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CRISE HÍDRICA
Privatização da CEB aumenta conta de luz no DF em 8,8%
Rosa Linh
Estudante de Relações Internacionais na UnB
Comitê Esquerda Diário DF/GO
Jéssica Schüler
Doutoranda em Ecologia pela UnB

Em meio a crise hídrica, os capitalistas querem nos dizer que o aumento da conta de luz é por causa apenas da falta de chuva. O que eles não falam é que as privatizações de Bolsonaro e Ibaneis colocam as empresas para garantir o lucro de meia-dúzia enquanto aumentam as tarifas para os trabalhadores. Tudo isso com ampla conivência e cumplicidade do Legislativo e Judiciário nacional e local, como foi com a CEB e a Eletrobrás. Além disso, a crise hídrica é culpa direta do agronegócio e sua destruição de rios, mananciais, queimadas e desmatamento, alterando completamente o regime de chuvas.

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Foto: protesto dos trabalhadores da CEB em outubro de 2020 denunciando que a privatização prejudicaria eles, mas também toda a população do DF.

Como podemos ver na imagem abaixo, veiculada em um grupo de trabalhadores e apoiadores da CEB, apenas dois meses após a privatização da estatal a conta de luz já subiu 8,8%. Os culpados são Ibaneis, um capacho de Bolsonaro e seu projeto privatista, mas também da CLDF e do TJDF que foram coniventes com todo o processo mesmo diante de inúmeras irregularidades e ilegalidades também acatadas pelo STF e o conjunto do judiciário.

O GDF era acionista majoritário e recebeu R$ 444 milhões após a privatização. Enquanto isso, a Neoenergia, grupo que comprou a estatal e a maior holding privada do setor elétrico do Brasil, teve um aumento de lucro 61% no 4º trimestre: R$ 996 milhões.

Leia mais: CEB privatizada para capital estrangeiro de forma autoritária

Além disso, houve um aumento em 52% na conta de luz de todo o país com a bandeira vermelha 2, por determinação da ANEEL. Alguém poderia dizer: então a Neoenergia não tem nada haver com isso, o problema é a bandeira vermelha. Mas será que isso é verdade?

A bandeira vermelha sinaliza que está mais caro produzir eletricidade; a ANEEL diz que a cobrança extra do reajuste passou de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 kWh consumidos (alta de 52%). Esse reajuste ocorre devido ao baixíssimo nível dos reservatórios, o que aumenta os preços, pois tem de se comprar energia das termelétricas, as quais possuem custo maior de produção. Mas o que a Globo e os capitalistas não vão dizer é que as usinas hidrelétricas vinham jogando água fora, para manter o lucro capitalista! Segundo denúncia do Movimento dos Atingidos por Barragens houve um esvaziamento dos reservatórios ainda em 2020, com interesse de gerar escassez para aumentar as tarifas. A crise hídrica, em boa medida, é uma farsa planejada.

Além disso, quem estipula os preços do sistema de bandeira e as tarifas são a ANEEL - agência vinculada ao Ministério de Minas e Energia do ministro, fiel à Bolsonaro, Almirante da Marinha Bento Albuquerque - e pela Neoenergia. Ou seja, quem decide o que a classe operária e o povo pobre vão pagar é o governo, com participação ativa dos militares, que privatizam, sucateiam e precarizam o trabalho e os serviços de energia - junto das empresas que lucram com isso!

Da mesma forma, a privatização da Eletrobras tende a aumentar as contas de luz, precarizar o serviço prestado e o trabalho dos eletricitários a nível nacional. Isso acontece porque a empresa privada não mais opera em favor do interesse público, mas do lucro de seus donos bilionários. As tarifas ficam à critério do lobby de multinacionais gigantes como a Neoenergia enquanto os trabalhadores arcam com o aumento da inflação sobre os alimentos, gás e água.

A crise hídrica usada para justificar os preços absurdos também tem dedo dos capitalistas. Com o avanço do agronegócio, avança também o desmatamento e o consumo de água na irrigação. De acordo com a Agência Nacional de Águas, cerca de 75% da água consumida no Brasil se destina ao agronegócio. O desperdício de água nos latifúndios combinado com o desmatamento, que dificulta a infiltração de água no solo e altera o regime de chuvas, leva à escassez de água e justifica o uso de termelétricas. Essas, além de serem mais caras, também são muito mais poluentes, jogando toneladas de carbono na atmosfera alterando ainda mais o regime de chuvas. Esse ciclo vicioso de devastação ambiental e crise hídrica acaba sendo descontado no trabalhador, que sofre com os aumentos abusivos das contas de luz.

Saiba mais: Devastação do cerrado e seca da caixa d’agua no Brasil: quem paga são trabalhadores

O aumento da conta de luz, a crise hídrica e a devastação ambiental têm as mesmas raízes: o lucro dos capitalistas. Por isso, quem precisa pagar pela crise hídrica e economia são eles: os capitalistas! É mais que necessário a luta dos trabalhadores pela estatização integral das companhias de energia elétrica, sem indenização e sob gestão dos próprios trabalhadores. Os preços de água e luz precisam ser imediatamente congelados para que nenhuma família trabalhadora seja prejudicada.

Essa catástrofe é culpa de Bolsonaro, mas também de seu comparsa Mourão e dos militares como o Ministro Bento Albuquerque. Governadores como Ibaneis, o Congresso Nacional e o STF estão juntos para privatizar e fazer a classe trabalhadora e o povo pobre pagar pela crise - não podemos ter nenhuma ilusão neles! Nesse sentido é imprescindível que as centrais sindicais convoquem imediatamente uma greve geral, mobilizando por cada local de trabalho a luta junto dos estudante e todos os oprimidos pela derrubada de Bolsonaro e Mourão. No decorrer dessa luta, seria possível impor uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana, na qual defenderemos ao lado do conjunto do povo pobre e trabalhador a necessidade da revogação de todos os ataques e privatizações, assim como uma reforma agrária radical que exproprie os latifúndios - demandas que só poderiam se concretizar se avançamos na luta por um governo de trabalhadores em ruptura com o capitalismo.

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