Após ser levada para o Hospital da Restauração e virar notícia no Brasil inteiro por ser vítima de tamanha barbárie, Roberta teve seu braço amputado. As chamas desfiguraram 40% do seu corpo (principalmente os dois braços, tórax e abdómen). Ela estava entubada e passou por um processo de extubação (quando os tubos necessários para a sustentação da vida se tornam desnecessários e são retirados), e segunda (28) foi para a UTI. Segundo os médicos seu quadro continua sendo grave.
É sintomático das condições de vida da população trans no Brasil que Roberta se encontrasse, antes do ocorrido, em situação de extrema vulnerabilidade, tendo que dormir nas ruas. Também é notório sobre o caso que quando o incidente foi noticiado pela mídia burguesa, o nome da vítima não tenha sido levado em conta, sendo a vítima simplesmente reportada como “travesti” ou “mulher trans”, algo de uma transfobia desumanizante que negou à Roberta o direito a ser chamada por seu nome.
Embora apenas existam pouquíssimos dados sobre a situação da população trans no Brasil, ausência pela qual é responsável o Estado Brasileiro, que junto a outros atores políticos, buscam manter a população trans marginalizada e invisibilizada, além de manter esse setor em trabalhos precários com poucos ou nenhum direito; quando não são empurradas para a prostituição, como no caso de 72% das vítimas de transfeminicídio no país em 2020; em ambos os casos, há uma ampla rede de empresários milionários lucrando em cima da precarização das vidas LGBTQIA+.
Bolsonaro e seu ódio transfóbico são responsáveis por isso, junto com todos os políticos de extrema-direita que ferem a dignidade transgênero com uma suposta luta contra uma “ideologia de gênero”, e disseminam ódio LGBTfóbico com a cúpula das igrejas evangélicas.
Os culpados por isso são também o Estado Brasileiro que é omisso (isso quando não perpetra diretamente inúmeras violências contra os setores mais oprimidos da classe trabalhadora, como é o caso das chacinas policiais nas favelas por todo o Brasil), e a burguesia nacional, incapaz de cumprir qualquer papel realmente progressista, burguesia escravocrata e ultra violenta.
Nós do Esquerda Diário e MRT estivemos no ato no Recife na última segunda (dia 28) lutando por Justiça Por Roberta e todas as vítimas da transfobia e transfeminicídio! Que a repercussão pelo acontecido motive cada vez mais jovens e trabalhadores, cis e trans, a lutar por soluções para o fim dessa sociedade transfóbica e de sua moral reacionária, que motiva atos como o que vitimou Roberta. Essas soluções só podem vir da luta de classes, numa luta que unifique trabalhadores cis e trans. A luta contra a transfobia e pelos direitos da população LGBTQIA+ deve confluir com as mobilizações e atos de rua contra este governo genocida. É preciso uma grande paralisação nacional para pôr abaixo o regime do golpe junto com Bolsonaro, Mourão e os militares!
Justiça Por Roberta e por todas as vítimas da transfobia e transfeminicídio!
Pelo fim da transfobia!
Pelo fim da opressão-exploração!
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