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O Dia Mundial do Meio Ambiente e a ilusão da luta ambientalista dentro do capitalismo
Jéssica Schüler
Doutoranda em Ecologia pela UnB

Hoje, 5 de junho, é comemorado como o Dia Mundial do Meio Ambiente. Uma data simbólica, criada pela ONU em 1972, para “chamar a atenção de todos sobre os problemas ambientais e a importância da conservação do meio ambiente.” Quase 50 anos desde sua criação, na 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, e notamos a profunda contradição em tentar solucionar os problemas ambientais dentro do Capitalismo.

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O movimento ambientalista nasceu na década de 1970, a partir da crescente preocupação de cientistas e civis com a poluição gerada pelas atividades humanas e seus impactos sobre a vida e recursos naturais do nosso planeta. Os efeitos notáveis da poluição coincidem com o acelerado crescimento econômico do pós-guerra, proporcionado pela revolução tecnológica agrícola e industrial, levando a devastação de áreas e recursos naturais como nunca antes. Em uma tentativa de lidar politicamente com esses impactos, a ONU passa a reunir cientistas, ambientalistas e governantes em conferências voltadas para a conservação do meio ambiente. Em 1972, a 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano acontece em Estocolmo e, em 1979, a 1ª Conferência do Clima. Em 1988, é criado o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) visando unir esforços de cientistas para melhor entender as mudanças climáticas e como evitá-las. Em 1992, aconteceu a ECO-Rio 92, com aderência de 158 países em um acordo para promover o desenvolvimento sustentável. Poucos anos depois, em 1997, é instituído o Protocolo de Kyoto, estipulando metas de redução da emissão de gases de efeito estufa por 37 potências imperialistas.

Quase 20 anos depois, em 2012, na Rio+20, os problemas ainda eram os mesmos, levando a uma nova tentativa de conciliação através do Acordo de Paris em 2015. Ainda assim, os relatórios do próprio IPCC apontam um aumento contínuo na emissão de gases, com o consequente aumento da temperatura e dos níveis dos mares. Observamos um aumento de 0,85ºC na temperatura média do planeta e 0,11ºC na temperatura dos oceanos, uma retração de na cobertura de gelo a uma taxa de 4,1% ao ano e um aumento de 0,19 m no nível dos oceanos. Todos eventos consequentes dos 42% de aumento na concentração atmosférica de dióxido de carbono (CO2), 20% na concentração de óxido nitroso (N2O) e 125% na concentração de metano (CH4).

Dentre os alertas de cientistas, debates políticos, acordos arranjados e rearranjados, a biodiversidade se vai, os recursos se vão e os mais oprimidos sofrem com catástrofes ambientais e a escassez de comida e água. Enquanto isso, os capitalistas aumentam seus lucros baseados na exploração humana e ambiental. A indústria é responsável por 78% das emissões de gases e a agricultura extensiva, leia-se latifúndios, usa 68% de toda a água doce no mundo! É simplesmente ilógico buscarmos saídas individualistas, fazendo o trabalho de formiguinha, enquanto os verdadeiros destruidores do nosso planeta continuam expandindo a devastação.

Pressionar e confiar nos governos também não tem mostrado resultado. De um lado temos negacionistas como Bolsonaro, que promove diariamente o desmonte de toda e qualquer política de preservação ambiental, levando a recordes de desmatamento e queimadas, do outro temos governos ditos progressistas, como o de Biden, que se eleje sob um discurso ambientalista, atingindo uma juventude que clama pela urgência da preservação do nosso planeta, mas que continuam exercendo seu poder imperialista, promovendo guerras e destruição em píses como a Síria e a Palestina, e usando a agenda ambiental como forma de estender sua influência sobre outros países como o próprio Brasil.

A preservação do nosso planeta é urgente. A juventude já entendeu que não há um planeta B e as ações precisam ser tomadas agora se quisermos continuar nossa existência. É justamente dessa força e urgência da juventude juntamente com o empoderamento da classe trabalhadora, que pode sim tomar o controle dos meios de produção e mudá-los, que vem a verdadeira revolução ecológica.

Capitalismo e ambientalismo são mutuamente excludentes. Não há perspectiva de conservação da biodiversidade e recursos naturais em um sistema que prevê o crescimento infinito da produção e consumo. Em décadas de tentativas falhas de acordos para o controle das mudanças ambientais, fica claro que o problema é o próprio sistema. Ambientalismo sem luta de classes não passa de jardinagem. Se o capitalismo destrói nosso planeta, destruamos o capitalismo.

Leia também: O capitalismo destrói o planeta, destruamos o capitalismo

 
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