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Declaração Pão e Rosas
Mulheres indígenas mostram o caminho para derrotar Bolsonaro e todos os ataques
Pão e Rosas
@Pao_e_Rosas

As “mães da terra” farão Brasília tremer. A histórica luta indígena que ocupou Brasília com mais de 10 mil indígenas acampados, vem cortando rodovias de Norte a Sul do país e agora frente ao aumento da crise política entre os poderes vai ocupar o centro do poder político do país com milhares de mulheres na II Marcha das Mulheres Indígenas, mostrando o caminho para enfrentar todos os ataques. O Pão e Rosas está ao lado da luta indígena dia-a-dia em Brasília, e afirmamos que esse é o momento para a classe trabalhadora entrar em cena em unidade com os povos originários, com a força das mulheres na linha de frente. Convidamos todas a estarem presentes em solidariedade ativa à luta dessas mulheres e participarem com o Pão e Rosas da marcha que acontecerá amanhã em Brasília, às 8h.

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Frente a exemplar luta indígena pela vida e pela terra, milhares de mulheres indígenas se reúnem na capital para a II Marcha das Mulheres Indígenas entre os dias 7 e 11 de setembro e para mostrar toda a sua força e de sua ancestralidade na luta contra o Marco Temporal e a PL 490. A luta das mulheres indígenas e a das mulheres trabalhadoras é uma só luta contra os capitalistas, a extrema direita e todos os atores desse regime do golpe institucional. É preciso unir a força das mulheres trabalhadoras e indígenas, com o conjunto da classe trabalhadora urbana e rural e dos povos originários para enfrentar os ataques com uma só força.

Guerreiras: a mulher indígena e a mulher trabalhadora

Muitas mulheres trabalhadoras brasileiras são indígenas roubadas de sua própria história, várias dessas mulheres sequer tem o mínimo direito de serem reconhecidas pela identidade indígena que se atribuem, forçadas a uma intensa jornada burocrática nem sempre bem sucedida. Apesar das diferentes culturas e tradições que permeiam os mais de 300 povos indígenas em nosso país, as trabalhadoras e as indígenas têm muito em comum. Frente a fome que se alastra pelo país, seja pela carestia de vida nas cidades e o desemprego, pela poluição dos rios e o desmatamento nas aldeias, as mulheres que são em sua maioria responsáveis pela alimentação se tornam mais vulneráveis e padecem em ver suas famílias e comunidades passando fome. A violência estatal, da polícia e do exército, mais forte quanto maior a crise capitalista, a necessidade de lucros e a revolta que é preciso conter, mata sistematicamente os filhos das mulheres indígenas, negras e trabalhadoras. Quando não é o caso das milícias paraestatais urbanas e rurais, ou capangas do agronegócio e das mineradoras, que matam seus filhos, seus maridos, irmãos e irmãs.

Com o avanço do golpe institucional de 2016, as mulheres exploradas e oprimidas vêem seus direitos garantidos com luta, suor e sangue operário, negro e indígena, serem desmantelados e retirados pelas forças do regime; em nome de salvaguardar os grandes capitalistas nacionais do agronegócio e do minério, e os banqueiros internacionais, quando se trata de atacar estão todos unidos: Bolsonaro, os militares, o STF, e o Congresso Nacional. A ganância capitalista por lucros sem limites, destrói sistematicamente o meio ambiente e os biomas, desestabilizando completamente a dinâmica climática e deixa milhares de mulheres indígenas e trabalhadoras rurais sem casas que são tomadas pelas queimadas, pela exploração desenfreada da terra, sem comida com a destruição dos rios; fruto disso as trabalhadoras enfrentam também a falta d’água e quedas de energias somado à contas caríssimas nas cidades fruto da estiagem em grande parte causada pela destruição capitalista da natureza. Em nosso país, uma importante parcela dos capitalistas é do setor agropecuário e minerador, responsáveis por essa devastação junto aos seus capachos políticos e juízes do regime, que buscam mais do que nunca avançar contra as terras indígenas, que são as áreas mais preservadas do país.

