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ESTADOS UNIDOS
Bessemer abre a porteira: trabalhadores da Amazon em todos os EUA querem se sindicalizar
Tatiana Cozzarelli

Na medida que o esforço dos trabalhadores do depósito da Amazon parece abrir as porteiras para a sindicalização, a pequena porcentagem de trabalhadores do setor privado dos EUA em sindicatos parece crescer.

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FOTO: Bloomberg

A Amazon realmente não quer que os seus trabalhadores se sindicalizem.

Em seus depósitos em todos os EUA, a Amazon contrata analistas de inteligência para rastrear “ameaças de organização de trabalho” e espiona as interações dos funcionários em grupos do facebook.

Em Bessemer no Alabama, a Amazon fez de tudo para frustrar o esforço de sindicalização, incluindo tudo desde ameaças de perda de emprego, ligações telefônicas para os trabalhadores e reuniões anti-sindicais durante o horário de trabalho. A empresa solicitou com sucesso à prefeitura da cidade que diminuisse a quantidade de tempo nos sinais vermelhos perto do depósito para que os organizadores da campanha tenham menos tempo para conversar com os trabalhadores em seus carros. A Amazon está pagando aos seus consultores algo em torno de U$10.000 por dia para interromper o processo de sindicalização.

Mas a luta em Bessemer parece estar abrindo a porta para outras sindicalizações. Os trabalhadores da Amazon em Baltimore, New Orleans, Portland, Denver e Southern California entraram em contato com o Sindicato de Comércio a Varejo e Lojas de Departamento (RWDSU na sigla em inglês) sobre uma possível sindicalização em seus depósitos. RWDSU diz ter ouvido mais de 1.000 trabalhadores da Amazon por todo o território estadunidense.

Bessemer não é a única pressão por sindicalização que a Amazon vem passando. A Internacional Brotherhood of Teamsters está pressionando para sindicalizar os trabalhadores da Amazon em Grimes e Iowa City, Iowa. Os organizadores da campanha conversaram com entre 400 e 500 trabalhadores da Amazon na área, o que inclui uma instalação para 1.000 funcionários em Bondurant, inaugurada em Dezembro do ano passado.

As condições de trabalho nos depósitos são nada menos que abomináveis. A empresa rastreia a produtividade de cada trabalhador e gera avisos automáticos - sem qualquer intervenção do supervisor - se, por exemplo, alguém passar “muito tempo” no banheiro.Os trabalhadores às vezes se veem forçados a fazer xixi em garrafas para manter seus empregos. Além disso, eles recebem um intervalo mínimo entre as tarefas, cada movimento é rastreado e os trabalhadores que ficam abaixo da média de produtividade são punidos ou demitidos. O resultado de tudo isso é uma alta taxa de lesões graves nas instalações - 7,7% , o que é quase o dobro da média recente da indústria (que já é bastante alta).

A Amazon é a segunda maior empregadora do setor privado dos Estados Unidos, e os trabalhadores ainda não tiveram sucesso em organizar um sindicato em uma única instalação. A retaliação é uma ameaça real. O jornal [Bloomberg news relata]: “Um funcionário em Nashville foi demitido em retaliação por discutir sobre as condições do local de trabalho, outro em Illinois foi trocado de turno para ‘desencorajar funcionários a se engajar’ no ativismo de acordo com as queixas apresentadas em Fevereiro ao Conselho Nacional de Relações Trabalhistas (National Labor Relations Board em inglês)”.

A empresa demitiu “encrenqueiros” como Chris Smalls e inúmeras pessoas cujo nomes nós não sabemos. Uma tentativa de 2014 por parte dos trabalhadores técnicos da Amazon de se organizar na Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais foi frustrada pela rigorosa campanha anti-sindical da Amazon.

Apenas 6,3% dos trabalhadores do setor privado nos Estados Unidos estão atualmente sindicalizados. O Walmart, o maior empregador privado dos EUA, utiliza táticas anti-sindicais semelhantes. Táticas legais e ilegais para combater os sindicatos são utilizadas, tornando o direito básico de se sindicalizar extremamente difícil. Por isso é fundamental lutar pela Lei de Proteção ao Direito de Organização(PRO Act), assim como por leis ainda mais extensas que proíbam a tentativa de barrar a organização dos trabalhadores em sindicatos.

Mesmo com o movimento no depósito da Amazon abrindo as porteiras para esforços de sindicalização em todo o país, vimos muitos sindicatos funcionarem como “sindicatos empresariais” com uma organização de cima para baixo sem lutar e prestar solidariedade aos trabalhadores de Bessemer. É por isso que os trabalhadores precisam lutar mais do que por apenas um sindicato, mas sim por sindicatos dirigidos pelas bases - para que sejam verdadeiros instrumentos de luta para a classe trabalhadora.

Os sindicatos são essenciais e os trabalhadores sabem disso. O jornal Bloomberg relata sobre um trabalhador de 28 anos de um depósito da Amazon em Nova Orleans que dirigiu cinco horas até Bessemer para apoiar a luta de organização sindical. Ele disse em um comício “Se a empresa mais poderosa do mundo pode ser sindicalizada em um estado com histórico anti-sindical como o Alabama, isso dá esperança aos trabalhadores na Louisiana, no Mississipi, na West Virginia, que estão tentando fazer a mesma coisa... Nós temos que apoiar a luta onde quer que ela esteja porque assim a luta virá até nós.

 
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