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PLENÁRIA DO PÃO E ROSAS
Em meio à absurda reabertura das escolas, Plenária do Pão e Rosas debaterá a situação das professoras e estudantes na pandemia, diz prof. Maíra Machado
Redação

Há um ano vivemos a pandemia da covid-19 e a situação no Brasil é cada vez mais calamitosa, estando agora em seu pior momento. São milhares de mortes todos os dias em meio ao descaso dos governos, que atuam pelos interesses dos lucros dos empresários e insistem em absurdo como a reabertura das escolas, sem nenhuma condição para tal. As mulheres trabalhadoras são as mais atingidas por todo esse caos e o feminismo liberal das empresas não pode dar uma saída à elas. Lutamos pelo feminismo socialista, das mulheres trabalhadoras.

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Estamos no pior momento da pandemia no país. São mais de mil mortes diárias já há mais de um mês, sendo que esse número só aumenta, batendo novo recorde nesta sexta, com mais de 1500 mortes. Estados como o Acre e o Amazonas agonizam em meio a uma calamidade que combina sistema de saúde colapsado, enchentes e alagamentos, e um surto de dengue - endemia que já se tornou comum no país nesta época do ano.

Em meio a esse cenário, segue o descaso tanto do governo Bolsonaro, como dos governos estaduais e municipais. A tendência nacional com relação à educação tem sido a imposição do retorno às aulas presenciais. Porém, com essa educação pública que é totalmente negligenciada por todos governos - e corre risco de perder ainda mais investimento com a PEC emergencial -, a realidade que vemos é de escolas completamente despreparadas para receber tanto os alunos, como professores e mais diversos trabalhadores da educação. Não há condições de segurança sanitária, em diversas cidades se vê notícias que vão desde aulas adiadas devido à falta de trabalhadores da limpeza, até as mais tristes, como as que chegam contando sobre a morte de colegas de trabalho e profissão, e até mesmo de crianças e adolescentes, todos em decorrência de complicações da covid-19.

Essa situação caótica que o país vive escancara a realidade das mulheres trabalhadoras: com o aprofundar das crises - sanitária e também econômica -, essas mulheres são as primeiras a sentir os impactos e consequências. São as primeiras a serem demitidas ou forçadas a desistir de um emprego, pois é sobre elas que recai o peso da dupla jornada de trabalho, sendo as responsáveis pelos cuidados com os filhos que não podem voltar à escola, sendo impedidas de trabalhar, mas sem receber nada por isso.

Com o retorno presencial, são as avós das famílias proletárias as que se expõem aos riscos da pandemia ao ficar com os netos enquanto as mães trabalham. Também são mulheres negras as que ocupam os postos de trabalho mais precários, aqueles que nunca pararam e sempre precisaram lotar o transporte público, enquanto se fazia um apelo para ficarem em casa, que soava surreal aos ouvidos de uma trabalhadora doméstica, por exemplo, serviço que foi considerado essencial desde o início da pandemia - basta relembrarmos o triste caso de Mirtes, que perdeu o filho Miguel pela negligência da patroa.

A categoria de professores também é formada amplamente por mulheres, assim como a linha de frente da saúde, composta por enfermeiras, técnicas e auxiliares de enfermagem, além das trabalhadoras da limpeza, em sua maioria terceirizadas. Essas últimas, inclusive, em diversos hospitais não foram incluídas na fila da vacinação, apesar de estarem em situação diária de risco.

Um feminismo que não leva em consideração essas mulheres, que não seja para lutar pelos direitos dessas trabalhadoras, não nos interessa. Nos últimos anos, a luta das mulheres pelos seus direitos ganhou cada vez mais força e espaço, porém, a burguesia usou suas ferramentas para se apropriar desse processo e tirar a luta das ruas, levando-a para as novelas, capas de revistas e diversos programas televisivos. Esse feminismo liberal, que diz representar as mulheres em suas lutas mas apenas utiliza nossa voz para gerar mais lucros, precisa ser combatido. Se a Globo coloca uma mulher empoderada como protagonista de novela, uma influencer digital feminista no BBB, ou a Avon faz uma capa gritando pela diversidade, nada disso muda de fato a realidade das mulheres trabalhadoras, exploradas pelos patrões ou desesperadas diantes do desemprego.

Nosso feminismo, do grupo de mulheres Pão e Rosas, é um feminismo socialista. É o feminismo que desde o início sabia que, por exemplo, Kamala Harris pode significar um marco para o imperialismo norte-americano, sendo a primeira mulher negra a assumir a vice-presidência dos Estados Unidos, mas ainda assim seguia sendo uma inimiga das mulheres. A realidade foi colocada à prova, e essa semana vimos a primeira mulher negra a bombardear o Oriente Médio, com as bombas estadunidenses lançadas na Síria pelo governo democrata de Joe Biden.

É com essa perspectiva, compreendendo que nossas alianças devem ser com as mulheres e homens trabalhadoras e trabalhadores, pois há um rio de sangue que nos separa das mulheres burguesas, que nós do Pão e Rosas faremos uma plenária nacional na próxima semana. Queremos reunir diversas mulheres, entre elas professoras, como eu, e estudantes para debater, entre outras questões, a situação das escolas, educação e mulheres ligadas à comunidades escolar, em meio a pandemia, e a absurda reabertura presencial das escolas.

Queremos debater e fortalecer o feminismo socialista, nos apoiando na força das mulheres trabalhadoras, como tem sido as trabalhadoras têxteis de Mianmar que resistem contra o golpe, as francesas se organizando em defesa da greve dos petroleiros de Grandpuit, as milhares de professoras pelo país se colocando contrárias ao retorno das aulas presenciais, ou as trabalhadoras de linha de frente, tanto da saúde quanto da limpeza, que lidaram frontalmente com a pandemia, muitas vezes nas situações e com os salários mais precários.

Convidamos todas mulheres trabalhadoras - empregadas e do lar - e estudantes a se somarem com a gente nesta plenária, no sábado, 6 de março, às 16h30, para fortalecer esse feminismo que está do lado da classe trabalhadora e em defesa de todos os direitos das mulheres, desde os mais individuais como as liberdades do corpo, aos mais profundos direitos coletivos de sua classe. Lutamos pelo fim de toda opressão e toda exploração, e é para essa luta que convidamos todas trabalhadoras a se somarem.

 
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