Mas, por outro lado, as mulheres indígenas aldeadas e não aldeadas, negras e trabalhadoras carregam uma grandiosa história de luta. Somente nos livros dos historiadores capitalistas, as indígenas, negras e trabalhadoras foram dóceis, preguiçosas e submissas. Mas pelo contrário, resistiram bravamente com as mais corajosas e ousadas formas de organização e luta contra a invasão colonizadora, contra a escravização do passado e a moderna escravização assalariada do presente. Nossa história é marcada por levantes, revoltas, greves e toda forma de luta organizada. Neste dia 5 de setembro, celebramos mais um dia internacional da mulher indígena, dia que também homenageia a guerreira indígena Bartolina Sisa, comandante militar de um exército de mais 40 mil Indígenas, onde hoje conhecemos como Bolívia, contra a invasão espanhola. Ontem, como hoje, as mulheres estiveram nas primeiras linhas das lutas contra a opressão e a exploração. É preciso que as grandes massas de mulheres trabalhadoras, que representam mais de 54% da classe trabalhadora no Brasil (IBGE 2019), façam como as indígenas e entrem na luta contra os capitalistas e seus representantes políticos, unindo a luta contra o Marco Temporal, a PL 490 e todas as reformas contra as trabalhadoras e trabalhadores.

Os mesmos inimigos, uma mesma luta

O governo Bolsonaro e Mourão, fruto indesejado do golpe institucional, é um inimigo declarado das mulheres, dos indígenas, dos trabalhadores do povo negro e pobre do país. A violência contra a população indígena aumentou 150% em seu governo, do qual as mulheres são as mais atingidas com casos aberrantes de violência sexual e assassinato como ocaso da jovem kaingang Daiane. Capacho do imperialismo norte-americano, hoje representado por Biden, que apesar de seu discurso supostamente verde e hipocritamente humanitário é um dos mais interessados em saquear de forma generalizada os recursos do Brasil e a mão de obra dos trabalhadores de todo o mundo, Bolsonaro declarou desde sua campanha uma ofensiva contra os indígenas, contra o movimento operário, negro, LGBTQI, feminista e contra a esquerda. Os militares, base de sustentação do governo e à frente da FUNAI com um tenente que recentemente declarou que “meteria fogo” nos povos indígenas e avança para adicionar ainda mais entraves contra a autodeclaração indígena, avança contra suas terras como sempre fizeram no passado, tendo realizado massacres de milhares de indígenas no período da ditadura militar, dizimando alguns povos que resistiram às centenas de anos desde a colonização.

Apesar dos embates protagonizados pelo governo Bolsonaro com o STF, não se diferem quando o assunto é usar de todos os recursos legais e brechas constitucionais para vender o país, retirar direitos trabalhistas e avançar contra os direitos dos indígenas e quilombolas. Mais de 60% das terras declaradas indígenas estão barradas de serem tituladas pelo judiciário brasileiro, e a própria argumentação legal para a votação atual do racista e assassino Marco Temporal foi cunhada pelo judiciário. O Congresso, ninho de ratos onde a maior bancada é a ruralista, que junto ao STF após dar o show de horrores do golpe institucional de 2016, após aprovar a reforma da previdência e trabalhista, agora acena a aprovação da PL 490, com a promessa de prioridade por parte do presidente Arthur Lira.

Em meio a esse cenário, o PT que se coloca como oposição, apela justamente a esses atores do regime como o STF e o Congresso para que tomem as rédeas do país e enfrentem Bolsonaro, semeando ilusão na classe trabalhadora, na população pobre e nos povos indígenas de que esses setores podem defender alguma de nossas demandas. Com sua eterna política de conciliação e de gerir o capitalismo brasileiro construído sobre o sangue e o roubo das terras indígenas. Vale lembrar que a motosserra de ouro Kátia Abreu foi ministra da Agricultura no governo Dilma. Nos mais de 10 anos que o PT governou do lado do agronegócio, dos militares e da direita congressista mais nojenta e racista, atacaram juntos os povos originários. Foi durante seus anos no governo federal que ocorreram as catástrofes massacrantes da construção das usinas de Belo Monte e Altamira. O Rio Grande do Norte, governado por Fátima Bezerra (PT), é o único estado que não tem nenhum centímetro de terra demarcada. Na Bahia, o Quilombo Quingoma sofre ataques da prefeitura de Moema Gramacho e do governo de Rui Costa, do PT, em prol de empresários, contra a titulação de seu território. Para as mulheres da classe trabalhadora não foi diferente, mais de 40 milhões de novos postos de trabalho precários e terceirizados onde as mulheres deixam sua saúde e suas vidas foram criados para as mulheres negras e indígenas urbanas, que os ocuparam majoritariamente. Se aliaram às bancada evangélica negando o direito ao aborto, e uma série de etcs que mostram que diferentemente do que dizem não temos nenhuma salvação a esperar de um possível governo em 2022.

