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No dia 11 de fevereiro, em comunicado externo conjunto da Subsecretaria e a Coordenadoria de Gestão de Recursos Humanos – CGRH da Secretaria de Educação, o governo ataca os trabalhadores da educação, como mais um exemplo de ameaça para impor um retorno inseguro do qual professores e outros profissionais se colocam contrários para defender a vida de toda a comunidade escolar.
Sobre as designações do suporte pedagógico, impõe que as “Diretorias de Ensino devem fazer constar no referido documento que a prestação laboral deverá ser cumprida presencialmente (...) podendo ocorrer a negativa de atribuição de vaga ao candidato que não retornou a prestação laboral de forma presencial.” Ou seja, para aqueles que não retornarem para o presencial, não tem vaga.
Referente às atribuições dos Programas e Projetos da Pasta, “as Diretorias de Ensino, assim como as Unidades Escolares deverão proceder às atribuições dos Programas e Projetos da Pasta, como PAC, PROATEC, ACD, POC, Professor Auxiliar (ordem judicial), Sala de Leitura e dentre outros, somente para os docentes que exercerão suas atividades de maneira presencial (...)”.
E ao final, depois de ameaçar os professores, o documento fecha com “o integrante do Quadro do Magistério, que pertencer ao grupo de risco e que tiver interesse em atuar em regime presencial, deverá preencher o termo de responsabilidade disponibilizado no sistema da Secretaria Escolar Digital – SED.” Assim, não só impõe para que todos os professores retornem, caso queiram ainda sustentar suas famílias, mas também o governo quer se abster de qualquer caso de morte ou demais sequelas que possam ocorrer caso o professores pegue Covid.
Como podemos ver claramente, Doria e seu secretário de Educação Rossieli querem literalmente empurrar os professores que são grupo de risco para a morte, e também usar da precarização que construiu na categoria, expondo a vida dos professores contratados, especialmente os categoria O, que se sentem sem saída para o retorno, já que grande parte deles ficaram sem salário desde o fechamento das escolas em 2020! Doria e Rossieli deixam claro que a vida desses professores não tem o menor valor para eles. Fazem chantagem forçando esses trabalhadores a apostarem com suas vidas para não perderem sua função designada. Algo que implicaria no mínimo em grandes transtornos e incertezas em relação a sua jornada de trabalho, função e renda. Assim como querem responsabilizar as famílias por eventuais contaminações de seus filhos, estão jogando nas costas dos trabalhadores do grupo de risco a conta de não garantirem condições sanitárias seguras para o retorno das aulas presenciais.
Se as escolas ainda não retornaram presencialmente, isso é culpa do governo que nunca garantiu um plano efetivo e racional para o combate à pandemia. Doria faz demagogia como se fosse oposição a Bolsonaro, mas o mesmo governa o estado onde mais morreram vítimas da Covid. Isso sem falar da vacina, que o governador usa para se alçar como alternativa para a burguesia em 2022, enquanto na verdade, não existe vacina nem para todos trabalhadores da saúde no país, que são de fato aqueles que lutaram contra a pandemia.
Os professores do Estado e do município de São Paulo estão em luta contra a reabertura insegura das escolas, mas para essa luta poder ser vitoriosa é necessário mais do que nunca mobilizar de fato a categoria e unificar a luta entre os trabalhadores da educação. Mas infelizmente não é a forma como o que a direção majoritária da Apeoesp (PT e PCdoB) vem conduzindo a greve da categoria até o momento, que na última assembleia (12/02) defenderam uma posição que na prática interrompe a greve na categoria.
Veja mais: Greve trabalhando? Sobre a posição absurda apresentada pela direção da Apeoesp
Nós do Nossa Classe Educação defendemos nas assembleias pela continuidade da greve e pela unificação dos professores estaduais com os municipais, para assim fortalecermos a mobilização, rompendo com o isolamento imposto pelas direções e avançando na construção na base. Fazemos assim um grande chamado à toda oposição para a construção de um pólo antiburocrático, que tenha como objetivo exigir da direção majoritária do sindicato a unificação com professores municipais, organizando espaços de discussão e deliberação construídos pela base em cada escola e campanha contra o corte de ponto, disponibilizando os recursos do sindicato e organizando um fundo de greve para garantir condições de mobilização contra o corte de salário de Doria.
Veja aqui: Os desafios da greve dos professores de SP contra a imposição do retorno inseguro.
Nesse momento em que a maior parte dos trabalhadores já voltou a normalidade em meio a uma segunda onda de covid-19, Doria quer jogar a opinião pública contra os profissionais da educação, como se esses não quisessem trabalhar. A realidade é que esses profissionais são contra o retorno das aulas presencias sem condições sanitárias seguras nas escolas. Quem deve decidir como e quando devem voltar as aulas presenciais são as comunidades escolares junto com os trabalhadores da saúde. Deixar essa decisão nas mãos de Doria e Rossieli é abrir caminho para centenas quiçá milhares de contaminações expondo ainda mais as famílias trabalhadoras em nome do lucro dos capitalistas.
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