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EDUCAÇÃO
Professora comenta o significado das ocupações de escolas na cidade de Santo André
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Após a onda de ocupações que atingiram mais de 200 escolas em todo o estado e conseguiriam suspender a famigerada “reorganização” proposta por Alckmin, que levaria em realidade ao fechamento de dezenas de escolas em distintos municípios do estado e na capital, muitas das escolas foram desocupadas e um importante debate sobre os rumos da educação tem sido levantado, sobretudo os rumos da educação pública no estado e no país.

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Após a onda de ocupações que atingiram mais de 200 escolas em todo o estado e conseguiriam suspender a famigerada “reorganização” proposta por Alckmin, que levaria em realidade ao fechamento de dezenas de escolas em distintos municípios do estado e na capital, muitas das escolas foram desocupadas e um importante debate sobre os rumos da educação tem sido levantado, sobretudo os rumos da educação pública no estado e no país.

Na cidade de Santo André, no ABC paulista, vivenciamos a experiência de algumas escolas ocupadas também, incluindo uma ocupação da diretoria de ensino. Quais os impactos desse movimento para a cidade? É possível que se crie desenvolva um movimento que possa mudar as nossas condições de educação, com escolas sucateadas, professores com salários defasados, falta de infraestrutura e materiais para os alunos?

Para responder a essas e outras questões o Esquerda Diário conversou com Maíra Machado, que esteve a frente de toda a experiência de luta contra o governo Alckmin na greve de três meses deste ano. é parte da oposição na diretoria do sindicato (APEOESP) e militante do Professores pela base, um corrente que tem participado das lutas pela educação na cidade e em todo o Estado.

1) Sabemos que Santo André foi uma das cidades onde os secundaristas protagonizaram ocupações que resultaram na suspensão dos fechamentos de escolas. Como você avalia o significado dessas lutas para a educação na cidade?

Santo André teve 14 escolas ocupadas e nos últimos dias até mesmo a Diretoria de Ensino foi tomada pelos alunos. Quando a reestruturação foi apresentada pela primeira vez até o Américo Brasiliense, escola muito tradicional, estava nos planos para ser fechada, isso causou muita comoção e revolta. As ocupações mostraram o enorme descontentamento dos alunos com a reorganização, mas também com a situação das escolas precarizadas, sem verbas e sem professores. Por outro lado, também demonstraram sua capacidade de lutar por suas necessidades, e de estarem a frente de um grande processo que pôde derrotar o governo.

Desde que se iniciaram os protestos dos alunos no início do semestre, a população de Santo André tem acompanhado e apoiado bastante. As escolas ocupadas tiveram ajuda de muitos moradores e gente comum que se identifica com a luta contra o fechamento da escola pública. Isso deu força para os alunos se enfrentarem com o governo por uma escola pública de qualidade, e mostrou também que lutar pela educação pública e gratuita em todos os níveis é necessário. Os milhares de jovens da região que estudaram em escola pública, hoje ocupam cadeiras das universidades privadas que dominam a região e sofrem com a incerteza da possibilidade de levar os estudos até o final, as ocupações ensinaram que é preciso lutar, e que é possível vencer, e que a luta por educação para todos ainda está só começando, já que os ajustes na economia irão trazer cortes ainda mais intensos para educação.

2) você acredita que essas lutas também podem influenciar as lutas dos professores? Como você analisa a reorganização da categoria na cidade?

Acredito que sim, pois os professores que também lutaram esse ano e fizeram 92 dias de greve, puderam ver que é possível derrotar o descaso do governo com a educação e conquistar o apoio da população. O desespero de muitos colegas quando souberam do fechamento de escolas e de ciclos foi muito grande, pois todos sabiam que o desemprego seria enorme na categoria, além de uma precarização ainda mais profunda com salas superlotadas, agora conseguimos um respiro e nesse momento é muito importante refletir como precisamos nos unificar aos alunos para impedir que o governo volte com seus ataques em 2016.

A aliança de professores e alunos contra a destruição da escola pública é uma força enorme, por isso durante todo o processo de ocupações as diretoras de escola e a Diretoria de Ensino queriam saber que professores estavam apoiando, quem estava ajudando, ameaçando punir os professores aliados ativamente aos alunos. Agora as escolas que já foram desocupadas apresentam um plano de reposição de aulas punitivo para os professores que terão que repor aula até o dia 30 de dezembro e depois toda a primeira quinzena de janeiro, com controle da presença dos alunos, sendo que sabemos que dezembro é um mês com pouquíssima atividade nas escolas, quando os alunos já não comparecem mais, só para recuperação.

O governo que não tem a mais mínima atenção para a educação pública quer fazer demagogia, como se essas semanas de ocupação tivessem prejudicado os alunos, fazem isso para impedir a unidade entre aqueles que de fato fazem as escolas funcionar. As reposições devem ser feitas para resgatar o conteúdo perdido, mas não de forma punitiva, e em aliança com toda a comunidade escolar.

3) Sabendo dos cortes que o PT tem feito na educação em nível federal e da política neoliberal tucana de cortes de gastos como tem feito o governador Geraldo Alckmin, é possível pensarmos num forte movimento pela educação pública e de qualidade em Santo André?

É possível e necessário um forte movimento pela educação pública e de qualidade em Santo André. O sindicato de professores em Santo André está ligado a correntes antigovernistas, que não estão nem do lado do Alckmin nem do lado do PT, o que dá uma base para avançar nos questionamentos e no combate aos ataques a educação. Entre os estudantes ainda é preciso avançar para construir entidades contra o governo, e um dos entraves para o desenvolvimento da luta na cidade foi a UMES que se dizia porta voz dos estudantes, mas que está lado a lado com o governo Dilma e seus ajustes e ataques a população de conjunto.

A prefeitura comandada por Carlos Grana do PT, durante todo o processo de ocupações se dizia contra a reorganização, mas nunca mencionou sua posição frente aos milhões de cortes feitos na educação pelo governo Dilma e nem mesmo falou da falta de creches municipais para a população pobre, ao longo do processo se dizia aliada da UMES e dos estudantes. Claro que a máscara caiu quando sem nenhuma conquista UMES e prefeitura diziam que era hora de entregar as escolas.

Com esse processo existe uma grande possibilidade de construir um enorme movimento de estudantes combativos junto a professores antigovernistas que hoje estão no sindicato e estiveram à frente da greve no início do ano. Eu sou parte da Corrente Professores pela Base e construímos o sindicato na cidade, opino que os professores precisam se organizar e lutar pelos suas demandas salariais e direitos, mas também ir além, unir-se aos estudantes e a população trabalhadora e exigir melhores escolas para nossos filhos tanto no nível básico, democratizadas e gestionadas pela comunidade, professores e estudantes e, no ensino superior, lutar para que possam estudar gratuitamente na universidade sem ter que pagar e sem passar pelo filtro do vestibular que seleciona os que puderam estudar nos melhores colégios e exclui o estudante da escola pública.

 
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