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LUTA SECUNDARISTA
Os secundaristas deram exemplo e apontam luta por outro projeto de educação
Simone Ishibashi
Rio de Janeiro
Odete Assis
Mestranda em Literatura Brasileira na UFMG
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Os secundaristas mostraram que é possível derrotar os ataques dos governos, mesmo o de Alckmin, que até agora não tinha sido derrotado. Ocuparam as escolas, cortaram ruas, impuseram uma derrota para Alckmin em seu projeto de reorganização e abriram espaço para lutar por outro projeto de educação.

As ocupações foram não apenas uma forma de mobilização, mas em grande parte uma demonstração de como a escola deve funcionar. Os alunos denunciaram que recursos e merenda estragavam nos depósitos das escolas, e reformaram suas dependências. Organizaram aulas sobre o combate ao racismo e a questão negra, a luta das mulheres, e dos trabalhadores. Grandes artistas foram apresentar-se nas escolas. Chamaram a comunidade para participar de suas atividades. Indicaram que é possível transformar radicalmente a escola, e sua estrutura extremamente hierárquica, numa escola que seja gerida por professores, alunos, funcionários e comunidade.

Também questionaram o desmonte da Educação pública, que em São Paulo o governo do PSDB está aplicando, mas que abarca também as instâncias de ensino ligadas ao governo federal do PT, e as universidades, como a UERJ, também ocupada contra os cortes do orçamento, ou a FMU, universidade privada de SP que teve seu departamento financeiro ocupado contra o aumento de mensalidades e degradação da qualidade de ensino.

Em seu comunicado lido após o anúncio do recuo de Alckmin, os secundaristas reivindicam a abertura de um diálogo claro e amplo, que envolva toda a sociedade, sobre a “necessária reforma do ensino”. Esse é o caminho, vamos agora por uma Educação pública, gratuita e de qualidade para todos e que englobe desde os níveis básicos até o ensino superior. Que questione os currículos, o que é ensinado nas escolas e universidades, e a serviço de quê esse conhecimento está. Que a partir da unidade com os estudantes das universidades, imponha o fim do vestibular e a estatização das universidades particulares. Não é só na escola o problema da qualidade, nas universidades privadas, onde a maioria da juventude das escolas públicas tem chance de entrar, você paga caro por um ensino com qualidade cada vez mais baixa, pois cada vez mais o único interesse é o lucro e não a educação. Esse processo se intensificou com a política de financiamento do PT para os tubarões do ensino com o PROUNI e o FIES. Se para os estudantes que tiveram acesso a universidade foi uma conquista imediata, o que estava por trás não se dizia: que a educação ia virar uma mercadoria mais e esse sistema iria entrar em uma profunda crise.

Para grandes objetivos como este, de lutar por outro projeto de educação, enfrentando os governos do PT, PSDB e todos os partidos, bem como os tubarões do ensino, precisamos construir um organismo dos secundaristas em luta que seja capaz de coordenar todas as escolas em mobilização e avançar na relação com os universitários e a sociedade. Nesse sentido, é uma importante conquista o Comando das Escolas Ocupadas, que vem se tornando cada vez mais representativo, e declarado que não aceita as direções petistas e aliadas ao governo federal da UMES, UPES e UBES.

Mas precisamos conseguir fazer como os secundaristas do Chile que garantiam representantes de todas as escolas neste organismo que, pelo seu peso, obrigava a grande imprensa a divulgar massivamente todos os seus chamados e comunicados, podendo assim transformar o apoio da maioria da população em força ativa nas ruas, juntando centenas de milhares por outro projeto de educação como fizeram no Chile.

Nessa nova etapa da luta, após o recuo de Alckmin, é preciso ampliar nossa pauta e ir por mais, avaliando os melhores meios táticos para isso coletivamente. Por exemplo, é um erro desocupar de maneira desorganizada. O ideal é que reunamos todas as escolas no Comando de Escolas Ocupadas, avaliemos coletivamente as nossas forças e os melhores métodos para avançar. Se for avaliada a necessidade de desocupar, é possível pensar outros métodos de luta e, mantendo um Comando como este organizado, voltar com toda força a mobilização sempre que necessário. São avaliações a serem feitas, mas o fato é que impusemos uma derrota ao Alckmin e é possível ir por mais.

 
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