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BOLÍVIA
O retorno de Evo à Bolívia e as tensões dentro do MAS
Redação La Izquierda Diario - Bolívia

Evo Morales retornou à Bolívia na segunda-feira e foi saudado por uma multidão na sua chegada. Isso gera tensões entre as tendências internas do MAS, mas também dentro da direita golpista que acariciava a ideia de poder prender Evo. É o início de um novo momento político, em um país profundamente polarizado, onde será necessário ver como se resolvem as contradições que condicionam ainda mais o novo governo de Arce.

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Evo Morales chegou à Bolívia na segunda-feira, 9 de novembro, acompanhado por vários de seus ex-ministros e o ex-vice-presidente. Na fronteira entre a Argentina e a Bolívia, ele se encontrou com o presidente argentino, Alberto Fernández, que voltava da cerimônia de inauguração do binômio presidencial do MAS, Luis Arce Catacora e David Choquehuanca.

Na fronteira entre a Bolívia e a Argentina, Morales fez seu primeiro discurso, acompanhado de seu ex-vice-presidente Álvaro García Linera, Sacha Llorenti (ex-embaixador nas Nações Unidas) e Alberto Fernández. Agradeceu o apoio do governo argentino, lembrando que “é algo que jamais esqueceremos, me senti em casa, parte da minha vida continua na Argentina. Não me senti abandonado ”. E por sua vez, Fernández despediu-se de Morales, indicando que o motivo de sua presença na fronteira era para garantir “que nosso querido companheiro e irmão Evo Morales retorne à sua terra natal, da qual nunca deveria ter saído e nunca deveria ter sido maltratado como foi". A importância do evento foi destacada pela imprensa por se tratar de um evento político binacional.

Evo Morales, entre as palavras de seu discurso e um vídeo de despedida da Argentina, que circulou nas redes, agradeceu também o apoio recebido de presidentes como Andrés Manuel López Obrador do México, Mario Abdo Benítez do Paraguai, Miguel Díaz-Canel Bermúdez de Cuba e Nicolás Maduro da Venezuela.

A hostilidade à chegada de Evo Morales não ocorre apenas de setores da oposição de direita, mas ocorre também em setores do próprio MAS, onde emergem conflitos e acerto de contas entre as tendências dentro desse partido

Um elemento importante para Evo Morales ter voltado a pisar em solo boliviano é que há poucos dias foi retirado um mandado de prisão contra ele, emitido pelo ex-governo de fato de Jeanine Áñez, acusando-o de terrorismo e sedição. Em todo caso, Morales terá de responder a várias denúncias, inclusive denúncias de supostos casos de pedofilia.

O novo presidente, Arce, e outras vozes do novo governo do MAS, não se referiram à entrada de Evo no país. Quando soube de seu retorno, Arce já havia indicado que "ele tem todo o direito de voltar", mas que Evo cuidará de seus negócios, ou seja, das demandas contra ele, e que não assumirá qualquer cargo. Isso também foi levantado pelo próprio Morales, indicando que seu retorno ao povoado cocaleiro de Chimoré (onde cresceu), em Cochabamba, será seu destino final e indicou que se dedicaria à agricultura e à formação de líderes políticos.

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Uma recepção massiva

Apesar de o retorno de Evo Morales ocorrer em meio a rejeição hostil dos comitês cívicos e setores da oposição de direita, sua recepção nas comunidades e cidades por onde passou foi massiva. Mesmo na cidade de Uyuni, onde o comitê cívico o declarou persona non grata, um grande ato foi realizado ontem à noite com música e com um comparecimento massivo. Cabe ressaltar que esta declaração de “persona non grata” da comissão cívica foi emitida apesar do MAS ter obtido, em 18 de outubro, 77% dos votos na cidade de Uyuni e nas comunidades do meio rural, acima de 90% dos votos. Fica assim em evidência, o papel dos comitês cívicos como instituições empresariais e patronais.

Evo Morales passou a noite em um hotel no Salar de Uyuni para continuar sua jornada hoje para Riomulatos, Challapata e Orinoca (sua terra natal). Em seguida, seguirá para seu destino final no Chapare em Cochabamba, onde deve chegar nesta quarta-feira.

A hostilidade à chegada de Evo Morales, que está sendo ofuscada pelo entusiasmo com que o recebem, não ocorre apenas por parte de setores da oposição de direita, mas ocorre também em setores do próprio MAS onde as lutas e ajustes de contas ocorrem entre as tendências dentro deste partido.

Por outro lado, a rejeição é expressa pelas “classes médias do MAS” ou mesmo por aqueles que passaram a se referir a elas como “as pititas do MAS”, aludindo ao “movimento Pitita” que foi a base social do golpe. Este é um setor que rejeita principalmente Evo Morales e aqueles que o cercam, chamando-o de autoritário e corrupto. Outras linhas de fissuras dentro do Movimento ao Socialismo, é dado pelo balanço da resistência ao golpe, onde os setores mais ligados aos movimentos sociais e populares acusam as lideranças de terem se “escondido” e deixado o povo abandonado e sua sorte enfrentando repressão e perseguição política.

Enquanto Evo Morales e Arce Catacora procuraram dar mostras de unidade, será durante o desenvolvimento do novo Governo que as disputas internas começarão a se expressar com mais força e condicionarão ainda mais o Governo de Arce. A recente nomeação de seu gabinete é um primeiro sinal. Arce nomeou seu gabinete, atendendo às expectativas de diversos setores do MAS e das classes médias de avançar em uma renovação profunda de toda a administração governamental.

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