cerca de R$ 1,5 milhão.

Considere ainda o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que varia de acordo com a localização. Na Zona Sul do Rio, para um imóvel na faixa de R$ 30 milhões, o tributo seria de, no mínimo, aproximadamente R$ 120 mil por ano, valor que pode ser pago parcelado por R$ 10 mil por mês.

Além disso, há os custos mensais com condomínio que, no Rio, pode chegar a R$ 20 mil em edifícios que contam com segurança armada 24h e serviços como academia, piscina SPA e outras séries de mordomias.

Esses dados são de embrulhar o estômago, mas ao mesmo tempo são dados que devem causar uma imenso ódio naqueles que tenham consciência de classe, pois mostram como o capitalismo é um sistema irracional que precisa acabar, já que o nível de descaramento da burguesia é cada vez maior, praticamente rindo e desdenhando da miséria cada vez mais abjeta à que é sujeita as massas trabalhadoras e pobres, que estão amontoadas em suas moradias precárias, nas favelas e nos bairros pobres, com a população negra e as mulheres sendo os setores mais afetados. É preciso transformar nosso ódio contra esse sistema em luta para acabar com o capitalismo e construir uma nova sociedade, livre de toda essa irracionalidade capitalista.

Com informações de G1

 
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