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DESEMPREGO
Com 17% de desemprego, mulheres são as que mais pagam pela crise
Mateus Castor
Cientista Social (USP), professor e estudante de História

Na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Covid19) divulgada pelo IBGE, a taxa de 17% de desemprego entre mulheres mostra que, na crise econômica e sanitária que o país passa, as trabalhadoras pagam mais caro.

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Na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Covid19) divulgada pelo IBGE, a taxa de desemprego entre mulheres mostra que na crise econômica e sanitária que o país passa são as trabalhadoras que mais enfrentam dificuldades.

De acordo com os dados coletados em setembro, se comparada a média geral entre a população, de 14% de desemprego, a taxa entre mulheres chega a 17%. Se comparado ao desemprego que atinge os homens, de 11,8%, há uma diferença de 5,2%.

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Quando a pesquisa Pnad Covid19 foi realizada em maio, os percentuais eram de 12,2% para mulheres e 9,6% para homens. Portanto, desde o início do levantamento, mulheres trabalhadoras sem emprego cresceram 4,7 pontos percentuais, enquanto que entre homens foi de 2,2.

Seguindo a análise dos dados da pesquisa, as mulheres trabalhadoras perderam cerca de 1,7 milhões de empregos de maio até setembro, enquanto que entre os homens cresceu 300 mil.

Especialistas afirmam que o aumento do desemprego em geral se deve ao corte de Bolsonaro sobre o auxílio emergencial, fato que fez com que a população que sobrevivia com esta renda voltasse a procurar emprego, deixando de ser desalentadas e entrando na categoria de desempregadas.

Contudo, esta divisão entre desempregados e desalentados é um recurso utilizado pelo Estado capitalista para maquiar a negação ao direito ao trabalho de todos, em especial de seus setores mais explorados e oprimidos como as trabalhadoras.

Entre as mulheres, que durante a pandemia tiveram de voltar-se integralmente ao trabalho doméstico e foram massivamente demitidas pelos patrões, favorecidos pelos ataques executados por Bolsonaro e Guedes às leis trabalhas, esta mudança de situação de desalento (desempregada que não procura emprega) para desemprego (desempregada que procura emprego) colabora com os altos índices de desemprego entre as mulheres (17%). Diante do corte no auxílio emergencial e da crescente retomada da atividade da economia para dar lucro aos patrões, mesmo em meio a uma pandemia cuja negação bolsonarista já tirou mais de 150 mil vidas, as mulheres voltam ao mercado de trabalho.

Mas há também o fato de que o desemprego entre as mulheres sempre foi maior do que entre os homens, e isso se deve a organização social do trabalho baseada na exploração do trabalho feminino doméstico não remunerado, além da informalidade que historicamente sempre atingiu mais as mulheres até o fenômeno da uberização atingir os homens.

No capitalismo, o desemprego maior entre as mulheres é uma característica estrutural, assim como a desvalorização de seu trabalho, com salários menores. Esta desigualdade econômica se reflete na desigualdade de direitos e, durante esta pandemia, Bolsonaro também busca avançar ainda mais no controle dos corpos das mulheres, buscando acabar com o aborto mesmo nos casos legais.

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A crise capitalista é jogada nas costas daqueles que trabalham e produzem toda a riqueza do país, enquanto que as fortunas de bilionários aumentaram 34% durante a pandemia e os bancos receberam auxílios trilhonários de Paulo Guedes e Bolsonaro, as mulheres trabalhadoras são uma das mais atingidas. É necessário lutar não só pela igualdade salarial entre homens e mulheres e o pleno emprego de todos, seja qual for seu gênero, como também pelo direito ao próprio corpo, pelo aborto legal, seguro e gratuito.

 
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