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CRISE POLÍTICA
Apesar de discurso ético, PSDB é um dos pilares da corrupção no Brasil
Pedro Rebucci de Melo

Aproveitando-se da corrupção escancarada nos governos petistas, PSDB tenta esconder seu longo histórico de falcatruas e aparecer como defensor da honestidade na política

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Os escândalos de corrupção sucessivos que abateram o PT e sua base aliada nos últimos anos, desde o mensalão até a Lava-Jato, foram mais que suficiente para impedir que o petismo pudesse permanecer utilizando a bandeira da ética e da honestidade como usou historicamente até a eleição de Lula em 2002. Como principal partido de oposição do país, o PSDB vem buscando se colocar também como o partido mais ético, que mais defende a integridade e a honestidade, tentando assim capitalizar o imenso ódio popular que ergue-se contra os desmandos e privilégios da casta política.

Entretanto, uma rápida olhada no passado e no presente dos tucanos é suficiente para ver que não haveria partido menos apropriado para posar como paladino da ética do que o PSDB. Dos governos FHC até o cartel dos transportes em SP, o que não faltam são provas de como esse partido está tão ou mais atolado na lama da corrupção que o PT e outros como o PMDB. A principal vantagem dos tucanos em relação aos concorrentes é contar com melhores relações com a mídia tradicional e o judiciário, setores que aparentemente orientam sua lealdade para o partido que for mais genuinamente contra os trabalhadores. Dessa forma, seus escândalos são menos expostos e seu julgamento é ainda mais moroso ou nem acontece, como dois fatos recentes demonstram.

O ex-governador de MG e ex-presidente nacional do PSDB, Eduardo Azeredo foi condenado a 20 anos de prisão por sua participação no esquema conhecido como Mensalão mineiro. Como o nome já demonstra, trata-se de um esquema de corrupção e pagamento mensal de propina similar ao famoso Mensalão que derrubou metade do primeiro escalão petista e que ocorreu durante o mandato de Azeredo como governador em 1998. A similaridade não para no método uma vez que o operador do sistema de MG foi Marcos Valério, pivô do primeiro grande caso de corrupção petista e atualmente preso por sua participação neste.

Na mesma semana o MP-SP fechou um acordo onde a multinacional Alstom pagará R$60 milhões para não continuar sendo investigada pelo pagamento de propina na compra de subestações elétricas paulistas. Além de demonstrar sua lealdade aos grandes conglomerados e ao poder econômico, a justiça também protegeu vários tucanos do baixo clero que aparelham as estatais paulistas e compõe o grosso dos cargos de chefias e, consequentemente, em posição de liberar projetos em troca de dinheiro ou favores.

A administração tucana em SP inclusive merece um destaque especial, uma vez que é onde o PSDB governa a mais de 20 anos e onde surgiram escândalos suficientes para não ficar atrás de nenhuma roubalheira petista ou do PMDB. O mais famoso deles certamente é o do cartel na compra de trens para o Metrô e para a CPTM, onde um grupo de multinacionais (incluindo a reincidente Alstom) combinava entre si os valores dos leilões, com a clara participação dos diretores e presidentes das estatais tucanas. O acordo feito com a Alstom no caso das subestações pode ser o anúncio de como vai ser tratado esse caso do cartel, incentivando as empresas a permanecerem com suas táticas para que os partidos da ordem possam continuar alimentando seus caixas 2.

Mas a corrupção não para por aí em SP e temos diversos casos da utilização da terceirização para obter contratos fraudulentos, onde empresas e materiais são contratados a preços muito superiores aos praticados no mercado, para que esse dinheiro seja posteriormente revertido para o partido através de doações eleitorais, sendo a empresa Tejofran a expressão mais conhecida desse processo. Isso sem contar os diversos indícios de colaboração entre as polícias paulistas e o PCC, como o acordo que permitiu as chacinas de maio de 2006. O descaramento é tamanho que o governo Alckmin decretou que os documentos das estatais seriam classificados como ultra-secretos e só disponibilizados após 25 anos e só voltou atrás devido a grande repercussão negativa.

No PR, o governo de Beto Richa e dos tucanos é muito mais recente que de seus correligionários paulistas mas já deixa claro que não é diferente nas práticas imorais. Em seus 5 anos de governo, Richa já teve um parente preso por fraude em licitação e viu seu parceiro de corridas e indicado político ser acusado de chefiar uma quadrilha na Receita Federal, quadrilha essa que, segundo delator, irrigou a campanha de Richa com propinas oriundas desse esquema. Ironia máxima, Richa também se utilizou do expediente das "pedaladas fiscais" no mesmo ano em que Dilma, agora argumento máximo dos Tucanos em seu pedido de impeachment.

Tudo isso ficando apenas em exemplos recentes, presentes nos jornais, ainda que secundarizados. Se fossemos até o governo FHC seria possível achar muitos outros exemplos como o escândalo da compra de votos para a reeleição em 1998, as privatizações fraudulentas, a farra bilionária do PROER, o resgate também bilionário dos bancos Marka e FonteCindam... Enfim, são tantos que não seria possível apresentá-los aqui sem entediar o leitor.

Essa breve recapitulação do histórico tucano serve para demonstrar como o PSDB não tem as minimas condições de levantar a bandeira da ética uma vez que está igualmente envolvido no lodaçal da política brasileira, participando dos mesmos esquemas e sendo financiado pelas mesmas empresas, assim como todos os partidos da ordem.

São os trabalhadores e os setores oprimidos que podem dar uma resposta verdadeira ao problema da corrupção e dos privilégios da casta política, unificando-se em um movimento nacional contra o ajuste e construindo uma resposta independente para a crise política, que não ceda nem ao governo do PT nem à oposição de direita de tucanos e cia, que possa varrer de uma vez por todas esses sanguessugas do poder.

 
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