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ELEIÇÕES NA CÂMARA
Entre a espada e a cruz: votações mostram diferença nula entre Lira e Rossi
Babi Dellatorre
Trabalhadora do Hospital Universitário da USP, representante dos trabalhadores no Conselho Universitário
Rodrigo Tufão
diretor do sindicato das Metroviárias e Metroviários de SP e do Movimento Nossa Classe

Apoiadores da Reforma da Previdência, do Pacote Anticrime, do novo Marco do Saneamento, e principalmente do golpe institucional, existem diferenças nulas entre Arthur Lira e Baleia Rossi, dois defensores dos ataques contra os trabalhadores.

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O tema das eleições para a presidência da Câmara dos deputados ocupa um espaço central no debate público das últimas semanas. Arthur Lira( Progressistas) , candidato de Bolsonaro, saiu na frente lançando sua candidatura com apoio do governo, usando dos métodos já costumeiros de comprar apoio com liberação de emendas parlamentares. Baleia Rossi(MDB) foi o candidato escolhido pelo bloco de partidos costurado por Rodrigo Maia, que abrange desde o PSL ao PT, sob o comando do atual presidente da casa conhecido por liderar o processo de aprovação da reforma da previdência na Câmara e por votar a favor do impeachment de Dilma junto com Baleia Rossi.

Setores da esquerda como o PSOL, além do PT e PCdoB, entraram no jogo de negociatas com esses políticos tradicionais da direita, que tem no seu DNA a herança da ditadura militar e mais recentemente o golpe institucional realizado em 2016. Com o argumento de ser necessário combater o candidato de Bolsonaro para garantir a democracia e um espaço para oposição na Câmara, defendem apoio à candidatura de Baleia Rossi. Ignorando que Baleia Rossi é um golpista neo liberal, que assim como Arthur Lira, votou quase todas as vezes junto com o governo na Câmara, em destaque o voto a favor da reforma da previdência, porte de armas, flexibilização das leis trabalhistas durante a pandemia, privatização do saneamento básico, entre outras maldades feitas contra o povo brasileiro nos últimos anos. Dessa forma, sustentam a fantasia de que o inimigo dos trabalhadores e da democracia é apenas Bolsonaro e deixam impunes todos os setores que apoiaram o golpe, manipularam as eleições criando as condições para Bolsonaro se eleger.

Com isso, o apoio a Baleia Rossi fortalece a estabilização desse regime podre que aprofundou a degradação da democracia e que foi instituído para avançar contra os direitos sociais e trabalhistas. Porém, não é verdade que o combate ao bolsonarismo e à direita se dá apenas dentro do parlamento. A maior força para enfrenta-los está nas ruas, nos locais de trabalho: é a força da classe trabalhadora organizada e em movimento, unificando mulheres, negras e negros e a juventude em torno de si. Como vimos hoje na invasão do Congresso dos EUA, o trumpismo – irmão imperialista do bolsonarismo – não pode ser derrotado nas urnas, mas sim nas ruas.

É urgente pensar para além dos limites da atuação parlamentar, subordinando essa atuação à imperativa necessidade de organizar os trabalhadores. Condição insubstituível para derrotar Bolsonaro e suas aspirações autoritárias, não existe atalhos. A CUT e CTB dirigem milhares de sindicatos, têm em suas bases milhões de trabalhadores, mas escolhem não mover uma palha para frear as demissões, o corte de salários, nem reverter as reformas. Pelo contrário, desde antes da pandemia, negociavam com os golpistas, como fizeram com Temer em 2017 e Rodrigo Maia, garantindo a aprovação da reforma trabalhista sem resistência dos sindicatos. Agora na crise sanitária isso se aprofunda, ao invés de lutar, os sindicatos apenas homologam as demissões dos trabalhadores e assinam acordos coletivos com grandes perdas de direitos.

Nem Baleia Rossi, nem Lira. É preciso defender sem vacilação a revogação da reforma da previdência e trabalhista; um plano de combate a pandemia que inclua a proibição das demissões, renda emergencial no valor do salário do Dieese, testes massivos para organizar racionalmente a quarentena, contratação de profissionais de saúde e para todos os serviços essenciais. Garantir aos pequenos comerciantes e trabalhadores autônomos e conta própria subsídio do Estado, perdão das dívidas e crédito barato. E para liberar verba e colocar em prática todas essas medidas de combate à pandemia, defender a anulação da lei de responsabilidade fiscal e do teto dos gastos que comprimem o orçamento público para pagar a fraudulenta dívida pública. Esse programa permitiria enfrentar a pandemia sem descarregar seus efeitos nas costas dos trabalhadores.

Para levantar esse programa é preciso romper com a estratégia de negociar com os setores que atacam os trabalhadores, combinar a atuação na Câmara com a organização dos trabalhadores num pólo de esquerda e com independência de classe, discutindo com a base de cada categoria, realizando reuniões e assembleias virtuais e presenciais para construir uma mobilização por baixo, unificando toda a classe trabalhadora, pois apenas com essa força é possível barrar os ataques, a extrema direita e combater o regime político do golpe.

 
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