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ANTI-IMPERIALISMO
A nova subjetividade anti-imperialista na juventude americana
Gabriel Girão

As recentes mobilizações contra a agressão de Israel à Palestina evidenciam algo que pode ser muito maior, uma mudança muito mais profunda na subjetividade americana em relação a opressão imperialista de seu próprio país.

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Desde o final da segunda guerra, os EUA assumiram inquestionavelmente a posição de imperialismo hegemônico mundial. Os acordos de Yalta e Potsdam, os acordos de Breton Woods e a criação da ONU foram algumas das formas políticas que marcam essa consolidação americana. Em uma das suas primeiras ações, logo após o fim da segunda guerra, a ONU decide pela criação do Estado de Israel, um enclave do imperialismo americano no Oriente Médio.

No entanto, além disso, frente à pressão da luta de classes e do fato que o capitalismo havia sido expropriado em 1/3 do Globo, a burguesia dos países imperialistas também precisaram fazer significativas concessões aos trabalhadores de seus países se apoiando no período do crescimento econômico conhecido como boom do pós guerra. Foram os chamados anos de ouro dos Wellfare state. Isso permitiu que os países imperialistas conseguissem conter momentaneamente a luta de classes internamente, assim como conseguir uma coesão interna para suas empreitadas imperialistas, sendo que nos EUA foi onde a burguesia conseguiu executar essa operação com mais “sucesso”.

Isso não significa que a exploração e a opressão tenham acabado nesse período. Enquanto o proletariado branco via suas condições melhorarem um pouco, os negros nos EUA viviam sob o apartheid das leis Jim Crow. Tampouco podemos dizer que não ocorreram lutas em território americano. Pelo contrário, a década de 60 nos EUA foi marcado por enormes lutas dos negros pelos direitos civis, pela criação do Partido dos Panteras Negras. Já na década de 70 vimos fortemente como a juventude se levantou contra a guerra do Vietnã. No entanto, a luta negra encontrou uma barreira para mobilizar os trabalhadores brancos (maioria da população nos EUA) e a luta contra a guerra teve também como importante elemento o fato de que a própria juventude americana estava sendo morta e mutilada na guerra.

Quanto à Israel, a opinião pública era massivamente pró-sionista. Qualquer crítica ao genocídio palestino era rapidamente taxada de anti-semita. A pressão era tão grande que vários grupos da esquerda que se reivindicava revolucionária capitulava nessa importante questão.

No entanto com a crise capitalista da década de 70 e a ofensiva neoliberal a partir dos 80 a situação começa a mudar. O desemprego sobe, a proteção social diminui, a reestruturação produtiva faz com que antigas zonas industriais do país percam massivamente suas indústrias da noite para o dia, como o chamado rust belt. A situação se agudizou com a crise de 2008 e depois com a crise pandêmica no ano passado. Além disso, houve importante mudanças demográficas no país, com os imigrantes latinos sendo cada vez mais significativos na população de vários estados.

Essas mudanças sociais também geraram importante mudanças ideológicas. Se por um lado vimos a ascensão de uma extrema direita personalizada por Donald Trump. No entanto, pela esquerda vemos um forte giro a esquerda, evidenciado pelo fato que a juventude americana diz preferir o socialismo ao capitalismo. No ano passado, vimos como o Black Lives Matter reuniu não apenas os negros, mas uma série de jovens e trabalhadores latinos e brancos tendo se tornado a maior mobilização da história dos EUA. Os imensos ataques da ofensiva neoliberal e da crise capitalista faz com que um setor cada vez maior do proletariado e da juventude branca se veja mais próximo aos negros do que com a burguesia, marcando uma importante diferença geracional em relação aos que viveram os anos dourados do Wellfare state.

No entanto, os últimos acontecimentos vêm mostrando que o giro à esquerda na juventude americana atinge múltiplas dimensões. Isso ficou evidenciado no amplo rechaço que os últimos ataques de Israel causaram na juventude americana, com inúmeras mobilizações pelo país. Frente a essa pressão das massas, parlamentares e integrantes do próprio Partido Democrata pressionaram Biden a negociar um cessar fogo.

Veja também: A luta negra nos EUA veio para ficar

Visto que há poucos anos atrás o apoio a Israel nos EUA era muito massivo, como já foi falado acima, essa mudança de subjetividade é muito profunda e significativa. A própria ativista palestina-americana Linda Sarsour, coloca em entrevista recente como os ataques de Israel à Palestina geraram uma rechaço sem precedentes. Com o adicional que dessa vez, a diferença do Vietnã, não vemos jovens americanos indo morrer no front.

Frente as posições de Biden de apoio irrestrito a Israel, essa também é uma primeira experiência dos setores progressistas que depositavam expectativas de grandes mudanças com o democrata. Nesse sentido, fica claro que a missão pela qual foi eleito, de tentar relegitimar o sistema político e o imperialismo americano interna e externamente não serão nada fácil.

Essa mudança potencializar enormemente a luta dos oprimidos pelo imperialismo em todo o globo, que poderão contar com um poderoso aliado dentro do território americano, como nunca antes. E também abrem espaço para a construção de organizações revolucionárias e anti imperialistas. Buscando levar até o fim essas tendências e nessa batalha estão os nossos camaradas do Left Voice americano fazer!

 
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