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Iniciativa do MTST combatia fome
Imóvel onde Cozinha Solidária foi despejada segue abandonado em Porto Alegre
Redação Rio Grande do Sul

No país da fila do osso, uma iniciativa de combate à fome que ocupou um imóvel no bairro Azenha, em Porto Alegre/RS, foi despejada há duas semanas por juíza com salário de R$ 29.000. O imóvel segue abandonado sem perspectiva de uso, já que o leilão não teve interessados.

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Foto: Ramiro Furquim/@outroangulofoto/Jornal Já/Ativistas entrando com comida quando a casa estava em funcionamento

Há duas semanas, no dia 13 de outubro, as tropas da GPI (Grupo de Pronta Intervenção), da Polícia Federal, cumpriram a ordem da Juíza Ana Maria Wickert Theisen e despejaram a Cozinha Solidária da Azenha, levada à frente pelo MTST. A Juíza, que recebe um salário graúdo, de R$ 29 mil todo mês, e esbanjando seu alto salário, decidiu acabar com o almoço de dezenas de pessoas em situação de fome. Agora, duas semanas depois desse despejo absurdo, a casa segue abandonada, mostrando como o poder público, para garantir o direito à propriedade privada, prefere deixar centenas de pessoas passando fome. De quebra, tentam atacar os movimentos sociais.

Em sua decisão, a Juáza justifica o despejo pois o imóvel iria a leilão nos dias seguintes. Mas ninguém compareceu ao leilão até agora. Que justiça irracional é essa?

A Juíza, da 10ª Vara Federal de Porto Alegre, tentou retirar conscientemente mais ou menos 200 pratos de comida por dia das mãos de quem já não tem o que comer. A iniciativa que distribuía comida à população faminta da Capital Gaúcha foi atacada em uma canetada. O coordenador estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Eduardo Osório, que esteve presente na audiência com a juíza, relatou que ela não teve interesse em debater a fome na cidade, e chegou até a questionar cinicamente por que o movimento começou a cozinha naquele momento, sendo que a pandemia estaria aí há 2 anos trazendo a fome para a população.

Mas o fato é que o leilão aconteceu, e não teve nenhum interessado, ou seja, a cozinha foi despejada por nenhuma razão além de desmobilizar uma iniciativa de combate à fome levada à frente por um movimento social. Um ato de repressão da justiça burguesa que não consegue se fundamentar nem nos seus próprios marcos legais. Tal medida absurda torna-se ainda mais grave (e bizarra!) em meio à situação de aumento da miséria e da fome em nosso país, onde os trabalhadores e trabalhadoras do país tem se sujeitado, como visto nas últimas semanas, às filas do osso e do lixo pra encontrar alimentos. Os preços altos nos mercados não são novidades pros brasileiros, mas recentemente o país enfrenta uma inflação recorde, nunca vista desde à implementação do Plano Real, bem como recentemente teve seus estoques de mercadorias extintos, deixando que o mercado dite os preços dos alimentos e artigos de necessidade básica a partir do preço do dólar e da demanda das exportações.

Por isso é necessário defender um plano de lutas que imponha que os capitalistas paguem pela crise. Emprego com direitos para todos! Divisão de todas as horas de trabalho disponível no país, sem redução salarial a nenhum trabalhador! Reajuste salarial mensal igual à inflação!

Com esse e outras ações parecidas, a “justiça” brasileira, uma casta da sociedade que não é eleita por ninguém, e do alto de seus privilégios, deixa claríssimo seus objetivos: defender os capitalistas e suas instituições acima de qualquer coisa, não importando os custos. O imóvel onde encontrava-se a iniciativa não é usado pela União há anos, e com o leilão tendo sido um fracasso (já que nem aos especuladores o imóvel interessou) ele provavelmente permanecerá abandonado por muitos outros anos. Esse tipo de ação criminosa, vinda das instituições burguesas do regime capitalista, exemplifica porque devemos confiar somente nas forças da nossa classe, e não contar com um judiciário que busca desarticular as mobilizações em curso por meio de seus aparelhos repressivos.

O imóvel abandonado, estava em condições precárias e sem uso há anos, como visto nas fotos abaixo:

O imóvel foi limpo e ajeitado pelo grupo da cozinha

Repost das fotos de Deriva Jornalismo

Durante os 18 dias de funcionamento, a cozinha solidária distribuiu 3 mil refeições para uma população que sofre com os preços abusivos da alimentação e com a inflação alta. Quem passava pela frente da ocupação no horário das refeições, via que formavam-se filas enormes. Tratava-se de uma ação de solidariedade importante nesse momento de crise social, levada à frente por ativistas do MTST e também por apoiadores. Mas há quem, pelo incrível que pareça, discorde disso. A equipe que mantinha a Cozinha se retirou de forma pacífica e segue seus trabalhos, entregando quase 200 marmitas diariamente na Praça Princesa Isabel (cruzamento das Avenidas Azenha e Princesa Isabel) e batalhando por um local permanente. O grupo está aceitando doações de alimentos no local.

 
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