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TRAGÉDIA MARIANA
Desastre em Mariana e suas consequências ambientais
Rafaella Lafraia
São Paulo

A tragédia é considerada como o maior desastre ambiental do país, pois, além da morte do Rio Doce, o mais importante do estado de MG, declarada por especialistas na última semana, a lama de rejeitos de minério percorre o caminho até o mar e penetra no solo e no lençol freático, inviabilizando o plantio e o uso da água de poços.

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Na tarde do dia 05 de Novembro ocorreu o rompimento de duas barragens feitas em Bento Rodrigues, distrito de Mariana (MG), pela mineradora Samarco, uma joint-venture da companhia Vale do Rio Doce e da anglo-australiana BHP. A tragédia evidencia a sede de lucro, a qualquer custo, dos grandes empresários e o descaso governamental com as questões sociais e ambientais.

A tragédia é considerada como o maior desastre ambiental do país, pois, além da morte do Rio Doce, o mais importante do estado de MG, declarada por especialistas na última semana, a lama de rejeitos de minério percorre o caminho até o mar e penetra no solo e no lençol freático, inviabilizando o plantio e o uso da água de poços.

A morte do Rio Doce foi confirmada por análises de amostra, nas quais encontraram-se partículas de metais pesados como: chumbo, alumínio, ferro, bário, cobre, boro e mercúrio, apesar da companhia ter afirmado que a composição da lama ser predominantemente de sílica. Segundo declaração de Luciano Magalhães, diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Baixo Guando, órgão responsável pela análise do rio, a água não deve ser utilizada nem para irrigação muito menos para consumo animal e humano. A afirmação do médico patologista Paulo Saldiva alerta ainda o avanço da lama por várias cidades agrava os riscos de saúde para estas populações.

A lamatambém é causadora de problemas ambientais, pois além da força que devastou a biodiversidade da região por soterramento, a quantidade de lama (mais ou menos o suficiente para encher 20 mil piscinas olímpicas) bloqueia o curso natural do rio fazendo com que este seque o quanto antes e esta lama ao secar transforma-se em espécie de cimento que impossibilita a penetração de água no solo.

A chuva também é um fator complicador da situação, pois, ao mesmo tempo em que irá diluir a lama, evitando a formação da camada impermeabilizante do leito do rio, fará com que esta lama contaminada se espalhe mais rapidamente aumentando a área de contaminação do solo além de levar tais contaminantes ao lençol freático.

A tragédia toma uma maior proporção quando se verifica que a água e lama contaminadas passaram por três unidades de conservação antes de chegar ao Oceano Atlântico, o que, segundo o biólogo André Ruschi afetará o fluxo de nutrientes da cadeia alimentar da quinta maior bacia hidrográfica brasileira que comprometerá a vida marinha por, no mínimo, 100 anos. Esse dado é de relevância pois a área de descarga desta lama contaminada, que permanecerá sendo descarregada durante anos, é um criadouro marinho.

Essa tragédia revela, mais uma vez, o descaso do governo federal, estadual e das grandes empresas com as questões sociais e ambientais, pois o processo de fiscalização para tais obras teve corte de verbas federais e a vista grossa com relação ao coeficiente de segurança das paredes de sustentação da estrutura da barragem é relatado pelo próprio diretor de Projetos e Ecoeficiência da empresa, Maury Souza Júnior. Além disso, os deputados que irão apurar o ocorrido receberam doações da Vale do Rio Doce para suas candidaturas.

Por dentro do sistema capitalista não conseguiremos manter, prever ou mesmo resolver problemas ambientais e sociais causados por impactos, isso porque situações como esta revelam que a exploração dos recursos em prol do lucro instantâneo esta acima de qualquer forma de manejo sustentável dos recursos naturais e da vida da população e de suas gerações. A tragédia não será apurada, seus verdadeiros culpados não serão punidos e os problemas resultantes não serão sanados se, como dissemos aqui no Esquerda Diário, não houver uma apuração independente, organizada pelo sindicato e organizações de base dos trabalhadores e moradores, de forma independente, com punição para os responsáveis e com atendimento a população, familiares e remediação das regiões afetadas.

 
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