À frente das grandes centrais sindicais, como a CUT e a CTB, o PT de Lula e o PCdoB fazem de tudo para que fiquemos esperando as eleições, tentam conter a poderosa força da gigante classe operária para que não mova um dedo em apoio a causa indígena, e menos ainda entre em luta com suas demandas unindo as pautas com as indígenas. Essa é a hora de entrarmos em cena! Não há o que esperar de 2022, qualquer um que queira governar o capitalismo, que se baseia por princípio na exploração e na opressão, não pode ser qualquer esperança para as mulheres e toda população indígena e trabalhadora do nosso país. Nos aliamos com os povos originários na defesa de seus direitos e para que eles estejam a frente da luta pelas suas demandas, colocando que é urgente a defesa do princípio de independência de qualquer variante burguesa, como com partidos que se pintam de verde como a Rede Sustentabilidade, que foi ativo na defesa do golpe institucional de 2016 que representou um ponto de inflexão para o avanço nos ataques aos povos originários e no qual a única deputada federal indígena, Joenia Wapichana, é filiada.

Unir trabalhadoras e indígenas, em um plano de luta nacional contra os capitalistas, Bolsonaro e o regime do golpe

É preciso fazer como as indígenas, e precisamos exigir das direções sindicais e estudantis um plano de lutas com uma paralisação nacional dos trabalhadores construído em cada categoria operária e local de estudo com assembleias de base, onde cada trabalhadora e trabalhador tenha voz, para parar o país e derrubar os ataques, as privatizações e as reformas com a única força que podemos contar: a das mulheres, dos trabalhadores, movimentos sociais da cidade e do campo, da juventude, negras e negros, LGBTQI+ e todos os povos originários. Fazemos esse chamado também ao movimento de mulheres, ao conjunto dos movimentos sociais e às organizações de esquerda, como o PSOL e o PSTU, que acabam levando à frente a política eleitoreira do PT, a que coloquem o peso de seus parlamentares, das centrais sindicais como a CSP Conlutas e as Intersindicais, as entidades estudantis que dirigem para conformar um polo antiburocrático que cerque de solidariedade os focos de resistência em curso, como a luta da Carris em Porto Alegre, da Sae Towers em Betim e a luta indígena, batalhando pela sua unificação, e levante a partir daí uma forte exigência pela necessidade de um plano de lutas que unifique indígenas, trabalhadoras e trabalhadores rumo a uma forte paralisação nacional.

Com nossa força mobilizada, com a classe trabalhadora entrando em cena ao lado dos indígenas e todos os oprimidos, em um plano de lutas unificado, poderíamos barrar o Marco Temporal, a PL 490, revogar as reformas e privatizações, derrubar Bolsonaro, Mourão e todos os ratos militares e ir além, "impondo pela luta que as regras e leis que regem o país em função dos lucros dos empresários caiam por terra e em seu lugar sejam atendidas as demandas das massas populares de nosso país", impondo pela luta à vontade das massas do nosso país. É urgente conquistar o pleno direito à autodeterminação dos povos originários em relação à demarcação de suas terras históricas, com uma reforma agrária radical que acabe com o grande latifúndio e a destruição de nossos povos e natureza. Todas essas medidas poderiam ser debatidas em uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana imposta pela nossa mobilização, não tutelada por nenhum poder desse regime podre e nem pelos militares anti-operários e anti-indígenas. Somente uma forte auto-organização das massas trabalhadoras em aliança com os povos originários e oprimidos do país, pode enfrentar a resistência dos capitalistas e seu estado para manter seus privilégios. Essa organização de luta pode abrir o espaço para uma transformação revolucionária da sociedade e para um governo da nossa classe em aliança com nossos povos e de ruptura com o capitalismo.

Nós, do grupo internacional de mulheres Pão e Rosas, militantes do feminismo socialista e revolucionário, lutamos por uma sociedade comunista sem qualquer forma de opressão e exploração. Acreditamos que todos os povos podem conviver de forma harmônica e todos podemos produzir livremente organizados para suprir todas as necessidades humanas, sem destruir o planeta em que vivemos e respeitando as diferentes culturas e tradições. Por isso a luta das mulheres indígenas é também a nossa luta, nos solidarizamos e nos somamos a ela. O capitalismo que atravessa uma crise histórica já há 13 anos e que se mostra como nunca na atualidade pandêmica sua degradação, quer descarregar nas costas dos trabalhadores e povos originários toda sua crise. Não podemos permitir! O capitalismo destrói nossas vidas e nosso planeta, destruamos o capitalismo.

Convidamos todas a estarem presentes em solidariedade ativa à luta dessas mulheres e participarem do bloco do Pão e Rosas na marcha que acontecerá amanhã, 9/09, em Brasília, às 8h. Contato: (61) 99903-2711 - Luiza

 
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