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Empresários cortam combustíveis em BH e na RMBH: eles, Bolsonaro, Zema se lixam com o que o povo paga
Flavia Valle
Professora, Minas Gerais

Não houve quem em BH e na região metropolitana nessa sexta-feira (26/02) não tenha sido afetado pelo corte de fornecimento de combustível por ação de empresários de grandes transportadoras, que gerou uma corrida aos postos de combustíveis com a ameaça de desabastecimento.

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Foto: Cristiane Mattos/O TEMPO

A ação começou no dia 25/02 com movimentações de caminhões de grandes empresas transportadoras de combustíveis e derivados de petróleo, liderada por caminhões de empresas como a recém privatizada BR Distribuidora e outros caminhões da marca de empresas Zema. E contou na sexta-feira com uma paralisação que segundo o sindicato de patrões SindTanque-MG (Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais), chegou a 300 caminhões parados em todo o Estado por essa ação. Uma ação patronal que afetou o abastecimento de combustível em toda a RMBH e em outras regiões do estado.

Parando a BR 381, foram até a Cidade Administrativa, exigir do governador Romeu Zema a redução de 15% para 12% do ICMS sobre o óleo diesel no estado. Uma medida que atende apenas as vontades de grandes empresários, donos de transportadoras. Pois longe de querer reduzir o preço dos combustíveis, a retirada dos impostos sobre o diesel visa apenas remover a pequena parte do preço que é recolhido como imposto, e garantir que também vá parar no bolso dos acionistas no próximo reajuste. Nada além disso.

Romeu Zema por sua vez afirmou, por meio de nota, que cabe ao governo federal a redução dos preços, fortalecendo a pressão de setores das patronais interessados apenas em seus lucros, ao mesmo tempo em que sugeriu que uma possível redução do ICMS teria que ser acompanhada de uma “compensação”, como aparece escrito na nota. Ou seja, através da ganância desses capitalistas lemos “compensação” como cortes em outras áreas como saúde, educação, salário de servidores entre outros. O governador que se negou muitas vezes receber professores e as demandas da educação, recebeu o grupo organizador do movimento de braços abertos, atendendo a anseios da patronal e localizando o problema no governo federal e na Petrobrás. Temos agora um governador que atua diretamente para atender aos interesses de grupos de empresários que cortaram o fornecimento de combustível em Minas Gerais!

Enquanto isso, a população sofre com os altíssimos preços da gasolina e do gás de cozinha, com a crise e com o aumento das dívidas mensais, o que aumenta a defasagem da renda mensal, com trabalhadores tendo com vender o almoço pra comprar a janta e famílias passando fome sem sequer o terem o auxílio emergencial em meio à pandemia. Essa ação patronal que paralisou a RMBH hoje não tem nada a ver com a garantia de atendimento de interesses populares algum.

Além da demanda da redução do ICMS sobre o diesel não afetar o gasto da dona de casa com o botijão de gás com preço exorbitante; e nem os trabalhadores que dependem de gasolina e etanol para seu deslocamento cotidiano, o setor de transportes de combustíveis é monopolizado por grandes empresários. São raríssimos os pequenos proprietários de caminhão tanque. Tanto assim que nas ações patronais junto a caminhoneiros no ano de 2020, ninguém menos que Vitorio Mediolli, prefeito de Betim e o mais rico do país, empresário bilionário ligado ao grupo Fiat, Sada entre outros, foi um dos convocadores daquele lockout.

Quem sofre com isso, mais uma vez, é a população. Que ainda conta com um governador patrão em Minas Gerais, que tem sua família no comando do grupo Zema , com empresas atuantes em ramos variados. Inclusive empresas do ramo do petróleo, vendidas em 2018 para a empresa imperialista Total, mas onde seguiram com ações minoritárias. Apenas as lojas Zema tiveram um faturamento de 1 bilhão de reais em 2020 , o ano do início da pandemia, em que famílias não tiveram o que comer e 42 milhões de brasileiros viveram na pobreza. Ou seja, são capitalistas que usam o estado como seu balcão de negócios enquanto a população amargura os efeitos da crise.

A crise econômica, política, social e sanitária em nosso país se aprofunda e com ela as maiores disputa entre setores da própria classe dominante. Como vemos nessa disputa e na crise dos preços dos combustíveis. E que expressam políticas diferentes de subordinação dos preços ao mercado internacional, seja pela via liberal de Guedes seja pela via populista de direita de Bolsonaro. Mas todos eles subordinados aos interesses de Wall Street.
Subordinação que já acontecia nos anos de governos do PT e que o golpe institucional de 2016 aprofundou. Desde a golpista e entreguista Lava Jato e o impeachment, o plano é para que o enriquecimento estrangeiro seja total, com a venda das refinarias e com medidas demagógicas como as de Bolsonaro de redução de impostos federais, que não mexe nas dificuldades da família que precisa comprar o gás pra alimentar a família ou se deslocar com carro pra ir trabalhar, visto que a redução de impostos federais afeta apenas 3% do preço do gás de cozinha, como nos explicou um petroleiro sobre a verdadeira alta dos preços.

Ou seja, não será possível uma política de redução drástica dos preços dos combustíveis após 34,7% de aumento apenas no ano de 2021 por fora de barrar a venda da Petrobrás e de suas refinarias. Não é possível nenhuma ilusão nessas ações patronais que paralisaram a região metropolitana de BH nessa sexta-feira. Pelo contrário, é preciso haver uma voz alternativa de trabalhadores para dar uma resposta a tamanha crise que atinge a população e se enfrentar com esses interesses patronais.

Por isso que os petroleiros vem se mobilizando nacionalmente e apontando o início de uma greve para o dia 4 de março. O que pode fazer com que sejam os petroleiros na linha de frente como uma voz alternativa e de trabalhadores, independente de todos os setores patronais e de capitalistas. E que pode fortalecer a ação de trabalhadores e do povo, contra o aumento dos preços, contra a venda das refinarias da Petrobrás, como parte de uma luta por uma Petrobrás 100% pública e administrada por seus trabalhadores. Que é a única maneira de atender às demandas da população.

 
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