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ELEIÇÕES NO GRANDE ABC
PSDB, PT e PCdoB coligados com o bolsonarismo no ABC: qual a saída para os trabalhadores?
Redação

O cenário político dessas eleições municipais é composto pelo governo de extrema direita de Bolsonaro e por um país profundamente impactado pela pandemia do coronavírus. No Grande ABC as coligações revelam o compromisso da direita tradicional com o governo federal e suas políticas contra os trabalhadores. Em alianças igualmente oportunistas com o bolsonarismo está também o PT e o PCdoB, que buscam gerir o regime degradado pelo golpe institucional. Nesse vale-tudo eleitoral o PSOL não se coloca como uma alternativa independente, se coligando com a Rede Sustentabilidade em Santo André, partido golpista que foi parte do governo do PSDB na cidade e que nestas eleições está com os tucanos e bolsonaristas na região.

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Pacto da extrema direita, direita tradicional e judiciário contra os trabalhadores

No último domingo, 27, foi dada a largada da propaganda eleitoral e as campanhas ganharam um impulso até o dia 15 de novembro, data das votações do primeiro turno. O tom desse pleito municipal é de eleições que estão umbilicalmente ligadas à política nacional em curso, marcada pelo governo de Bolsonaro e por um pacto para atacar os trabalhadores, sustentado por todos os setores do regime político degradado pelo golpe institucional.

Nessa conjuntura eleitoral os trabalhadores estão sofrendo com o desemprego recorde e um aumento significativo dos trabalhos informais. E é em meio a essa realidade que Bolsonaro atua, no contexto de unificação de distintos setores da burguesia, para impor ataques profundos às condições de vida, aos salários e aos direitos elementares dos trabalhadores, enquanto faz demagogia com o auxílio emergencial e vê sua popularidade em alta, mesmo se abstendo da crise sanitária que supera o absurdo marco dos 143 mil mortos pela Covid-19.

Essa conjuntura também é marcada pelo profundo autoritarismo de diferentes atores do regime político pós-golpe, como o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior do Trabalho, que atuaram contra a forte greve nacional dos trabalhadores dos Correios e de acordo com a ofensiva do governo, que visa privatizar a empresa em favor dos interesses do imperialismo estadunidense.

A direita tradicional no Grande ABC está aliada ao bolsonarismo

Além dos ataques econômicos e da ofensiva de setores da extrema direita contra direitos democráticos, como o direito ao aborto já previsto em lei, chama atenção que nas grandes capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Florianópolis, entre outras, a extrema direita e direita tradicional lideram as pesquisas de intenções de votos. No Grande ABC esses atores se aproveitam do cenário à direita e buscam a reeleição.

Na região o PSDB governa e busca sua reeleição nas três principais cidades, que possuem os maiores colégios eleitorais: São Bernardo do Campo, com Orlando Morando, Santo André, com Paulo Serra e São Caetano do Sul, com José Auricchio. Nestas disputas este partido está aliado a partidos abertamente bolsonaristas, como a coligação com PSL em Santo André ou com Patriotas e PRTB em São Bernardo.

Não há novidade no fato de que a direita tradicional e golpista, além do PSDB, também o DEM e o MDB, não é uma verdadeira oposição a Bolsonaro. E esse é também o caso dos partidos que se colocam como progressistas, como a Rede Sustentabilidade, o PDT e PSB, mas que estão igualmente coligados com os com a direita e com os bolsonaristas em todas as sete cidades do Grande ABC. Destaca-se aí a coligação da Rede com PTB em Diadema, do PDT com PSL em Santo André e do PSB com o Republicanos de Russomanno em Rio Grande da Serra.

PT quer voltar a governar, mas desta vez o próprio regime degradado pelo golpe

Já nas últimas eleições municipais, no ano do golpe institucional e impeachment da Dilma, a influência do PT sofreu uma derrota histórica na região, onde o petismo nasceu das grandes greves metalúrgicas do final dos anos 70 e início dos 80. 2016 foi marcado pela ascensão do PSDB e outros partidos golpistas aos executivos e legislativos do ABC. Entretanto, a despeito do discurso de Lula e do PT de oposição à Bolsonaro, bem como do PCdoB, esses partidos também estão coligados com bolsonaristas no Grande ABC, num giro ainda mais à direita que as costumeiras alianças que tiveram lugar nos anos de governos petistas.

