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DOSSIÊ 20 DE NOVEMBRO
A luta das mulheres negras
Odete Assis
Mestranda em Literatura Brasileira na UFMG

Esse mês foi marcado por uma série de lutas, sendo que as mulheres negras estiveram na linha de frente. Por isso decidi, nesse 20 de novembro, escrever sobre essas mulheres, essas guerreiras que diante de todas as adversidades de uma sociedade racista e machista não param de lutar.

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A proposta inicial era escrever sobre a realidade das mulheres negras, aí eu poderia falar sobre tudo aquilo que todo mundo já sabe. Que somos as maiores vítimas da violência de gênero, as mais afetadas pelo trabalho precário, pela criminalização do aborto e diversos outras coisas que já estamos cansados de repetir.

Mas nesse 20 de novembro eu decidi falar sobre as mulheres negras abordando aquilo que mais fazemos em nossas vidas, nossas lutas.

Os secundaristas de São Paulo vem dando uma verdadeira aula de luta em defesa da educação, e uma das coisas que mais chamam atenção é que as mulheres são a linha de frente desse processo. E é claro em grande número são mulheres negras, pois essas são a maioria das jovens nas escolas públicas.

Enquanto isso na África do Sul a luta do movimento estudantil fez com que as duas maiores universidades do país efetivassem todos os seus funcionários terceirizados sem concurso público. Comprovando na prática que a luta dos terceirizados, que são em sua maioria mulheres, pode se tornar uma vitória concreta imposta pela força do movimento.

Nos Estados Unidos o movimento estudantil derrubou o reitor racista de uma importante universidade. E mais uma vez escancarou a contradição de ter um presidente negro, num dos países mais racistas do país, cuja polícia assassina foi alvo da revolta de milhares. Eric Garner, Mike Brown e outros tantos jovens que morreram pelas mãos dessa polícia. E as mães desses jovens? E as diversas mulheres negras mortas e invisibilizadas?

Em minha universidade eu pude acompanhar de perto dezenas de mulheres guerreiras, trabalhadoras do bandejão da USP. Que mesmo doentes devido a tamanha exploração do trabalho e assédio das chefias, se levantaram pra luta e como escravas insurrectas conquistaram o pagamento dos salários cortados. Mas essa conquista não é só financeira. Muito pelo contrário essa conquista expressa a força da classe trabalhadora, que no Brasil é majoritariamente negra e que quando se trata dos postos mais precários de trabalho é majoritariamente feminina. Além disso, houve o ataque sofrido na Marcha das Mulheres Negras, em Brasília nesta quarta feira, aonde manifestantes pró ditadura atacaram as mulheres em marcha.

Então se é pra falar de mulheres negras é essas mulheres tem um papel de destaque. Essas mulheres que mesmo com todos os desafios e adversidades se levantam contra o fechamento de suas escolas, contra a precarização do trabalho, o assédio das chefias. Essas mulheres que nunca abaixam a cabeça, que se jogam na luta e constroem um verdadeiro novembro negro e feminino. E se apoiando nessas mulheres estamos mais fortes para lutar contra o racismo e o machismo estrutural dessa sociedade, deixando bem claro que "Dandara vive, Dandara viverá... mulheres negras não param de lutar!"

 
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