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UNIVERSIDADE
Fies recebe 6 mil inscrições em dez minutos
Vitória Camargo

Em apenas dez minutos, mais de 6 mil pessoas se inscreveram para se candidatar ao FIES, segundo o Ministério da Educação. O dado escancara a falta de vagas nas universidades públicas e um projeto de exclusão e mercantilização do ensino, ampliado no governo do PT.

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Em apenas dez minutos, mais de 6 mil pessoas se inscreveram para se candidatar ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), informou o Ministério da Educação (MEC). Neste primeiro semestre do ano, foram disponibilizadas 250.279 vagas - número menor do que o oferecido no mesmo período em 2015 (252,5 mil), sendo que o número de cursos disponíveis para a graduação cresceu.

Estão participando 1.337 instituições, totalizando 25.323 cursos. O ministro Aloizio Mercadante afirmou que haverá nova oferta de vagas no segundo semestre, mas ainda não há estimativa de quantas.

Um dos principais diferenciais da edição de 2016, segundo o ministro, é a disponibilidade maior de vagas para cursos "de áreas prioritárias para o desenvolvimento do País". Faculdades do campo da saúde terão 76 mil vagas, engenharias disponibilizarão 34,5 mil e cursos de formação de professores (licenciaturas), 76 mil. Os três aglutinam 63% do total de contratos.

Outro destaque apontado por Mercadante é a maior quantidade de vagas em cursos de “maior qualidade”. Cursos que obtiveram conceitos 4 e 5 nas avaliações do MEC concentram 65,4% das vagas "Assim, temos mais alunos de baixa renda estudando nos melhores cursos privados", afirmou. Em 2015, essa proporção havia ficado em 58,7%.

Por trás de uma aparente melhoria do programa, encontra-se a concepção de educação como uma mercadoria, já que voltá-la para o desenvolvimento do País significa suprir, em tempos de crise, as necessidades de mão-de-obra em áreas específicas da produção, e não estimular formação e produção de conhecimento livre.

Principais alvos do programa, as regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte têm 46% dos contratos. "Isso tem permitido mudar a realidade do ensino superior no Brasil". Outro requisito é a comprovação de renda familiar bruta de até 2,5 salários mínimos por pessoa, por mês. Até o ano passado, a renda permitida pelo programa era de até 20 salários mínimos. Nas palavras do próprio Ministro, agora se volta "realmente para quem mais precisa, mas é um financiamento subsidiado". Isso porque esse acesso se dá às custas do endividamento da juventude (de "quem mais precisa") e alimenta tubarões de ensino, a partir das verbas federais, que deixam de ser destinadas às universidades públicas.

6 mil inscrições em 10 minutos expressam a falta de vagas e a dificuldade de acesso à universidade pública, pelo vestibular, que constitui um verdadeiro filtro social e que, a partir da precarização do Ensino Básico público e de seu caráter meritocrático, barra a entrada dos filhos da classe trabalhadora na universidade pública, com número restrito de vagas. Resta, então, como saída, para uma imensa parcela da juventude tentar a sorte nas universidades privadas, o que pode significar trabalhar e entregar seus salários para ter acesso à formação universitária. Ou ainda ficar à mercê de programas como o FIES, que não só significa endividamento, como será uma das primeiras áreas afetadas pelo ajuste de Dilma, como vimos em 2015 com a crise e os cortes na Educação.

Portanto, "mudar a realidade do ensino superior no Brasil", de fato, deveria significar garantir o acesso de toda juventude a uma Educação pública, gratuita e de qualidade. Para isso, o vestibular deve acabar, numa ampla reestruturação de toda a rede de ensino superior, que passe pela transformação das atuais “vagas” nas universidades privadas, em vagas públicas, mediante a estatização, sob o controle dos trabalhadores da educação e dos estudantes, de toda a rede de ensino.

 
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