Em meio à urgência do combate à extrema direita, o PT e o PCdoB se adaptam completamente ao regime do golpe e vão no sentido oposto ao dos anseios da classe trabalhadora, das mulheres, negros e todos os setores que são os alvos dos ataques do governo de Bolsonaro. São exemplos dessas alianças reacionárias a coligação do PT com o Patriota em Diadema e do PCdoB com esse partido em Mauá; a participação do PCdoB na grande coligação liderada pelo tucano Kiko, que busca reeleição em Ribeirão Pires, junto ao PRTB e PSC; ou a disputa judicial do PT em São Bernardo para sair com PTB, a despeito da orientação nacional do bolsonarista Roberto Jefferson.

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Assim como fez ao governar, o petismo busca alianças com deus e o diabo para se mostrar viável ao projeto de país onde os lucros e os interesses do imperialismo vem em primeiro lugar. A grande novidade é que essa busca não ocorre mais nos já longínquos tempos de crescimento econômico e quando figuras como Bolsonaro bradavam às escondidas sua ideologia proto fascista, inclusive à essa época como membro da base aliada petista, pelo PP.

Hoje há o agravante de que essa política do PT é servil ao mesmo golpismo que prendeu arbitrariamente Lula para impedir o direito elementar do voto a milhões de brasileiros, bem como, pela via do autoritarismo judiciário, manipulou as eleições e permitiu que um figurão sem crédito como Bolsonaro fosse eleito e chegasse aos dias de hoje com uma agenda de ataques acordada com o Congresso e STF contra a classe trabalhadora, contando inclusive com uma verdadeira trégua das gigantes centrais sindicais petistas.

O PSOL não se coloca como alternativa independente e à esquerda do PT

E nessa toada de importantes transformações que reconfiguram autoritariamente o regime brasileiro de 1988, o giro à direita do PT e do PCdoB não é respondido por uma política à esquerda que seja pautada na independência política da classe trabalhadora. Esse papel não cumprido recai principalmente no PSOL, que em Santo André, um dos centros políticos da região, decidiu se coligar com a Rede, que foi parte do governo de Paulo Serra e no estado aprovou a reforma da previdência de Doria contra os professores e servidores, debaixo de bala de borracha e bombas da polícia tucana.

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A professora Maíra Machado do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT), estava como pré-candidata a vereadora em Santo André, por filiação democrática no PSOL, mas retirou sua candidatura após a confirmação dessa coligação com a Rede. Maíra declarou:

“Este triste caminho que o PSOL insiste em seguir é uma repetição da história do PT, que hoje chega ao absurdo de apoiar um candidato bolsonarista no Rio de Janeiro. Foi a tentativa de acordos com a direita para conquistar cargos e manter a governabilidade que abriu espaço para o golpe institucional e para Bolsonaro. Essa aliança com a direita aqui em Santo André expressa a busca por atuar por dentro desse regime podre do golpe institucional. Minha luta é contra o governo Bolsonaro, mas também contra todo esse sistema que está unificado para descarregar a crise em nossas costas. Precisamos seguir firmes e batalhar para construir uma alternativa política dos trabalhadores, que seja independente. Por isso, anuncio a retirada da minha candidatura e agradeço a todos os apoios que venho recebendo por esta decisão.”

Uma saída política independente passa pelo combate a esse regime político herdeiro do golpe institucional e a batalha por um novo processo constituinte, que seja livre e soberano, imposto pela luta da classe trabalhadora e que permita a mais ampla e democrática discussão de todos os problemas do país, colocando em primeiro plano as demandas da massa da população trabalhadora e pobre, como a revogação de todas as reformas aprovadas desde o governo Temer, a reversão das privatizações, o questionamento ao reacionário judiciário e o fim do pagamento da fraudulenta e ilegítima dívida pública.

Com a perspectiva de combater esse regime político reacionário, o MRT e o Esquerda Diário está colocando todas as energias e convida o conjunto dos trabalhadores, mulheres, negros e LGBT’s a se somarem à essa tarefa. Também atuam nesse sentido as candidaturas revolucionárias que o MRT está impulsionando, por filiação democrática nas cidades onde o PSOL não está levando adiante coligações com partidos golpistas ou de conciliação de classes, como o PT e PCdoB, como a candidatura coletiva paulistana da Bancada Revolucionária, formada pela Diana Assunção, pelo Marcello Pablito e pela Letícia Parks.

 
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