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MARCHA DAS MULHERES NEGRAS
Defensores da ditadura militar atacam Marcha das Mulheres Negras
Lourival Aguiar Mahin
São Paulo
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Na tarde desta quarta-feira, 18, durante a realização da 5ª Marcha das Mulheres Negras em Brasília, a manifestação que ocorria sem qualquer ocorrência, que chegou a reunir cerca de 20 mil pessoas segundo os organizadores do evento, foi atacada por intervencionistas pró-ditadura militar que estavam acampados, com autorização do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Esplanada dos Ministérios.

O tumulto se iniciou, em locais opostos da marcha, quando dois policiais civis, que estavam acampados em frente ao Congresso para defender a volta dos militares ao poder, começaram a disparar tiros para o alto durante a marcha. Ambos os policiais foram presos e devem seguir com processos administrativos na corregedoria. De acordo com a PM, um dos policiais, que é do Maranhão, disparou quatro tiros para o alto. Ele alegou ter se sentido ameaçado pelos integrantes da marcha. De acordo com a Polícia Civil, ele já havia sido detido na semana passada por supostamente ameaçar com arma manifestantes que participavam de atos na Esplanada. Nesta quarta, ele foi detido por disparo de arma de fogo, encaminhado para a 5ª DP, na Asa Norte, e liberado em seguida, após pagar fiança de R$ 790. A arma dele foi apreendida.

Houve corre-corre e um princípio de confusão entre participantes da manifestação antirracismo e o grupo acampado em frente ao Congresso. Durante o tumulto, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) foi atingido com gás de pimenta, caiu no chão e precisou de socorro médico. Após o primeiro disparo, lideranças da marcha pediram às participantes que se afastassem do gramado central e "não aceitassem provocação". Como a marcha tem o apoio de dois movimentos que apoiam a gestão petista, a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), os favoráveis ao impeachment e à instalação de uma ditadura militar começaram a discutir com as mulheres. Houve um empurra-empurra e, de repente, uma bomba de efeito moral estourou perto da marcha. Iniciou-se uma correria. Outros tiros foram ouvidos no local, após o início da confusão. Segundo os bombeiros, ao menos dez pessoas precisaram de atendimento médico. Ninguém foi ferido com gravidade.

A manifestação tinha como objetivo "mostrar o respeito pela ancestralidade", disse Vanda Menezes, uma das organizadoras do evento. Principalmente quando em São Paulo o mapa da violência mostra que aumentou em 54% o número de assassinato de mulheres negras e oculta a violência obstétrica, que é institucional no estado brasileiro. Infelizmente ter uma mulher no poder não melhorou em nada a vida da maioria das mulheres o Brasil, que são em sua maioria negras.

Presente à marcha, a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) comentou os tiros em uma rede social: "Três tiros, entre várias outras violências, aconteceram agora no gramado do Congresso. Até quando os fascistas impedirão nossa atuação? O Congresso Nacional está sitiado. Golpistas q se instalaram aqui em definitivo impediram a Marcha de Mulheres Negras de se aproximar daqui. Um Congresso pode ser livre se está cercado por esse grupo armado? A própria policia legislativa está em risco, imagine o povo q luta" (sic), escreveu.

A dois dias das marchas que sairão às ruas, no dia 20 de Novembro, para trazer novamente o debate sobre o racismo, fica a pergunta: qual será a postura do movimento negro frente a continuidade da violência contra os negros e os constantes "negócios" políticos do governo do PT com setores da direita como Cunha e outros. Qual será a postura diante entrega dos diretos dos negros e da classe trabalhadora pelo governo do PT? O movimento negro deve ser um braço armado de indignação das lutas em curso, sejam dos trabalhadores em greve ou da juventude que em são Paulo ocupa quase 50 escolas, contra a gestão de Geraldo Alckmin, se colocando ativamente na luta contra as leis reacionárias que estão sendo aprovadas no congresso e também contra o arrocho salarial e as demissões que descarrega a crise econômica nas costas dos trabalhadores e em especial da parcela negra desses trabalhadores, que estão hoje nos postos mais precários e pior remunerados, sendo os primeiros a sofrer com os cortes.

Apenas unificando os movimentos de mulheres, negrxs, LGBT, juventude e de trabalhadores é que seremos capazes de derrubar o ajuste e reverter a balança para o lado dos oprimidos, mas para isso esse movimentos não podem se deixar enganar pelo discurso da direita golpista e nem se unir no bloco de defesa do Governo, como a atual Frente do Povo sem Medo, mas sim construir na luta um terceiro campo, onde possam atuar de maneira independente destes setores, apoiando as lutas para construir um exemplo na luta de classes. Esse é o desafio que está lançado ao movimento negro neste 20 de Novembro.

Imagem 1: Policial civil Marcelo Penha é detido por atirar durante manifestação em Brasília. (Foto: André Coelho/Agência O Globo)
Imagem Capa: Manifestante a favor do impeachment ameaça mulher que participava de protesto em Brasília. (M. CASAL JR./ AG. BRASIL)

 
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