A PEI prevê que os alunos fiquem um período maior do dia na escola e a propaganda é que se trata de um ensino integral, no entanto esse projeto levado a frente pelo governo Doria é profundamente excludente pois impossibilita o acesso à essas escolas aos estudantes que trabalham ou que fazem cursos profissionalizantes.
A crise aprofundada pela pandemia gerou milhões de desempregados, colocando os jovens precocemente no mercado de trabalho. Essa realidade é bem concreta em um bairro de extrema vulnerabilidade social, como é o caso da escola Ruy de Mello, localizada na Cidade Tiradentes, Zona Leste de São Paulo.
No dia a dia o PEI promove durante a manhã aulas tradicionais, português, matemática, história, arte etc. No período da tarde, os mesmos professores que lecionaram no período da manhã voltam, já cansados, e aplicam conteúdos que precisam ser desenvolvidos por eles mesmos e sem contar com novos recursos do governo para isso.
Os alunos vão ficar o dia todo sentados em cadeiras pouco confortais, entre as matérias diversificadas está previsto, por exemplo aulas de tecnologia, mas sem nenhum acesso qualitativo à materiais e recursos, além de que não vão ter nenhum ganho financeiro, nenhuma bolsa que possa assegurar a dedicação integral aos estudos.
Sabendo de tudo isso no ano de 2019 os professores, funcionários, alunos e pais da escola Ruy de Mello se organizaram e disseram de maneira acachapante “Não à PEI”, menos de 1% foi favorável.
Mas, para a surpresa de todos da comunidade escolar, em 2021, no meio da pandemia que ceifou a vida de mais de 100 mil paulistas, a Diretoria de Ensino Leste 3, responsável pelas escolas da Cidade Tiradentes, a mando de Rossielli Soares colocou mais uma vez o Ruy como uma possível escola PEI.
Novamente a comunidade escolar se uniu e disse não a PEI, mesmo com toda a propaganda do governo, não foi possível mudar a opinião dos que sabem que esse modelo de escola é excludente. Os resultados foram os seguintes:
Votação presencial:
89 não - 33 sim
Votação online:
71 não - 28 sim
A Ruy de Mello, assim como inúmeras outras escolas, através das discussões da sua comunidade escola, conseguiu unir todas suas forças em meio pandemia para barrar mais esse ataque à educação democrática. Essa fórmula também pode fortalecer a luta contra à volta às aulas presenciais inseguras e os demais ataques que a educação vem sofrendo tanto do governo federal quando estadual.
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