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RACISMO
FIESP cria comitê de combate ao racismo enquanto segue explorando trabalhadores negros
Giovana Pozzi
Estudante de história na UFRGS

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), apoiadora histórica dos ataques aos trabalhadores e que lucra diariamente com a mão de obra precarizada de negros e negras, criou demagogicamente um comitê de combate ao racismo após o assassinato de Beto no Carrefour em Porto Alegre (RS).

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Foto: Divulgação

O brutal assassinato de João Alberto por um segurança do Carrefour e um policial em Porto Alegre gerou ampla revolta pelo país, com atos massivos contra o racismo, por justiça a Beto e a todas as vidas negras que são diariamente ceifadas pelo racismo e pelo capitalismo.

Diante da revolta da população com o Carrefour, inúmeras empresas logo se apressaram para afirmar que não são racistas. Como exemplo disso, vimos onze multinacionais, entre elas Nestlé, Coca-Cola, Pepsico e Heineken, assinarem demagogicamente um compromisso pela equidade racial enquanto seguem lucrando diariamente em cima do suor e do sangue de milhares de trabalhadores negros.

Agora, chegou a vez da FIESP. Em reunião com a Frente Nacional Antirracista, Paulo Skaf, presidente da FIESP, se comprometeu a criar um comitê de combate ao racismo. Uma verdadeira hipocrisia, já que a FIESP está do lado de toda patronal que utiliza justamente do racismo para lucrar ainda mais. São batalhões de trabalhadores nas indústrias que sofrem diariamente o peso da exploração pelas mãos do patrão, este que a FIESP defende com unhas e dentes. A Federação apoiou a ditadura militar, foi parte de organizar atos em defesa do golpe de 2016, apoiou a candidatura de Bolsonaro e Mourão, foi entusiasta da Reforma da Previdência e de todos os ataques à classe trabalhadora brasileira, uma maioria de negros e mulheres.

Ou seja, a FIESP e Skaf estão do lado de tudo que há de mais racista e reacionário. Se apoiam na terceirização, que afeta centralmente a população negra, para baratear a mão de obra, dividir a classe trabalhadora e retirar direitos trabalhistas, aumentando os lucros das indústrias e das empresas. Skaf inclusive já se sentou com Mourão, o mesmo que afirmou não existir racismo no Brasil, para negociar a aprovação das reformas da previdência e tributária, profundos ataques aos trabalhadores. Esses são apenas alguns exemplos que escancara o que eles tentam esconder com a criação dessa comissão: a FIESP e Skaf não estão do lado das negras e negros e de nenhum grupo explorado e oprimido na sociedade, pois eles são parte de quem explora e oprime.

Veja também: Alta de 73% nos lucros do Carrefour se dá em cima da fome, sangue e trabalho negro

A luta antirracista é incompatível com esse empresariado. Não há como ser antirracista ao mesmo tempo que você explora vidas negras para enriquecer um punhado de engravatados, lucrando com a precarização do trabalho e com o desemprego, duas duras realidades que afetam principalmente a população negra brasileira. Não nos enganamos, sabemos que não podemos confiar no suposto combate ao racismo que a FIESP e grandes empresas dizem investir, pois elas são parte da engrenagem que mantém o sistema de desigualdades que é o capitalismo e, portanto, perpetuam o racismo. Confiamos apenas na força da mobilização dos negros e negras e da classe trabalhadora unificada para impor justiça a Beto e dar um fim ao racismo e a toda forma de opressão e exploração.

 
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