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Imperialismo
Biden aprofunda política de Trump e promete mais sanções contra Cuba
Gabriel Girão

Em mais uma amostra da sua política exterior, Biden sanciona policiais cubanos e ameaça medidas mais pesadas caso não haja medidas drásticas.

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A todos que nutriam expectativas – alentadas por muitos grupos de esquerda no mundo todo – de que a nova gestão Biden significaria rumo à uma maior harmonia mundial, a decepção está sendo rápida. O novo mandatário americano pretende ser mais agressivo que Trump não apenas em relação à China, como também em relação à Cuba.

A própria burocracia castrista também acreditava que haveria uma mudança na política americana em relação a era Trump, pelo menos uma volta ao diálogo de Obama. No entanto, desde que assumiu, Biden não mexeu no embargo e recentemente os EUA votaram mais uma vez contra a decisão da ONU condenando o bloqueio. Como Che falou: "Não se pode confiar no imperialismo nem um tantinho assim. Nada!”. Tal lição parece ter sido esquecida pela direção do Partido Comunista Cubano.

Frente aos protestos em Cuba, Biden resolveu endurecer essa política. Sancionou a Polícia Nacional Cubana e 2 de seus chefes. Além disso, em reunião com lideranças dos gusanos (antigos proprietários cubanos radicados nos EUA após a revolução, que fazem forte pressão por políticas contra Cuba), prometeu sanções ainda mais duras. Óbvio que não se trata de nenhum senso democrático de Biden. Para garantir seus interesses, os EUA patrocinaram golpes de estados e ditaduras no mundo todo, inclusive a ditadura de Fulgêncio Batista, que vigorava na ilha antes da revolução. Até hoje mantém essa política tendo como aliados por exemplo as monarquias sauditas. Internamente, os EUA possuem um sistema totalmente antidemocrático, como ficou evidente ao mundo todo nas eleições do ano passado. E cabe lembrar, que até década de 60 vigorava no país um verdadeiro apartheid plasmado nas leis Jim Crow.

Se aproveitando da insatisfação popular que cresce na ilha fruto da crise econômica e social causada pela pandemia e pelas políticas reustaracionistas promovidas pela burocracia – crise extremamente amplificada pelo embargo americano que impede a entrada de mantimentos básicos como seringas -, o imperialismo tenta promover uma política para derrubar o governo e restaurar o capitalismo, ou pelo menos pressionar o governo por mais reformas de mercado. Tal alternativa acabaria com todas as conquistas que ainda restam da revolução e seria catastrófica para o povo cubano. O exemplo dos países da antiga da URSS e do leste europeu deixou claro como a restauração só levou a quedas brutais no padrão de vida da classe trabalhadora e agora se veem em muitos lugares a ascensão de forças de extrema direita, como o governo de Órban na Hungria ou de Andrzej Duda na Polônia.
Por isso, se mostra cada vez mais criminoso o apoio que diversas organizações de esquerda internacional deram a Biden, apresentando como um redentor da ordem mundial. Organizações que agora fingem que nada aconteceu. Pior ainda é a postura de organizações como o DSA que mesmo após isso insistem em permanecer no partido democrata. Ao mesmo tempo se mostra cada vez mais correta a luta que o grupo irmão do MRT nos EUA, o Left Voice, deu pelo anti-imperialismo e pela independência de classe contra a subordinação da esquerda à candidatura de Biden. Todo seu discurso progressista do presidente democrata está a serviço de restaurar a legitimidade do imperialismo americano para uma política externa mais agressiva.

Ao mesmo tempo, essa luta não significa um apoio a burocracia castrista que está no governo de Cuba. O governo de Diaz-Canel representou um aprofundamento das políticas reustaracionistas pró-mercado que vinham antes. Reformas que geram um setor pequeno burguês e protoburguês que é base de apoio da política imperialista de restauração capitalista. Enquanto isso, reprimem inclusive militantes comunistas que participam das manifestações, como o caso de Frank Garcia Hernandez, mostrando como na verdade tal repressão não tem o objetivo de garantir as conquistas da revolução e apenas a auto preservação.

Uma saída profunda, que garanta um combate efetivo à pandemia e atenda reivindicações básicas como luz e comida, só é possível mediante uma nova intervenção revolucionária das massas, política e social, que freie o curso restauracionista, derrube a burocracia castrista e acabe com seu regime de partido único que, conquistando a liberdade política para todos os partidos que defendem as conquistas de 1959. Sobre essa base é preciso impor um verdadeiro governo operário e popular baseado na auto-organização das massas e na democracia operária, onde haja plena liberdade de organização sindical e em que os trabalhadores urbanos e rurais possam planificar democraticamente a economia, revogando todas as concessões que o PC Cubano fez aos capitalistas. Uma dinâmica semelhante deveria expandir-se internacionalmente para que não caia novamente no beco sem saída do stalinismo e sua concepção utópica do socialismo num só país.

 
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