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MANIFESTAÇÕES DO DOMINGO
Atos da direita perdem público e força de influenciar processo de impeachment
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As primeiras manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff após o acolhimento do pedido na Câmara dos Deputados registraram adesão muito menor que os outros três protestos de 2015.

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As primeiras manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff após o acolhimento do pedido na Câmara dos Deputados registraram adesão muito menor que os outros três protestos de 2015.

Deputados e senadores da bancada do PT chegaram à reunião do partido nesta segunda-feira comemorando o esvaziamento das manifestações deste domingo, 13, que pediam o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Isso porque um dos fatores que poderiam ser mais decisivos para o desenvolvimento do processo seria a mobilização de rua, mas com a perda de força dos atos, ao contrário de intensificarem as condições para o impeachment, podem ter criado condições mais favoráveis para o governo atuar.

Dados divulgados pela Polícia Militar nos Estados onde houve manifestações somaram cerca de 73 mil participantes pelo País. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, onde ocorreu o maior protesto, 30 mil pessoas foram à Avenida Paulista.

Com base em fotos aéreas registradas às 15h30, a agência Estadão Dados calculou em 28,5 mil as pessoas na Paulista no pico do protesto. O Datafolha estimou em 40 mil o público circulante na avenida ao longo do protesto. Para os organizadores, foram 100 mil.

Os números são muito inferiores aos das manifestações anteriores. A maior, em março, reuniu 1 milhão de pessoas só na Paulista, segundo a PM. Em abril, o número caiu para 275 mil e subiu em agosto para 350 mil.

Uma pesquisa Datafolha traçou o perfil dos manifestantes que foram à avenida Paulista. Segundo o levantamento, os protestos em São Paulo reuniram um público majoritariamente classe média, com média de idade de 48 anos, sendo que 44% eram de pessoas com renda maior ou igual a dez salários mínimos.

Ainda neste domingo, 13, grupos como Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre anunciaram manifestações pelo impeachment em 13 de março. Parlamentares do PSDB, DEM e outros partidos rivais de Dilma e do PT deram apoio à iniciativa. "Foi importante já terem marcado a nova data para as novas manifestações. Isso ajuda a manter a mobilização e deixa o governo sob pressão", disse o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), líder da minoria na Câmara, que foi ao ato no Recife. Ou seja, a única possibilidade de discurso da direita diante do fracasso dos atos foi se apoiar nas próximas convocações.

Opinião

As marchas encerraram uma das ações que poderiam ter sido mais importantes dos setores pró-impeachment. No jogo de forças entre o governo e a oposição nas alturas, com uma série de ações e manobras, uma ação de rua poderia ter sido o fiel da balança, mas demonstrou certa fraqueza da capacidade da direita de mover a sociedade civil em torno da bandeira do impeachment.

A verdade é que de acordo com a pesquisa do DataFolha pelo menos metade da composição dos atos era de setores de classe média alta ou mesmo ligados as classes dominantes, o que demonstra que do ponto de vista de classe a direita não tem conseguido mobilizar massivamente setores da classe trabalhadora e da juventude.

Um dos fatores principais que influenciam essa equação é o enorme questionamento existente por parte do articulador do impeachment, deputado e presidente da câmara Eduardo Cunha. Os escândalos de corrupção de contas na suíça e da Lava-Jato fazem com que a credibilidade de qualquer pedido de impeachment vindo de um deputado completamente enlameado na corrupção perca bastante sua força.

De outro lado, o governo ainda não conseguiu articular as forças para a queda de Cunha ou, sua intenção inicial desde o processo, para articular as votações rapidamente no mês de dezembro, incluindo a perda do recesso parlamentar, para que aproveitando o momento um pouco mais favorável pudesse recompor as forças do governo e preparar ainda maior concentração para o ajuste fiscal contra os trabalhadores, que tem sido a principal orientação política do governo.

O cenário mais provável, portanto, é de que se continue o jogo político nas alturas, sem que o governo tenha força pra se recompor ou a direita para impor o impeachment, um jogo que quanto mais se estende no tempo mais aumenta o desgaste do governo.

Com a crise da presidência, mas também o forte questionamento a Cunha (e por conseguinte ao parlamento), aumenta no entanto não só o desgaste, mas a crise de representatividade.

Diante desse cenário, qualquer resposta que apenas altere os políticos, mas mantenha o sistema político dessa democracia bastante degradada seria insuficiente. É necessária uma assembleia constituinte livre e soberana para botar abaixo esse sistema político de corrupção e ajuste fiscal, começando por medidas como que todo político ganhe como uma professora e que sejam revogáveis. E a partir daí, colocar respostas estruturais para problemas latentes do país como a necessidade de reestatizar empresas como a Vale, controlada pelos trabalhadores, libertando as empresas estatais do jugo do capital financeiro nacional e internacional. Além disso, seria necessário impor o cancelamento da dívida pública, uma radical reforma agrária e a ruptura dos acordos de subordinação com o imperialismo, além de garantir investimentos maciços em educação, saúde, transporte e moradia.

 
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