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Abaixo os cortes
Pagamento das bolsas segue sem previsão. É urgente unir bolsistas, estagiários e residentes
Marie Castañeda
Estudante de Ciências Sociais na UFRN
Luno P.
Professor de Teatro e estudante de História da UFRGS
Luiza Eineck
Estudante de Serviço Social na UnB

No fim da tarde de hoje, dia 21, ocorrerá a Assembleia Nacional dos estudantes bolsistas do PIBID e RP. Esta assembleia já conta com mais de 180 estudantes bolsistas de 27 estados do país, votados em cada núcleo do PIBID e RP, que estarão representando seus colegas nas discussões e deliberações e ela pode ser um pontapé na reorganização do movimento estudantil, apontando num caminho de auto organização para garantir o pagamento das bolsas e para se enfrentar com os cortes de Bolsonaro, Mourão, Milton Ribeiro e Paulo Guedes na educação e ciência.

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Não bastasse os cortes bilionários nas universidades federais, que ameaçam de fechamento estas instituições - como vimos no primeiro semestre deste ano com a possibilidade de fechamento da UFRJ -, e que fazem parte da sequência de ataques que vêm se somando desde os governos Dilma e que se aprofundam com o golpe institucional de 2016, hoje mais de 60 mil estudantes se enfrentam com o atraso de bolsas de programas ligados a CAPES, como o PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) e o RP (Programa de Residência Pedagógica).

Esse atraso não é fruto do acaso. Acontece pela necessidade de aprovação da PLN 17/2021 (Projeto de Lei Nacional), referente a recomposição orçamentária dos programas ligados à CAPES, e é efeito direto do corte astronômico de 92% realizado por Paulo Guedes no orçamento da ciência e educação e dos cortes anteriores. Esta PLN hoje está travada na Comissão Mista Orçamentária da Câmara dos Deputados, nas mãos da Senadora Rose de Freitas (MDB), que até agora não apresentou nenhum parecer que indicasse a votação da PLN, que mesmo aprovada, garantiria apenas o pagamento da bolsa de setembro já finalizado, o que pode significar mais atrasos nos meses de outubro, novembro e dezembro. Mas não podemos enxergar nossa situação como bolsistas do PIBID e RP como uma situação isolada. Hoje, os estagiários do CIEE também estão há 15 dias com seus salários atrasados e sem nenhuma resposta ou previsão da empresa, o que se soma a meses sem nenhum chamamento de novos estagiários já aprovados em processos seletivos.

Em meio a uma brutal crise econômica, com o aumento do preço da carne, do gás e dos aluguéis, fruto da política econômica de Bolsonaro e do conjunto do regime político, milhares de estudantes estão sendo empurrados para a precarização, sem o dinheiro de bolsas que na maioria das vezes serve como complemento de renda das famílias, ou principal renda dos próprios bolsistas e é uma dos poucos acessos à permanência estudantil nas universidades. Esse quadro é o que quer Bolsonaro, o Congresso, Senado e os governadores para a juventude: nos empurrar para o trabalho informal e o desemprego, sem acesso à educação e soterrado em dívidas e mais dívidas. Esse projeto de país, que vem para corresponder o país das reformas, privatizações e da fila do osso, fica bem expresso frente aos cortes, mas também frente a declarações execráveis de pessoas como Milton Ribeiro, Ministro do MEC de Bolsonaro, que defende que nossas universidades devem ser restritas aos filhos da elite, já que hoje se formam muitos advogados, engenheiros, que vão trabalhar para Uber e Ifood. O fato é que querem descarregar nas nossas costas, juventude, na classe trabalhadora e seus setores mais precarizados, o preço da crise, enquanto continuam a pagar a fraudulenta dívida pública, e vemos as aberrações dos filhotes de Bolsonaro esbanjando luxo se fantasiando de Sheik árabe em Dubai, como fez Eduardo Bolsonaro e sua família na última semana.

É nesse sentido que a mobilização dos estudantes bolsistas do PIBID e RP mostra uma disposição de organizar a luta fundamental para batalhar contra os ataques e pelo pagamento imediato das bolsas. Já são mais de 180 representantes de várias universidades, em 27 estados do país, que estarão discutindo sobre os rumos do movimento na próxima quinta-feira, dia 21. Destes, mais de 20 já estão com as atividades paralisadas até o pagamento das bolsas. Na tarde de ontem, uma coordenação nacional da qual os estudantes não haviam sido informados, deliberou que só um representante por estado poderá fazer o uso da palavra. Nós da Faísca opinamos que isso é equivocado e que precisa ser garantido o direito de fala para cada representante que quiser falar, para que se expressem as mais variados posições que possam ajudar a avançar em nossa luta.

Esse movimento deve ser aprofundado buscando ampliar ao máximo de universidades e estudantes bolsistas e também não bolsistas, porque esta luta precisa ser do conjunto dos estudantes. Isso passa diretamente por apostar no caminho da auto organização, com assembleias de base em cada universidade rumo à unificação na paralisação da pós graduação do dia 26 e a conformação de uma coordenação nacional de delegados votados nestas assembleias em cada universidade, e com representantes de cada núcleo de programas do PIBID e RP, para que os estudantes tomem em suas mãos os rumos da luta, e no caminho da unidade, unificando todos os estudantes, estagiários do CIEE e bolsistas do PIBID e RP. Essas assembleias podem servir também para organizar e massificar os estudantes para o dia 26 de outubro, data marcada para ato em defesa da ciência e educação, e para o dia 15 de novembro, data chamada pelo #ForaBolsonaro. Nossos direitos precisam ser conquistados em luta nas ruas!

A UNE (União Nacional dos Estudantes), deve cumprir um papel fundamental nisso, impulsionando em cada universidade assembleias de base e colocando toda sua força numa forte campanha pelo pagamento imediato das bolsas do PIBID, RP e dos salários dos estagiários do CIEE, faremos esta exigência na assembleia e propomos isso como resolução. É urgente lutar também pelo reajuste mensal de acordo com a inflação de todas as bolsas, a revogação do Teto dos Gastos e todas as reformas, bem como trabalho digno para todos os estudantes. Chamamos a oposição de esquerda da UNE, como o Juntos/PSOL, Afronte/PSOL, UJC/PCB e Correnteza/UP a dar exemplos em cada entidade em que estão, batalhando por assembleias de base e pela unificação das lutas.

Não podemos aceitar que rifem nosso futuro aos capitalistas, nos tirando o direito à educação e ao trabalho digno. Nossa luta pode de fato mostrar um caminho não só para garantir nossas demandas mas para se unificar com o conjunto da classe trabalhadora, por uma greve geral para derrubar agora Bolsonaro e Mourão e todos os ataques, exigindo que as burocracias sindicais e estudantis rompam sua paralisia e organizem um plano de lutas nacional!

 
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