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UNICAMP
Após dois anos de Brumadinho, Unicamp tenta aprovar parceria com a Vale assassina
Juliana Begiato
estudante de Ciências Sociais da UNICAMP

Em meio à pandemia e próximo aos dois anos do crime de Brumadinho, a Unicamp tenta homologar uma parceria público-privada com a empresa Vale, que significaria a continuação de um acordo de R$1,5 milhões.

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Imagem: Adriano Machado/Reuters

A proposta de homologação, que já foi aprovada pela CACC (Comissão para Análise de Convênios e Contratos) e agora será votada na CEPE (Câmara de Ensino, Pesquisa e Extensão), é referente ao Acordo de Acordo de Parceria para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação entre a Unicamp e a Vale. O Acordo, que teve início em 25/10/2018, financia dois projetos de pesquisa na Unicamp que somam R$1,5 milhão.

No acordo está previsto que a Vale e a Unicamp serão coproprietárias do objeto resultante das pesquisas, mas prevê que a Vale pode optar, a qualquer momento, por possuir o licenciamento exclusivo do objeto.

Essa parceria com a Vale assassina, que matou mais de 270 pessoas em Brumadinho e segue com impunidade garantida pelo regime do golpe, permite que a empresa se beneficie do nome e do conhecimento gerado na Unicamp. Significa que a universidade pública, que deveria produzir conhecimento à classe trabalhadora e à juventude, coloca os interesses privados dos grandes empresários à frente.

A Vale é responsável por um dos piores crimes ambientais do Brasil. Após dois anos de Brumadinho, onze vítimas ainda não foram encontradas. Enquanto isso, as ações da empresa quase dobram e atingem recorde. Essa é a cara cruel do capitalismo: lucram em cima das nossas vidas.

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Com o financiamento de pesquisas, a Vale cumpre um papel de controle do que é produzido na educação pública de acordo com seus interesses, os interesses dos capitalistas, o que se contrapõe frontalmente aos interesses da juventude e da classe trabalhadora que sofreu e segue sofrendo com os crimes da empresa.

Essa tentativa de homologação da parceria com a Vale se dá em em meio ao governo Bolsonaro, que conta com a agenda privatista de Paulo Guedes que é um inimigo da educação, da saúde e da ciência.

Na Unicamp, o reitor Marcelo Knobel, que tenta aparecer como defensor da autonomia universitária em oposição ao Bolsonaro, é completamente favorável a essa entrada do setor privado na universidade, o que é visível com o fato de que não é a primeira vez que Unicamp serve ao interesse privado.

Desde a sua criação, em plena ditadura militar, o objetivo da universidade é ser um centro de pesquisa que destina o conhecimento ao lucro das empresas, como podemos ver melhor neste artigo. Não a toa atualmente o reitor se orgulha em dizer que o Ifood, que explora a juventude negra, é uma empresa filha da Unicamp e vemos parcerias sendo aprovadas, como foi com o Instituto Iungo na Faculdade de Educação em 2020.

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Nós da Juventude Faísca achamos que essa parceria é absurda e coloca a universidade a serviço de empresas como a Vale, que tem sangue e lama nas mãos. Por isso devemos repudiar não só essa medida, como também o projeto do governo e da reitoria de direcionar nosso conhecimento para aumentar o lucro de empresas. Nosso conhecimento deve estar a serviço dos trabalhadores e do povo pobre, e não da exploração.

As decisões da universidade não devem ser tomadas por organismos antidemocráticos nos quais os estudantes são minoria, como a CEPE e o CONSU. Cada setor (estudantes, trabalhadores e professores) deveria poder decidir os rumos da Unicamp de acordo com o peso real que tem na universidade. Chamamos o conjunto dos centros acadêmicos, em especial os dirigidos pelo PSOL e PCB, a levantarem essa bandeira em conjunto e exigir que o DCE, sob gestão da UJS, também seja parte dessa defesa.

 
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